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Padre Peter Gumpel Padre Peter Gumpel 

As memórias do Padre Gumpel sobre a solidariedade do Vaticano durante o nazifascismo

O Padre jesuíta Peter Gumpel, que faleceu na quarta-feira (12/10) aos 98 anos, contou recentemente em um programa televisivo algumas passagens sobre o pontificado de Pio XII, particularmente sobre o papel da Irmã Pascalina Lehnert, a freira que administrava o apartamento pontifício. "Ela tinha uma camionete disponibilizada pelo Papa para levar comida aos romanos e aos judeus escondidos nos conventos"

Eugenio Bonanata – Pope

Foi muito emocionante o funeral do padre jesuíta Peter Gumpel, relator da causa de beatificação de Pio XII. "Ele era um determinado defensor do Papa Pio XII", escreveu o Padre Federico Lombardi no L'Osservatore Romano recordando o coirmão que recentemente havia contado ao canal de televisão Telepace alguns detalhes do trabalho do Vaticano em favor dos judeus e outras pessoas perseguidas durante os anos sombrios do nazifascismo. Em particular, falou sobre o sistema de distribuição de ajudas alimentares organizado pela Irmã Pascalina Lehnert, a freira que administrava o apartamento pontifício.

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"Ela tinha uma camionete disponibilizada pelo Papa para levar comida pela cidade", contou o Padre Gumpel, referindo-se aos muitos encontros que teve com a religiosa, que era uma fonte inestimável de informação dada a sua proximidade com o Santo Padre. "Ela mesma dirigia o veículo, o que era bastante incomum na época para uma mulher e uma religiosa. Mas esta característica se encaixa bem no conhecido temperamento da Irmã Pascalina". Naqueles anos a comida era muito escassa em Roma e a freira confidenciou ao jesuíta que tinha medo de ser atacada ou de ser detida pelas autoridades. "No caso dos controles", explicou Gumpel, "ela tinha que dizer que a comida era para as comunidades religiosas, mas na realidade era também para os judeus que não tinham nada".


A máquina de solidariedade do Vaticano

Ninguém pensava nestes excluídos, e eles eram numerosos e seu sustento tinha que ser providenciado todos os dias. O sistema envolvia também outras pessoas. No Vaticano - são detalhes fornecidos pelo padre Gumpel - havia grandes cozinhas onde as refeições eram preparadas, mas o fornecimento envolvia uma pequena frota de camionetes que ia para as regiões do norte da Itália para buscar matéria-prima. "Eles viajavam cobertos com o brasão papal em branco e amarelo", explicou o religioso. Apesar disso, porém, foram atacados pelos Aliados que acreditavam estar a serviço do regime nazifascista. E em uma ocasião - perto de Terni - um dos motoristas morreu num ataque desses. "O Papa", explicou o jesuíta, "sabia que esta operação era bastante arriscada, mas ele continuou a assegurar seu apoio dada a necessidade da população romana em geral e dos judeus em particular".

"A Secretaria da Caridade”

O serviço foi prestado pela Sociedade Geral Imobiliária e seu vice-presidente, Bernardino Nogara (irmão de Bartolomeu, diretor dos Museus do Vaticano). Seu neto, o embaixador Bernardino Osio, aponta que se chamava "A Secretaria da Caridade": "meu avô teve a ideia de disponibilizar os caminhões da empresa, que na época estavam parados, para levar comida pela cidade e criar uma rede de refeitórios populares onde as pessoas pudessem ter um prato de comida todos os dias". Dezenas de paróquias romanas estiveram envolvidas na distribuição, começando com estas viagens à Toscana, Umbria e Emilia Romagna em busca de farinha e outras mercadorias. “Às vezes", conta ainda Padre Gumpel, "em um só dia distribuia-se até 100 mil pratos de sopa bem nutritiva com vegetais e até mesmo um pouco de carne quando disponíveis. Naturalmente", acrescentou, "uma parte considerável era levada aos judeus escondidos dentro dos conventos".

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15 outubro 2022, 09:28