²Ñ´Ç²Ô²µ¨®±ô¾±²¹: a Igreja nascente ¨¤ espera do Papa Francisco
por Gianni Valente
Por que o Papa vai à Mongólia? A poucos dias da partida do Papa Francisco para Ulaanbaatar, muitos perguntam-se o que leva o Pontífice de 86 anos a uma longa viagem para visitar uma nação onde vivem menos de dois mil católicos.
Começam a circular análises que fazem referência à importância estratégica da viagem papal ao país situado entre a Rússia e a China, com pontos muitas vezes interessantes, e que se tornam ainda mais interessante se se reconhece e não se elimina a dinâmica apostólica que caracteriza propriamente cada viagem papal.
A sétima e última vídeo-reportagem produzida para a Agência Fides por Teresa Tseng Kuang yi em vista da viagem do Papa Francisco à Mongólia (31 de agosto a 4 de setembro), narra a expectativa do Pontífice no grande país da Ásia Central e na sua pequena igreja. E por meio de imagens, histórias e testemunhos recolhidos na Mongólia, permite vislumbrar os motivos da viagem seguindos pistas pouco percorridas.
O Sucessor de Pedro viaja pelo mundo ¨C como aconteceu também ao primeiro Bispo de Roma ¨C para ¡°confirmar os seus irmãos na f顱. No encontro com os irmãos e irmãs, também ele é confirmado por sua vez na fé dos Apóstolos, como testemunham suas viagens. É possível ler isso já nas Cartas de São Pedro e São Paulo. ¡°A visita do Papa à Mongólia¡±, repete o padre Pietron Tserenkhand Sanjaajav, sacerdote mongol na vídeo-reportagem ¡°é um dom que Deus oferece para fazer crescer na fé os fiéis¡±.
A fé dos Apóstolos é aquela que descreve com palavras específicas no vídeo o cardeal Giorgio Marengo, prefeito de Ulanbaatar, numa passagem em que menciona as características distintivas da pequena Igreja Católica da Mongólia. O prefeito apostólico de Ulaanbaatar fala de uma fé ¡°que não tem grandes forças ou sinais externos com os quais contar, mas que se apoia na presença viva do Senhor ressuscitado, no diálogo e no cuidado dos pequenos¡±.
Uma fé também ligada à experiência ¡°de ser católicos numa condição de minoria, por vezes marginalizada¡±. A pequena comunidade eclesial da Mongólia ¨C continua o cardeal Marengo ¨C possa talvez oferecer também ao resto da Igreja o dom ¡°do frescor de uma fé que se interroga, se deixa interrogar pela realidade¡±. Dom gratuito que o cardeal Marengo relaciona à dimensão da ¡°periferia¡± sempre referida pelo Papa Francisco, experimentável também por quem vive em contextos em que ¡°se confronta com uma maioria que tem outros pontos de referência¡±.
Palavras e imagens da reportagem em vídeo sugerem que a visita do Papa Francisco à Mongólia deve ser vista e compreendida como um sinal dos tempos. A pequena Igreja da Mongólia, com o seu traço ¡°periférico¡±, ¡°tem algo a dizer ao resto da Igreja universal¡± (Marengo).
O Sucessor de Pedro vai à Mongólia sobretudo para abraçar e ser abraçado por aquela pequena Igreja, e talvez para indicar e lembrar a todos que a Igreja é sempre e em toda parte uma Igreja nascente. Mendicante, em cada passo, do dom eficaz da graça, isto é, daquilo que realiza ¡°a presença viva do Senhor¡±.
A Igreja pode tornar a reconhecer-se Igreja nascente também nos países onde poderosas estruturas eclesiais podem abrir a porta à tentação de perseguir uma relevância auto-suficiente. Mesmo nas cidades onde existem estupendas catedrais milenares, quem hoje pouco frequentadas, de forma que também nesses locais essas catedrais não se tornem grandiosas relíquias do passado.
Reconhecer-se como Igreja nascente, mendicante da presença viva de Cristo, não esquece nada do passado. É abraçada com memória agradecida todo o mistério da Igreja no seu caminho ao longo da história. Na reportagem em vídeo, o prefeito apostólico de Ulaanbaatar reconecta a próxima visita do Papa Francisco à surpreendente história de contatos entre a Mongólia e a Igreja de Roma, iniciados há quase 800 anos, quando em 1246 o Papa Inocêncio IV enviou o franciscano Giovanni di Pian del Carpine com uma carta a ser entregue ao imperador mongol que naquela época também dominava a China.
O cardeal Marengo também acena para a presteza com que as atuais autoridades civis mongóis, em julho de 2022, enviaram uma delegação oficial a Roma para entregar ao Papa Francisco o convite para visitar o seu país. Assim, a novidade de uma Igreja nascente se entrelaça com a história que a precede. O novo rebento mostra que todo o tronco milenar que o sustenta está vivo. E o Sucessor de Pedro desempenha o ministério ao qual foi chamado por Cristo, ao serviço de uma unidade que une passado e presente, e hoje reúne povos diferentes e distantes.
O Bispo de Roma, indo à Mongólia, indica a todos que a verdadeira fonte da unidade entre os cristãos é precisamente a fé que conta apenas «com a presença viva do Senhor». E a sua visita aos irmãos e irmãs da Mongólia torna-se sinal e reflexo do amor de Cristo por todos, segundo o mistério da sua predileção, que prefere os pequenos e os pobres. Graças à visita do Papa de 86 anos ¨C observa Dom Marengo ¨C a Mongólia, que para muitos parece distante, torna-se próxima, próxima de cada coração cristão. Porque «o Sucessor de São Pedro que se interessa por este pequeno rebanho diz-nos o quanto todos são queridos por Nosso Senhor, mesmo as pessoas que vivem, geograficamente, em áreas talvez menos conhecidas no mundo».
Assim, o prefeito de Ulaanbaatar e todos os católicos da Prefeitura Apostólica podem confiar a visita papal à oração para que a viagem traga "este dom de graça, de amizade entre os mais diversos povos, e também de testemunho, solidariedade e esperança para este povo da Mongólia". Uma expectativa e uma súplica que se expressam também na pergunta feita pelo missionário salesiano Leung Kon-Chiu no início da vídeo-reportagem: ¡°quem sabe que tipo de árvore crescerá desta sementinha¡±.
*Agência Fides
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