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O arcebispo de Manaus participou do evento em modalidade virtual O arcebispo de Manaus participou do evento em modalidade virtual 

Cardeal Steiner: a Igreja na Amaz?nia evangeliza a si mesma

Dom Leonardo Steiner participou do 35? Congresso Internacional da Sociedade de Teologia e Ci¨ºncias da Religi?o que termina nesta sexta (14) na PUC de Minas Gerais. Em modalidade virtual, o cardeal afirmou que ¡°a Igreja que se encarna na Amaz?nia est¨¢ sendo gerada na for?a laical, ministerial, da mulher, de ind¨ªgenas, de mission¨¢rios e mission¨¢rias; com uma hermen¨ºutica da totalidade, com um rosto samaritano, mission¨¢rio¡±.

Pe. Luis Miguel Modino - Celam

O 35º Congresso Internacional da Sociedade de Teologia e Ciências da Religião ¨C SOTER está sendo realizado na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais de 11 a 14 de julho com o tema ¡°A Amazônia e o Futuro da humanidade: povos originários, cuidado integral e questões ecossociais¡±. A programação contou com a reflexão do cardeal Leonardo Ulrich Steiner, arcebispo de Manaus com o tema: ¡°Amazônia: evangeliza-te a ti mesmo¡±.

Uma reflexão que não pode ignorar o território e o bioma, mas também a atitude que está ou deve estar presente na Igreja da Amazônia: ¡°a Igreja está na Amazônia, não como aqueles que têm as malas na mão para partir depois de terem explorado tudo o que puderam. Desde o início que a Igreja está presente na Amazônia com missionários, congregações religiosas, sacerdotes, leigos e bispos, e lá continua presente e determinante no futuro daquela área. Penso no acolhimento que a Igreja na Amazônia oferece hoje aos imigrantes haitianos depois do terrível terremoto que devastou o seu país¡±. O cardeal recordou as palavras do Papa Francisco aos bispos brasileiros durante a Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro (2013), uma oportunidade em que o Pontífice fez um chamado para buscar o ¡°rosto amazônico" da Igreja que está na Amazônia, com sacerdotes adaptados à realidade, corajosos, com parresia. Uma Igreja missionária que assume a missão que Jesus confiou, destacou o cardeal, ¡°uma Igreja que evangeliza e uma Igreja que se deixa evangelizar¡±. E, para isso, ele propôs no congresso alguns documentos para se ser ¡°uma Igreja aberta, responsável, servidora, samaritana e que escuta; uma Igreja atenta a toda a realidade onde se encontra¡±.

Dom Leonardo analisou o conceito de evangelização, destacando a importância da Exortação Pós-Sinodal Evangelii Nuntiandi, de Paulo VI, que apresenta a evangelização como ¡°levar a Boa Nova a todas as parcelas da humanidade¡±, e perguntou ¡°quem é que tem a missão de evangelizar?¡±, ao responder que é o Povo de Deus, dado que ¡°existe uma ligação íntima entre a Igreja, a comunidade, e a evangelização¡±. O cardeal mostrou uma dupla orientação na Igreja que é enviada a evangelizar: ¡°evangelizar não é um ato individual e isolado, mas profundamente eclesial¡± e, junto com isso, ¡°se cada um evangeliza em nome da Igreja, nenhum evangelizador é senhor da sua ação evangelizadora¡±. Uma evangelização que ele intuiu, ¡°tem a dinâmica de sair e receber¡±.

A Igreja da Amazônia tem um papel fundamental, segundo o arcebispo de Manaus, no Encontro de Santarém, como momento decisivo no caminho para uma Igreja que evangeliza a si mesma. Uma oportunidade para a Igreja da Amazônia fazer um caminho próprio após o Concílio Ecumênico Vaticano II e a Conferência de Medellin. Em 1972, os bispos da Amazônia brasileira se encontraram para refletir e discutir, o que foi recolhido no ¡°Documento de Santarém¡± que, segundo o cardeal, ¡°deu impulso e vida à ação evangelizadora na Amazônia¡±, insistindo que ¡°Santarém firmou uma Igreja encarnada e libertadora!¡±.

Firmou-se um caminho que ¡°proporcionou frutos de encarnação e de profecia na evangelização junto aos povos da Amazônia¡±, destacando ¡°a audácia profética recolhida no Documento de Santarém¡±, inspirando a Igreja da Amazônia ¡°no seu modo de ser e de agir¡±, com ¡°Comunidades de Base onde as leigas e os leigos foram assumindo um protagonismo¡±. Reflexões que ele considera as sementes do Sínodo para a Amazônia, e que deu passo a sucessivos encontros onde ¡°foi nascendo o desejo do encontro entre as Igrejas da Pan-amazônia¡±, um processo que levou ao Sínodo para a Amazônia, onde ¡°percebe-se o desejo da Igreja que está na Amazônia em assumir a missão de evangelizar a partir do chão em que ela se encontra¡±.

Após 50 anos de Santarém, a Igreja da Amazônia se reuniu no mesmo local, assumindo as orientações da Querida Amazonia, mas também uma Igreja que evangeliza desde a encarnação na realidade e libertação da realidade; uma Igreja que para evangelizar a si mesma ¡°tem a grandeza da inculturação e da interculturalidade¡±, insistiu o cardeal Steiner, uma Igreja que ¡°tem a marca da evangelização integral e libertadora¡±, que é servidora.

Dom Leonardo analisou a Querida Amazonia desde a hermenêutica da totalidade, insistindo desde o conceito de rosto amazônico em ¡°traços que pudessem visibilizar a Igreja que está na Amazônia¡±, buscando não impor e sim despertar para a fé, para a vida do Evangelho. Uma Igreja que tem a encarnação da ¡°expressão das culturas, religiosidades, a relação com o meio ambiente e eliminação das exclusões¡±. O arcebispo vê na ¡°hermenêutica da totalidade a possibilidade de uma Igreja evangelizar¡±, definindo os quatro sonhos da exortação pós-sinodal como ¡°quatro dimensões da realidade amazônica, essenciais para uma Igreja frutuosa, misericordiosa, consoladora, inculturada, transformadora, libertadora, ilumina o todo da Amazônia ou a Amazônia na sua totalidade. Os sonhos apresentados ajudam a perceber a vida e o ser da Igreja que está na Amazônia¡±.

O cardeal propôs ainda alguns sinais para responder ao tema da conferência: ¡°Amazônia: evangeliza-te a ti mesmo¡±. O primeiro, uma Igreja discipular missionária e sinodal, com a missionariedade como fundamento; uma Igreja servidora, profética e defensora da vida; uma Igreja do cuidado da criação, sempre atenta ao clamor da obra criada, o cuidado com a Casa Comum; uma Igreja sinodal, com a participação dos batizados, das expressões de Igreja; uma Igreja da escuta, do diálogo, de uma realidade que na Amazônia é multirreligiosa, multicultural e multiétnica; uma Igreja dos mártires, expressão da fidelidade à missão recebida e à verdade do Evangelho vivida com radicalidade.

O cardeal chamou a estar juntos no caminho, considerando a Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), como elemento para a Igreja da região avançar nesse "Evangeliza-se a si mesma". Dom Leonardo insistiu na necessidade de desenvolver ¡°Linhas de Pastoral de Conjunto com rosto amazônico, tendo como horizonte a encarnação e libertação, a comunhão e a participação¡±. Ele insiste na necessidade de muita escuta no caminho para uma Igreja com rosto amazônico, vendo a busca do rito amazônico, como elemento que ¡°deverá ajudar na visibilização do modo de ser amazônico¡±, chamando a ir além de um rito litúrgico, buscando ¡°visibilizar as manifestações culturais diferentes¡±.

Finalmente, o cardeal Steiner ressaltou que ¡°a Igreja que se encarna na Amazônia está sendo gerada na multiformidade, da riqueza de dons e na diversidade cultural¡±. Uma Igreja que se evangeliza a si mesma, ¡°na força laical, ministerial, da mulher, de indígenas, de missionários e missionárias; com uma hermenêutica da totalidade, com um rosto samaritano, missionário¡±, destacando que ¡°é o futuro da Amazônia e da humanidade, na busca de proximidade com os povos originários, no cuidado integral e ecossocial¡±.

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13 julho 2023, 10:19