Da Alemanha ao Vaticano: de bicicleta, vÃtimas de abuso se preparam para encontrar o Papa
Andressa Collet - Pope
Uma viagem percorrida em 10 etapas de bicicleta e uma de trem por um grupo formado por 15 vítimas de abuso na Igreja, seguido por acompanhantes solidários. Nesta terça-feira (9), o roteiro prevê pedalar por 90 Km entre Bolzano e Rovereto, na Itália, mas o desafio começou ainda no sábado, 6 de maio, quando o grupo partiu de Munique, capital da Bavária, na Alemanha, para a iniciativa intitulada: "Estamos a caminho! Igreja, se junte a nós?".
Durante o trajeto, o objetivo é parar nas paróquias e encontrar membros da comunidade católica local para refletir sobre o contexto vivido pelas vítimas, confrontando o passado e direcionando conceitos de prevenção a abusos. Nesta segunda-feira (8), por exemplo, o grupo chegou à cidade de Bolzano e foi recebido pelo bispo Ivo Muser e pelo cardeal Reinhard Marx, arcebispo de Munique.
Uma peregrinação corajosa e radical
Nesse encontro, os participantes explicaram o objetivo da peregrinação, organizada pelo Conselho Consultivo para Vítimas de Abuso da Arquidiocese de Munique-Freising: "queremos abordar o problema do abuso sexual em âmbito eclesial, transmitindo uma nova consciência no combate a esse flagelo e iniciando um caminho de mudança na forma como nos relacionamos com as pessoas afetadas. Queremos acreditar nas palavras do Papa Francisco sobre como a Igreja deveria lidar com os abusos", enfatizaram eles, entre outras coisas. Durante a viagem de 11 dias também haverá espaço para discussões temáticas e impulsos espirituais, com o objetivo de facilitar o acompanhamento adequado das vítimas de abuso sexual e de encorajá-las a não se sentirem mais sozinhas.
Dirigindo-se aos participantes, o dom Muser enfatizou a importância de compartilhar a mensagem do grupo proveniente da Alemanha: "com essa peregrinação, vocês dão um exemplo corajoso e radical. O lema do grupo nos coloca uma questão urgente: como Igreja e como sociedade, somos chamados a nos unir àqueles que gritam pelo sofrimento que tiveram, para nos acordar e nos provocar. A estada de vocês aqui em Bolzano é um impulso para fortalecermos a nossa responsabilidade e o compromisso de colocar as vítimas de abuso no centro da nossa atenção e a fazer todo o possível para evitar todas as formas de violência contra menores e pessoas vulneráveis". O bispo disse de esperar de cada um "uma mudança definitiva de mentalidade: não olhar para o outro lado, mas ouvir as vítimas e suas experiências, expressar nossa solidariedade de forma concreta".
O cardeal Marx agradeceu os peregrinos "por uma iniciativa que motiva as pessoas a se encontrarem e que, de forma transversal, quer aumentar a conscientização na Igreja e na sociedade". "Como Igreja, nós falhamos", observou o arcebispo de Munique, "agora devemos seguir no caminho: um caminho cansativo, doloroso e nada fácil, mas que deve ser feito". O cardeal Marx reiterou a necessidade de um novo enfoque sobre as vítimas nas relações pessoais, a necessidade de vigilância, prevenção e elaboração. "Continuem nos incentivando", disse ele dirigindo-se aos peregrinos, "porque sem o compromisso de vocês, que não desistem, não teríamos chegado até aqui".
A audiência com o Papa em 16 de maio
Serão 11 dias de peregrinação, cerca de 700 Km percorridos e 500 horas em bicicleta. A partir desta quarta-feira (9), o grupo segue pelas cidades italianas de Verona, Pesaro, Assis e Torricella in Sabina para chegar em Roma na próxima terça-feira, 16 de maio, quando termina a parte esportiva da peregrinação. Na quarta-feira, 17 de maio, a previsão é encontrar o Papa Francisco ao final da Audiência Geral - como explica o destinado à iniciativa. A intenção final, então, é entregar uma mensagem ao Pontífice.
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