Iskenderun, Turquia. Dom Bizzeti: P¨¢scoa de "partilha" com v¨ªtimas do terremoto
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Dois meses após o devastador terremoto que atingiu a Turquia e a Síria, deixando um rastro de destruição e morte (mais de 57 mil vítimas), "muitas pessoas partiram, outras estão procurando alojamento para poder partir, porque não é fácil ficar debaixo de tendas".
Há ainda uma fase de plena emergência e precariedade na região atingida pelo abalo sísmico de 6 de fevereiro, como conta à agência católica AsiaNews o vigário da Anatólia, na Turquia, dom Paolo Bizzeti, acrescentando que "não é fácil depender das ajudas" e o desejo de fugir "para aqueles que podem" ainda é "forte".
Nestes dias, o prelado está coordenando o trabalho de alguns voluntários provenientes da Itália a fim de viver a Páscoa com os deslocados e contribuir para a assistência, em um clima de "solidariedade e partilha".
Na Turquia, muita solidariedade a nível familiar
"Aqueles que têm parentes no exterior ou pessoas que podem acolhê-los" estão deixando a Turquia, outros "estão se deslocando para cidades não muito distantes das áreas onde moravam", contando com contatos e conhecidos, explica dom Bizzeti, inclusive porque "na Turquia há muita solidariedade a nível familiar".
Enquanto isso, em Iskenderun "algumas lojas e atividades estão reabrindo" e o quadro é decididamente menos complicado do que na Antioquia, que continua sendo o centro da devastação.
Este domingo tivemos as celebrações do Domingo de Ramos realizadas "com cristãos locais e estrangeiros unidos na fé. Em Antioquia, por sua vez, não há lugar para celebrar e até mesmo os frades capuchinhos saíram de lá. Há áreas descobertas, onde ainda não se sabe se e como a Páscoa será celebrada".
Dificuldades burocráticas
O problema, observa o vigário da Anatólia, por um lado é o de "remover os escombros" que permanecem em grandes quantidades e, por outro, "a possibilidade de ajudar, construir e reconstruir" com maior rapidez e menos entraves burocráticos.
"Cada ação - continua ele - passa por um comitê de coordenação governamental e há pouca possibilidade de iniciativa pessoal livre. Construir vilas "com casas pré-fabricadas" e fornecer um teto para os deslocados continua sendo uma tarefa "complicada", porque "são necessárias licenças das autoridades", que têm etapas a percorrer e um longo período de tempo.
É precisamente o fator tempo que "constitui um dos principais obstáculos" diante das necessidades que continuam enormes. "É claro ¨C precisa dom Bizetti -, que a coordenação é necessária, mas uma coisa é organizar o trabalho, outra é criar um percurso emaranhado pelo qual toda atividade deve passar".
Associação Amigos do Oriente Médio
Em resposta à emergência, a associação sem fins lucrativos Amigos do Oriente Médio (Amo) promoveu a iniciativa "E agora levanto a cabeça", como diz o Salmo 26. Por ocasião da Páscoa, uma semana, de 2 a 9 de abril, de trabalho voluntário nas áreas atingidas pelo terremoto, numa ótica de "serviço" ao próximo e de compartilhar uma festa que pode ser verdadeiramente uma oportunidade de renascimento. "Uma ideia ¨C conta dom Bizzeti - nascida da sensibilidade de um irmão jesuíta, padre Francesco Cavallini, também ele parte da Amo".
Uma dúzia de jovens de diferentes partes da Itália aderiu à iniciativa e espera-se que mais jovens cheguem ainda. "Eles estão agora arrumando o material litúrgico, os livros a serem arquivados e catalogados - conta o vigário da Anatólia -, há alimentos a serem distribuídos nos armazéns, e depois enviados para onde são necessários".
A experiência de Busoni, universitário de Florença
Entre aqueles que aceitaram o convite da Amo está Francesco Busoni, 20 anos, estudante universitário em Florença. "Há menos de uma semana - conta ele -, um amigo me indicou o anúncio, convidando-me a viver uma experiência na qual as vítimas do terremoto teriam feito muito mais por mim do que eu poderia realmente fazer por elas. Uma experiência pessoal forte, então aproveitei imediatamente a oportunidade".
"Dois meses após o terremoto, cheguei a Adana e no caminho para Iskenderun, onde estou agora, vi pequenas cidades e vilarejos inteiros arrasados". "Carros enterrados pelos escombros, casas inteiras desabaram com roupas ainda penduradas", continua ele, uma visão "que causa impressão".
No domingo "fui a um centro onde as vítimas do terremoto se abrigam em tendas - ressalta ele - "e vi crianças tendo aulas ao ar livre, porque a escola delas havia desmoronado. Mesmo em um período festivo, você percebe como a vida cotidiana nunca é tomada como certa. Agora tenho que me despedir - conclui - porque temos que ir refazer o muro da igreja e mover alguns objetos".
(com AsiaNews)
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