Dom Nuno Br¨¢s da Silva Martins: ¡°a Uni?o Europeia pode e deve ser uma voz de paz¡±
Padre Bernardo Suate ¨C Pope
Em entrevista ao Pope o prelado português e recém-eleito Vice-Presidente da Comissão das Conferências Episcopais da Europa (COMECE) sublinhou que este organismo representa essencialmente a possibilidade que os cristãos da Europa, e não só, têm de fazer sentir a sua voz aos responsáveis políticos e às institucionais da Europa.
Nas eleições da equipa da Presidência, sublinhou ainda o prelado, sempre se procura salvaguardar a unidade na diversidade, nomeando Bispos representantes das diferentes realidades da Europa. Muito importante, neste caso, a presença de Portugal na Presidência sobretudo pela sua capacidade de fazer diálogo entre a Europa e as Instituições europeias e a realidade africana.
¡°Importante, portanto, o diálogo e o encontro que Portugal tem com África, que faz parte também da nossa história, como nós fazemos parte da história destas diversas Igrejas de Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e, portanto, também esta possibilidade que os cristãos dessas origens têm de se fazer ouvir diante das Instituições europeias¡±.
Dom Nuno Brás da Silva falou em particular do encontro que a recém-eleita equipa da presidência teve com o Papa Francisco, oportunidade, disse, para a COMECE estar com o sucessor de Pedro e escutar aquilo que ele tem a dizer a Europa.
União Europeia, unidade na pluralidade
O Papa falou da unidade na pluralidade, observou Dom Nuno Brás, pois a UE é união de Países diferentes, Países com raízes diferentes, e é isto que faz a riqueza da Europa, ¡°o facto de haver pluralidade e conseguirmos, apesar da pluralidade e diferenças, fazer unidade e viver na unidade, e fazer a diferença no mundo de hoje¡±, ressaltou o vice-presidente da COMECE.
UE deve agente de paz e fazer propostas em direção à paz
Outro aspecto abordado pelo Papa aos dirigentes da Comissão Europeia foi o da paz, para reiterar que a paz é qualquer coisa de essencial e a UE pode e deve fazer propostas de caminhos em direção à paz: ¡°em direção à paz entre a Ucrânia e a Rússia, mas também nos outros conflitos que estão espalhados pelo mundo¡±, insistiu Dom Nuno Brás.
Na verdade, prosseguiu, a EU com o peso que tem no plano mundial, pode e deve ser um agente de paz. Ocasião para o prelado recordar que a paz se encontra na raiz da UE que foi fundada depois da II Guerra Mundial para evitar que a guerra regressasse à Europa.
¡°Portanto, uma das missões da EU é, no meio deste mundo onde há tantas guerras e tantos conflitos, ser uma voz de paz, não apenas em relação a este conflito da Ucrânia e da Rússia, mas em relação a todos os outros conflitos¡±.
É verdade que a União Europeia deve olhar para aquilo que são as suas raízes e os ideais iniciais dos seus fundadores, mas a UE de hoje é já diferente da dos anos ¡¯50, observou Dom Nuno Brás. Não podemos, portanto, ficar a falar simplesmente do passado, precisamos de perceber o que é hoje a UE e erguer uma voz profética nesta EU de hoje. E, para o Bispo do Funchal, ¡°a UE precisa de uma voz profética que ajude a ver o direito das pessoas, a ver o direito da vida, os direitos daqueles que procuram em vista de uma vida mais digna e com um pouco mais de qualidade, e que aqui podem encontrar¡±.
¡°Darmo-nos bem custa menos dinheiro do que darmo-nos mal¡±
A propósito do tema do desenvolvimento (¡°novo nome da paz¡±, como dizia São Paulo VI), Dom Nuno Brás recordou que a COMECE segue de perto a legislação e a atividade da Comissão e do Parlamento europeu e se espera, portanto, que seja capaz de influenciar, através do diálogo e chamadas de atenção, no âmbito do desenvolvimento.
E, mais importante ainda, fazer entender que ¡°darmo-nos bem custa menos dinheiro do que darmo-nos mal¡±. Fazer este raciocínio é muito importante, observou o Prelado, pois ¡°muitas pessoas na própria EU, disse, não pensam a não ser em termos de cifrões, em termos de dinheiro, em termos económicos, ao menos que se deem conta de que darmo-nos bem uns aos outros e darmo-nos bem com o mundo inteiro, custa muito menos do que fazer a guerra¡±.
E Dom Nuno Brás da Silva Martins auspicou que se possa ajudar as Instituições da UE a raciocinar neste parâmetro, que é um parâmetro de paz e, por isso mesmo, exige desenvolvimento, desenvolvimento sobretudo das tantas áreas ainda não desenvolvidas, ou seja, que a COMECE possa influenciar a UE e as instituições da UE neste raciocínio e neste caminho em relação ao desenvolvimento e à paz.
Com a COMECE cristãs têm voz na UE
A terminar o Bispo do Funchal e vice-presidente da manifestou o seu desejo de que as várias realidades europeias que a COMECE segue sejam acompanhadas também de uma palavra cristã, ¡°palavra cristã dos cristãos da Europa, mas também palavra cristã dos cristãos não europeus, seja dos que vivem na Europa, seja dos outros que vivem nos seus Países¡±.
Muito importante, portanto, percebermos que os cristãos têm esta voz na UE, pois ¡°muitas vezes a sensação que nós temos é que não nos escutam, gostam de nos ter ao lado, mas não nos escutam, mas nós não deixaremos de falar e não deixaremos de pressionar nesta direção de um mundo mais cristão e, sobretudo, de um mundo mais humano¡± ¨C rematou o Prelado.
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