Cardeal Brenes: encorajada pelo Papa, Igreja na áܲ prossegue com o diálogo
Salvatore Cernuzio - Cidade do Vaticano
“A Igreja não pertence a nenhum partido ou a uma ideologia específica, continuamos a fazer o nosso trabalho que é um trabalho pastoral, acompanhando o nosso povo, com a mentalidade de professar a esperança”.
O cardeal Leopoldo Brenes, arcebispo de Manágua, chegou à Itália na segunda-feira, 31, vindo da Nicarágua, onde nos últimos meses se intensificou uma grave crise sociopolítica que se arrasta desde 2018 e onde se intensificaram as tensões e os ataques contra a Igreja Católica: prisões, violência, humilhação pública de bispos e padres, expulsões do país, fechamento de emissoras católicas.
No Angelus de 21 de agosto, o Papa expressou "preocupação e dor" pela situação no país centro-americano "que envolve pessoas e instituições". Os votos do Pontífice era que "por meio de um diálogo aberto e sincero, possam ser encontradas as bases para uma convivência respeitosa e pacífica".
O diálogo é precisamente o caminho que a Igreja continua a trilhar, afirma o cardeal Brenes, à margem da apresentação internacional do documento conclusivo do Celam, no Palazzo Pio, sede da Rádio Vaticano. Ainda na manhã de segunda-feira, o cardeal foi recebido pelo Papa, juntamente com os demais membros da presidência do Celam, no Palácio Apostólico. Após, a entrevista concedida ao Pope:
Eminência, o senhor falou com o Papa sobre a situação na Nicarágua? Recebeu algum incentivo em particular?
O Santo Padre conhece bem a nossa situação, está sempre informado, disse-me para prosseguir com a pregação e com o acompanhamento do nosso povo, permanecer especialmente com nosso povo humilde e sensível e próximo dos sacerdotes.
Há cerca de cinco anos se testemunha violência, ataques, inclusive verbais, contra bispos e sacerdotes, bem como a retirada da aprovação do Núncio Apostólico. O que mais o preocupa hoje?
Preocupa-me o problema da emigração, muitas pessoas por motivos econômicos, por desemprego, deixam a Nicarágua e chegam em outros países, como Costa Rica, México, Estados Unidos. É uma grande preocupação para nós e também para o Santo Padre. A emigração é uma grande dor porque a família fica abandonada, há sérios riscos em ir, por exemplo, para os Estados Unidos, via Honduras, Guatemala... É muito difícil.
O que pode ser feito sobre as relações entre a Igreja e o governo?
Devemos sempre manter o diálogo. O diálogo começa, mas não sabemos quando termina, devemos seguir em frente, promovê-lo sempre. O Papa sempre nos dá esta indicação: o diálogo não pode terminar.
O que o senhor diz às pessoas como pastor nesta situação complexa?
Em nossa pregação há sempre um convite a ser pessoas de esperança.
Há alguns anos o senhor sofreu ataques físicos. O senhor teme pela sua vida?
Não, as pessoas são muito respeitosas. Não há nenhum temor, ando pelas paróquias, ando de carro, se paro num semáforo converso com quem encontro.
Ou seja, mais esperançoso do que preocupado?
Sim, há sempre uma preocupação, mas acho que devo ser o primeiro a mostrar esperança e confiança em Deus.
Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp