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Louvado seja Jesus Cristo!

Queridos irmãos e irmãs em Cristo, hoje é domingo, 20 de novembro de 2022, e há 270 dias o povo ucraniano resiste nesta batalha desigual contra o invasor e agressor russo que veio para destruir, matar e roubar nossa terra ucraniana.

No dia de ontem e na noite passada a terra da Ucrânia queimou, gemeu e chorou sob os golpes de mísseis russos, bombas russas e canhões russos. Durante este tempo, batalhas pesadas estão sendo travadas ao longo de toda a linha de frente. Mas as mais difíceis estão no Donbass. De acordo com os relatórios desta manhã, soubemos que o inimigo está tentando avançar neste setor, neste setor do front, e também está atacando implacavelmente cidades e povoados pacíficos.

Durante todo o dia de ontem e na noite passada, a parte leste de nossa região de Kharkiv, perto da cidade de Kupyansk, foi novamente atingida. Da mesma forma, quatro comunidades na região de Dnipropetrovsk foram atacadas por lançadores múltiplos de foguetes russos. Só a cidade de Nikopol foi alvo de 40 tiros de vários lançadores de foguetes dos russos. Na região de Zaporizhzhia, as autoridades locais receberam cerca de 30 relatos de destruição de casas durante a noite, e estamos falando da estação fria em curso. Podemos apenas imaginar o horror que nossos irmãos e irmãs em Zaporizhzhia experimentaram à noite. A região de Mykolaiv, uma área particularmente vulnerável aos ataques russos, foi mais uma vez o epicentro do ataque. A região liberada de Kherson, que está apenas começando a se recuperar da destruição em grande escala causada pelos russos, também foi novamente alvo de bombardeios russos.

Mas a Ucrânia resiste! A Ucrânia luta! A Ucrânia reza!

Nesta manhã de domingo, agradecemos ao Senhor Deus e às Forças Armadas da Ucrânia por estarmos vivos, pelo fato de o Senhor Deus nos dar mais um dia em que podemos viver e servir a Deus e ao homem.

Hoje é domingo e, claro, todo crente está procurando um caminho para a igreja. Apressamo-nos para a Divina Liturgia porque este é exatamente o espaço onde não o homem serve a Deus, mas Deus vem para servir o homem. É por isso que chamamos este serviço eucarístico "o serviço divino". Assim como o bom samaritano se aproximou do homem ferido que jazia à beira da estrada e derramou remédio, um bálsamo curador em suas feridas, da mesma forma quando chegamos à Divina Liturgia, o serviço divino, o próprio Cristo desce do céu por nós. Ele é o ministro desta Divina Liturgia. Ele é Aquele que derrama um bálsamo curador em nossas feridas. Portanto, hoje rezamos em nossas igrejas pela cura das feridas de nosso povo. Pedimos a Deus paz e vitória sobre o ocupante russo.

Hoje desejo continuar nossas reflexões sobre como educar nossas crianças e jovens em tempos de guerra. Sobre como podemos servir nossos filhos que são verdadeiramente os mais vulneráveis ​​nas terríveis circunstâncias de guerra. Sabemos que a escola é o primeiro ambiente que uma criança conhece fora de sua própria casa. É como se fosse o primeiro passo para este grande mundo desconhecido fora da própria família. E sabemos que educar é, antes de mais nada, aprender a construir as relações certas, a construir relações corretas com outras pessoas, talvez até com aquelas que não conhecemos bem, e como conhecer uma pessoa no mundo fora de nós.

Para uma criança esta primeira experiência escolar é extremamente importante, mas também é um desafio especial, uma carga especial. Em condições de guerra, o espaço escolar assume particular importância. Hoje, as crianças chegam às escolas ucranianas com a psique sobrecarregada. Imaginemos uma criança que presenciou violência ou, às vezes, foi a vítima. A própria capacidade das crianças de construir relacionamentos é muito diferente daquela em tempos de paz. Às vezes, a psique de uma criança traumatizada faz com que ela se retraia em si mesma. A criança tem grande dificuldade de concentração, está em um estado de ansiedade crescente constante. Educadores e professores afirmam que é durante a aula que as crianças ficam sabendo que algo aconteceu com seus parentes. Ou que sua casa foi destruída. Depois de uma perda, uma criança geralmente desaparece da escola por um tempo. Ela está de luto. Ela não consegue aprender, não consegue assimilar nenhuma outra informação que o professor queira passar durante a aula. E então, às vezes, ela perde o interesse em aprender. Trazê-la de volta, conduzi-la de volta à aula do professor, fazê-la estudar novamente e não machucá-la: esse é um desafio especial dos professores na Ucrânia em tempo de guerra. É uma tarefa não fácil que, todos juntos, devemos ajudar os nossos professores a realizar.

E como explicar às crianças, principalmente aos adolescentes, que agora é muito perigoso sair para o pátio? Como contar às crianças sobre minas e bombardeios? Sobre o fato de que durante um alarme você tem que estar no porão, em um abrigo antiaéreo, e não brincar lá fora no parquinho? Às vezes, um professor é o primeiro mestre que ensina o respeito pela vida humana: a própria e a dos outros. Ensina que temos a tarefa de preservar a vida doada por Deus, por isso, durante a guerra, o professor tem muito espaço para sua missão humana e cristã, porque a escola, mesmo a sala de aula, deve se tornar um ambiente amigável, um ambiente de calor humano, atenção e cuidado humano. Que o Senhor Deus ajude nossos professores a cuidar das crianças feridas da Ucrânia durante esta tragédia de guerra.

Deus abençoe a Ucrânia! Deus, Tu és nosso professor, o professor da bondade e da verdade. Apoie nossos professores e pedagogos em sua difícil missão! Deus, abençoe nossos defensores - meninas e meninos - que protegem nossos filhos, nossas mulheres, a vida pacífica das cidades e vilas ucranianas com seus corpos! No dia da ressurreição te pedimos, Senhor, concede ao nosso país a tua justa paz celestial!

Que a bênção do Senhor esteja sobre vocês por meio de Sua graça e amor pela humanidade,  agora e para todo e sempre, amém!

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

Svyatoslav+

Pai e Primaz da Igreja Greco-Católica Ucraniana
20.11.2022