Giacomo Costa: Assembleia Sinodal, "experi¨ºncia para descobrir o que o Esp¨ªrito est¨¢ a dizer"
Padre Modino ¨C CELAM
De fato, estamos perante um Instrumento de Trabalho diferente, que ele define como uma ajuda prática para trabalhar em conjunto com base em tudo o que foi feito nas assembleias continentais.
O Povo de Deus como ponto de partida e de chegada
O Sínodo dos Bispos tem evoluído nos últimos anos e a Episcopalis Conmunio, que pela primeira vez será aplicada na íntegra num sínodo, segundo o padre Costa, desempenha um papel importante nesta dinâmica. No número 7 deste documento fica claro que "o processo sinodal tem o seu ponto de partida e também o seu ponto de chegada no Povo de Deus, sobre o qual devem ser derramados os dons da graça infundidos pelo Espírito Santo através da assembleia dos Pastores".
Neste processo sinodal, algumas questões foram levantadas: como é que este "caminhar juntos" que permite à Igreja anunciar o Evangelho, de acordo com a missão que lhe foi confiada, está a ser realizado hoje a vários níveis (do local ao universal)? Que passos é que o Espírito nos convida a dar para crescermos como Igreja sinodal?
Estamos perante um processo, sublinhou o jesuíta, em que "o trabalho se baseia nos temas que emergiram da escuta do Povo de Deus, apresentados no Instrumentum Laboris e recolhidos em documentos anteriores". Por isso, insiste que o trabalho da Assembleia pretende ser um caminho de oração, de discernimento espiritual, porque o verdadeiro protagonista é o Espírito Santo.
De 30 de setembro a 29 de outubro
Um processo que começa a 30 de setembro com a Vigília Ecuménica de Oração, um retiro de três dias e a missa de abertura a 4 de outubro. Durante os trabalhos da assembleia, que serão acompanhados por momentos de oração e celebrações litúrgicas, o ponto de partida será uma experiência integral que ajudará, ao longo de quatro dias, a ter uma visão global do que é uma Igreja sinodal, o que constitui o primeiro segmento.
Durante 13 dias, de 9 a 21 de outubro, serão trabalhados os três temas prioritários para a Igreja sinodal: comunhão, missão, participação, designados segmentos 2, 3 e 4. Finalmente, o segmento 5, que será o momento das conclusões e propostas, de 23 a 28 de outubro, com a missa de encerramento a 29 de outubro.
Características e comportamentos fundamentais de uma Igreja sinodal
O objetivo é aprofundar as características e os comportamentos fundamentais de uma Igreja sinodal, a partir da experiência do caminho em conjunto vivida pelo Povo de Deus. O objetivo é identificar passos práticos significativos a dar para crescer como Igreja sinodal através do discernimento sobre os três temas prioritários que emergiram da consulta ao Povo de Deus. Trata-se de perguntar como ser mais plenamente sinal e instrumento de união com Deus e com os outros, como partilhar dons e tarefas ao serviço do Evangelho, e como procurar as estruturas e instituições necessárias numa Igreja sinodal missionária.
Ao apresentar a dinâmica de cada segmento, o padre Costa disse que cada segmento seguirá o mesmo padrão, ajudando a construir consenso sem esconder as diferenças. Para tal, haverá uma introdução em que se contextualiza a realidade através de testemunhos e contributos bíblicos, um trabalho em grupos linguísticos, utilizando o método da conversa no Espírito, sessões plenárias, onde se fará a síntese do trabalho realizado nos grupos, com um debate aberto e uma recapitulação nos grupos, com base nos frutos recolhidos em plenário que ajudarão a formular um relatório final com propostas para os próximos passos.
Articulação de perspectivas, dimensões e níveis
Este trabalho será efetuado com base em fichas de trabalho, começando por uma breve contextualização, enquadrada pelas reflexões decorrentes da consulta ao Povo de Deus. Para o efeito, serão propostas algumas intuições e questões que articulam várias perspectivas, dimensões e níveis. Trata-se, nas palavras do padre Costa, de "amassar a experiência e a Palavra de Deus para descobrir o que o Espírito está a dizer".
Quanto às conclusões e propostas, ficou claro que o resultado não será um documento final, porque esta é a primeira sessão. Um novo documento surgirá para devolver o que foi trabalhado a toda a Igreja e para ver como aprofundar o que saiu da assembleia. Seguindo o que foi dito na Episcopalis conmunio, que afirma que "o consensus Ecclesiae não é dado pela contagem dos votos, mas é o resultado da ação do Espírito, a alma da única Igreja de Cristo". Por isso, ele insistiu que "ou ganhamos todos ou não ganha ninguém", afirmando que é inútil formular de qualquer maneira se não refletir o consenso.
Uma experiência continental única de Igreja sinodal
Aos participantes na Assembleia Sinodal em representação das Igrejas da América Latina e do Caribe, o secretário especial salientou a sua grande responsabilidade, "porque aqui têm uma experiência continental única de Igreja sinodal". Daí a importância destes dias de encontro, que ajudam a tomar consciência dos dons da Igreja na América Latina e no Caribe, a reconhecer os dons das outras Igrejas e a aprender a caminhar juntos. O objetivo é ajudar toda a Igreja a crescer como Igreja sinodal missionária.
Uma Assembleia sinodal em que a conversação no Espírito desempenha um papel fundamental, que Mauricio López vê como a práxis do discernimento. Nesta metodologia, ele vê a necessidade de uma atitude orante, que ajuda na busca progressiva do que o Espírito nos está a dizer. Reconhecendo que não é um método perfeito, insiste que o passo mais importante é passar do "eu" para o "tu", para descobrir no que os outros partilharam a presença do Espírito. Algo que dá lugar à procura do "nós", do sentimento comum de cada grupo, da presença do Senhor em cada um dos grupos. Algo que será realizado durante estes dias como preparação para o que será vivido em outubro.
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