Portugal, CEP: organismo de acompanhamento de vítimas de abusos
Fátima - Ecclesia
A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) anunciou nesta quinta-feira (20) a criação de um novo organismo para o acompanhamento de vítimas de abusos sexuais na Igreja Católica, presidido pela psicóloga Rute Agulhas.
“O Grupo VITA terá a necessária autonomia para, em articulação com a Equipa de Coordenação Nacional, desenvolver uma ação que contribuirá para capacitar, ainda mais, o valioso trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pelas Comissões Diocesanas no acolhimento e acompanhamento das vítimas, bem como na formação preventiva dos agentes pastorais”, indica o comunicado final da Assembleia Plenária da CEP, que se iniciou esta segunda-feira, em Fátima.
Entre outras ações, acrescenta a nota, está prevista a elaboração de um “Manual de Prevenção que será comum a toda a Igreja em Portugal, quer nas Dioceses quer nos Institutos de Vida Consagrada”.
Rute Agulhas, que até agora integrava a Comissão Diocesana de Lisboa, vai coordenar o grupo específico de acompanhamento decidido na Assembleia Plenária extraordinária do dia 3 de março, acompanhada por José Souto de Moura, presidente da Equipa de Coordenação Nacional das Comissões Diocesanas de Proteção de Menores e Adultos Vulneráveis.
A psicóloga apresentou aos bispos o projeto que será denominado “Grupo VITA – Grupo de Acompanhamento das situações de abuso sexual de crianças e adultos vulneráveis no contexto da Igreja Católica em Portugal”, com um horizonte temporal de três anos.
O Grupo VITA, fará a sua apresentação pública dia 26 de abril.
O comunicado da CEP precisa que a equipa inclui “profissionais tecnicamente competentes e terá a missão de acolher, escutar, acompanhar e prevenir as situações de abuso sexual de crianças e adultos vulneráveis no contexto da Igreja em Portugal, dando atenção às vítimas e aos agressores”.
– Coordenadora: Rute Agulhas (Psicóloga especialista em Psicologia Clínica e da Saúde com especialidades avançadas em Psicoterapia e Psicologia da Justiça).
– Grupo Executivo: Alexandra Anciães (psicóloga, experiência de avaliação e intervenção com vítimas adultas); Joana Alexandre (psicóloga, docente universitária e investigadora na área da prevenção primária dos abusos sexuais); Jorge Neo Costa (assistente social, intervenção com crianças e jovens em perigo); Márcia Mota (psiquiatra, especialista em Sexologia Clínica e intervenção com vítimas e agressores sexuais); Ricardo Barroso (psicólogo, docente universitário e especialista em intervenção com agressores sexuais).
– Grupo Consultivo: padre João Vergamota (especialista em Direito Canónico); Helena Carvalho (docente universitária especialista em análise estatística); advogado/jurista especialista em crimes de natureza sexual (a definir).A Igreja Católica em Portugal promoveu hoje uma jornada nacional de oração pelas vítimas de abusos sexuais, de poder e de consciência, reunindo os membros da CEP numa celebração eucarística, na Basílica da Santíssima Trindade.
“Os bispos deixam, nesta ocasião, uma palavra de grande proximidade a todos os fiéis leigos e consagrados, mas especialmente aos sacerdotes, reconhecendo o seu inestimável serviço às pessoas e comunidades”, indica o comunicado final da Assembleia Plenária.
“Caminhamos unidos na dor, mas também na esperança de que todos estes processos nos conduzam a uma Igreja purificada e renovada, fiel ao Evangelho do Senhor Jesus”, acrescenta a nota.
Após um ano de trabalho, a Comissão Independente (CI) para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica em Portugal, designada pela CEP, apresentou a 13 de fevereiro um relatório, no qual validou 512 testemunhos, apontando a um número de 4815 vítimas, entre 1950 e 2022, e entregou aos responsáveis católicos de Portugal uma lista com nomes de alegados abusadores, no dia 3 de março.
A 206.ª Assembleia Plenária analisou e debateu o tema dos abusos de menores e adultos vulneráveis na Igreja Católica em Portugal, realçando que, após a conclusão do estudo da CI, se entra “numa nova fase”.
“Estamos empenhados em prosseguir um caminho de reparação e prevenção para que seja possível garantir o devido apoio às vítimas e implementar uma cultura de cuidado e proteção dos menores e adultos vulneráveis nos nossos ambientes, contribuindo para erradicar este drama da sociedade”, indicam os bispos católicos.
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