Bispos no ʲܾã: inundações destruíram as casas, mas não a é
Os bispos paquistaneses das três dioceses mais afetadas pelas recentes inundações que causaram grandes danos no país, dizem que "as inundações destruíram as casas, mas não a fé dos católicos, que sofrem em meio à crise".
Falando nos últimos dias em um fórum de mídia, seguido pela Agência Fides, o arcebispo de Karachi Dom Benny Travas, o bispo Dom Samson Shukardin de Hyderabad (duas cidades da província de Sinh) e Dom Khalid Rehmat OFM Cap de Quetta (capital da província de Baluchistão) afirmaram que "as pessoas continuam a depender da ajuda internacional, mas mostram grande generosidade. A solidariedade é comovente e traz muita esperança".
Os bispos do Paquistão renovam seu apelo por um maior apoio poe parte da comunidade local e internacional às pessoas afetadas pelas inundações. As necessidades indicadas são alimentos, remédios, kits de higiene, mosquiteiros, cobertores, roupas, barracas e água potável, todos materiais para socorro imediato.
Depois, quando as águas das cheias tiverem baixado, prosseguirá a segunda fase da ajuda, com medidas para reabilitar os meios de subsistência, especialmente a agricultura, com a reconstrução de casas, com a restauração de infra-estruturas e escolas.
"Hoje o cenário ainda é preocupante e doloroso. No entanto, as pessoas atingidas se agarram ao instinto de sobrevivência e também à força espiritual interior que sempre conduz o homem à vida, e o leva a ter esperança no futuro", diz o arcebispo Travas, elogiando o modo como as pessoas comuns de diferentes esferas da vida mostram empatia e generosidade para com estranhos.
A solidariedade passa por pequenos gestos: os professores e todos os funcionários das escolas católicas da Arquidiocese de Karachi doaram um dia de salário para uma ajuda organizada pela Igreja, revela o prelado. Pessoas de diferentes estratos sociais estão se apresentando para doar tempo e energia como voluntários em assistência humanitária, acrescenta.
"Olhando para as dificuldades e a luta pela sobrevivência, pode parecer que tudo está sem esperança ou que as pessoas estão experimentando uma secura espiritual. Ao invés disso, podemos dizer que as pessoas, nesta crise, mostram uma profunda fé em Deus, acreditam na Providência e encontram em Deus a rocha para avançar e olhar para o futuro”, conclui Dom Travas.
Na mesma linha o bispo de Hyderabad, Dom Shukardin, reiterando que "não obstante os desafios que as pessoas estão enfrentando, a espiritualidade e a fé estão bem vivas. Os católicos estão ajudando a todos, cristãos e muçulmanos, aproximando-se de todos aqueles que precisam de ajuda nestes tempos difíceis", afirma, constantando a gratidão que se desenvolve na sociedade para com a Igreja Católica pelas ajudas colocadas em prática, que também tocarão a próxima fase.
De fato, com 95% dos trabalhadores agrícolas em estado de crise, os agricultores precisarão de novas sementes e plantas novas para cultivar depois que as águas das enchentes tiverem baixado e a Caritas está organizando programas de intervenção também nesse sentido.
Na Diocese de Hyderabad, disse o bispo, as pessoas mais afetadas são mulheres e crianças que recebem cuidados de saúde no hospital católico de Santa Isabel e em vários centros de saúde abertos pela diocese na região.
No Baluchistão, a vida já era marcada por problemas como pobreza, terrorismo, instabilidade política, desemprego. Agora os desastres naturais agravam a pobreza, mas “nosso povo, mesmo sendo pobre em nível material, tem uma fé forte, que gera coragem e esperança mesmo neste momento difícil”, observa por sua vez Dom Khalid Rehmat OFM Cap, vigário apostólico de Quetta. O prelado observa que, com a aproximação do inverno, os deslocados logo precisarão de roupas quentes, cobertores e barracas, já que “muitos dormem em lugares abertos e nas ruas enquanto suas casas são destruídas”, diz ele.
Com o apoio e organização da Caritas Paquistão, as operações de resgate continuam nas várias dioceses, nas quais voluntários, sacerdotes, religiosas, comunidades e associações eclesiais estão fazendo o máximo possível.
De acordo com uma estimativa das Nações Unidas, em 20 de setembro, mais de 30 milhões de pessoas foram deslocadas pelo desastre que deixou 1.500 vítimas, incluindo 552 crianças. Atualmente, mais de 600.000 pessoas encontraram abrigo nos campos de ajuda, criados e atendidos por várias agências humanitárias nacionais e internacionais.
Enquanto a província de Sindh, no sul, ainda permanece inundada - e especialistas alertam que pode levar seis meses para que as águas recuem - há temores de que doenças e epidemias possam se espalhar, gerando até uma emergência de saúde.
*Com Agência Fides
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