Diretório de Comunicação: processos, personagens e atualidades
Ricardo Alvarenga, doutor em Comunicação Social
O Diretório de Comunicação era um sonho antigo dos comunicadores da Igreja Católica no Brasil, inclusive o primeiro registro que se tem do pensamento embrionário acerca da criação deste documento é de 1979, quando Dom Eduardo Koaik, então bispo de Piracicaba e a Ir. Maria da Glória Bordeghini, na época assessora de comunicação da CNBB, propuseram a produção de um documento que pudesse orientar a comunicação da Igreja.
A construção do Diretório de Comunicação da Igreja no Brasil foi bastante complexa, dada à quantidade de tempo que o documento levou para ser construído e as muitas transições na equipe e na orientação de sua produção. Porém, um marco importante para o início dos trabalhos de produção do documento foi uma reunião da Equipe de Reflexão de Comunicação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), hoje Grupo de Reflexão sobre Comunicação (GRECOM) realizada no dia 24 de setembro de 2007.
Nesta reunião a Ir. Elide Maria Fogolari, então assessora do Setor de Comunicação da CNBB, fez uma apresentação sobre o Diretório de Comunicação da Igreja na Itália, sendo essa a primeira vez que os membros da Equipe de Reflexão tiveram acesso a um documento semelhante ao que estava sendo pensado, foi a partir desta reunião que se constituiu a primeira equipe responsável pela elaboração do diretório.
Em virtude das diversas atribuições extras dos membros da Equipe de Reflexão e Produção do Diretório e também das dificuldades para definir o formato, Dom Orani João Tempesta, então Arcebispo de Belém, solicitou à assessora do Setor de Comunicação que providenciasse a tradução do Diretório de Comunicação Italiano, para orientar e nortear a produção do documento brasileiro. A Equipe de Reflexão, neste período, passou a ser Grupo de Redação do Diretório de Comunicação da Igreja no Brasil.
Mãos à obra
No ano de 2010 o trabalho de produção do Diretório foi redefinido e o grupo passou a se reunir mais frequentemente, mantendo um ritmo de apresentação das contribuições, revisões, acréscimos, emendas e debates em torno do que era produzido. Assim, fica pronta a primeira versão do Diretório de Comunicação que foi apresentada ao Conselho Permanente da CNBB, para ser encaminhada para a Assembleia Geral de 2011.
Como naquela Assembleia já estavam encaminhados dois textos para serem aprovados, os bispos do Conselho Permanente solicitaram que o material fosse publicado como documento de estudo. O texto entrou, então, na coleção Estudos da CNBB com o número 101. Sua publicação aconteceu em 24 de janeiro de 2011, intitulada “A Comunicação na vida e missão da Igreja no Brasil”.
Ainda no ano de 2011 a presidência da CNBB, juntamente com a Comissão para a Pastoral da Comunicação, nomeou uma Comissão Oficial para atuar na elaboração do Diretório de Comunicação para a Igreja no Brasil. A comissão formada por Dom Dimas Lara Barbosa, Dom Luiz Mancilha Vilela, Dom João Bosco Barbosa dos Santos, Dom Antônio Wagner da Silva, Ir. Élide Maria Folgolari, Elson Faxina, Pe. Gildásio Mendes, Ismar de Oliveira Soares, Ir. Joana Terezinha Puntel, Pe. Manoel Quinta, Maria da Luz Fernandes, Mozahir Salomão, Ir. Helena Corazza e Rosane Borges.
Por quase dois anos, esse grupo se reuniu e trabalhou na reorganização do texto com base nas sugestões, ajustes e correções que foram recebidas tanto dos bispos como de outros setores da Igreja. Então, em abril de 2013 o texto do Diretório foi apresentado oficialmente na 51ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil. Naquela ocasião, o texto recebeu novas considerações e não foi aprovado. Uma das propostas dos bispos era fazer um texto com linguagem direta e menos acadêmica. Para responder às solicitações de emendas propostas pelos Bispos na Assembleia, a Comissão para a elaboração do Diretório de Comunicação para a Igreja no Brasil foi reduzida e o grupo menor realizou as alterações e finalizou a redação do texto.
O período que se estendeu entre a 51ª Assembleia dos Bispos do Brasil em abril de 2013 e o encontro do Conselho Permanente da CNBB de março de 2014, quando o texto do Diretório de Comunicação foi aprovado, é marcado pelo trabalho intenso de um grupo menor composto por Dom Dimas Lara Barbosa, Dom Antônio Wagner da Silva, Ir. Élide Maria Folgolari, Pe. Clóvis Andrade de Melo, Ismar de Oliveira Soares, Pe. Manoel Quinta, Mozahir Salomão e Moisés Sbardelotto responsáveis pelos ajustes finais do texto do documento.
Assim, o texto final do Diretório de Comunicação foi apresentado ao Conselho Permanente da CNBB, que o aprovou no dia 13 de março de 2014. Desta forma o texto é publicado e passa a compor a coleção Documentos da CNBB, tornando-se, assim o Documento 99, tendo como principal objetivo motivar a Igreja para a reflexão sobre os aspectos da comunicação e sua importância na vida da comunidade eclesial.
A atualização do Diretório
Após quase 10 anos da aprovação e publicação do Diretório de Comunicação, Dom Joaquim Giovani Mol, então presidente da Comissão para a Comunicação da CNBB propôs aos membros do GRECOM em dezembro de 2021 o início de um processo de revisão do Documento 99, proposta que foi prontamente aceita pelos membros do grupo. Assim foi definido o passo inicial do processo de revisão, cada um dos membros do GRECOM apresentou suas contribuições a respeito do que deveria ser acrescentado ou modificado no Diretório, a fim de torná-lo mais atual.
Desta forma, todas as reuniões do GRECOM do ano de 2022 foram dedicadas ao trabalho de revisão do Diretório de Comunicação, a cada reunião dois ou três capítulos do documento eram revisados de maneira coletiva. Os membros do Grecom já haviam lido os textos anteriormente e os encontros eram dedicados à avaliação pontual das correções propostas, com as possibilidades de aprovação, desaprovação ou indicação de emendas.
Após a finalização do processo de revisão, o documento atualizado foi submetido ao Conselho Permanente da CNBB que aprovou a publicação da versão atualizada do Diretório de Comunicação. A necessidade de atualização do Diretório se deu justamente em virtude das transformações tanto no campo comunicacional como eclesial, destaca-se inclusive a incorporação das contribuições do magistério do Papa Francisco ao documento.
O texto atualizado do Diretório de Comunicação da Igreja no Brasil é composto por dez capítulos, divididos em artigos que buscam apresentar diferentes aspectos do fenômeno comunicacional, sendo eles: 1- Comunicação e Igreja no mundo em mudanças; 2- Fundamentos teológicos da comunicação; 3- Comunicação e vivência da fé; 4- Ética e comunicação; 5- O protagonismo dos leigos e leigas na comunicação evangelizadora; 6- Igreja e a mídia; 7- Igreja e cultura digital; 8- Políticas de comunicação; 9- Educar para a comunicação; 10- Dinâmica da comunicação da Igreja no Brasil.
Foram responsáveis pela atualização do Diretório os pesquisadores que formam o GRECOM: Andréia Gripp, Joana Puntel, Moisés Sbardelotto, Aline Amaro, Mozahir Salomão Bruck, Ricardo Alvarenga, além do coordenador nacional da Pascom, Marcus Tullius, os assessores da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação da CNBB, Manuela Castro e Tiago Sibula, e o então presidente da Comissão para a Comunicação, Dom Joaquim Mol.
Ricardo Alvarenga, doutor em Comunicação Social, membro do Grupo de Reflexão sobre Comunicação (GRECOM) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e da Associação Católica de Comunicação - Signis Brasil
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