Instituto de Direitos Humanos é lançado em Belém, PA
Rosa M. Martins - REPAM-Brasil
Foi lançado no último dia 17 de junho, em Belém, PA, o Instituto de Direitos Humanos Dom José Luís Azcona (IDA). O evento que se realizou na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte 2), contou com a participação de membros da diretoria do Instituto, do bispo da Prelazia de Marajó, dom Evaristo Pascoal Spengler, OFM, agentes do poder público e personalidades importantes na história e na fundação do IDA, que tem uma trajetória de oito anos de luta na defesa dos direitos de pessoas em situação de vulnerabilidade, sobretudo na região do Marajó no Pará. O Instituto tem como objetivo dar visibilidade aos problemas sociais que afligem as populações mais vulneráveis e fortalecer a luta por seus direitos.
Fizeram parte da mesa, a religiosa Marie Henriqueta Ferreira Cavalcante, Mary Lucia Cohen e o homenageado do dia, dom José Luís Azcona, cuja instituição leva seu nome. Irmã Marie Henriqueta, se referindo à missão do IDA, enfatizou que “o nosso tesouro é cuidar da vida das pessoas e é a partir do olhar do povo que as demandas do Instituto irão se estabelecer. Inicialmente nós vamos ter um olhar voltado para as populações mais vulneráveis. Com certeza o Marajó será o primeiro a ser beneficiado pelas ações do IDA. Nós queremos investir no enfrentamento da exploração sexual de crianças e adolescentes que está gritante na região”, afirmou Henriqueta
De acordo com o mapeamento prévio, feito pelo instituto, o Arquipélago do Marajó é uma das principais regiões do estado em prática de violência sexual contra crianças e adolescentes. Realidade que não mudou desde o último levantamento do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), feito em 2019, que contabilizou 86,8 mil denúncias de abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes, feitas pelo Disque 100, conforme comenta a ouvidora externa do Ministério Público do Pará (MPPA) e membro do IDA, Norma Miranda: “Mapeamos as áreas com maior situação de violação de direitos para que a gente possa atuar com o instituto e notamos o destaque para o Marajó e Xingu. Como ouvidora, meu papel será, então, de fazer a articulação dessas situações junto ao Instituto. A gente quer que as denúncias cheguem aos órgãos competentes”, explica.
O presidente da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM-Brasil) e bispo da Prelazia de Marajó, PA, dom Evaristo Pascoal Spengler, OFM, extremamente comprometido com a luta do povo marajoara, presente no evento, ressaltou “a importância simbólica de ter duas crianças marajoaras compondo a mês uma vez que a Missão do Instituto é o cuidado e a defesa dos direitos das pessoas, mas sobretudo, das crianças e adolescentes que sofrem de forma intensa com a violação de seus direitos num ambiente complexo como o Marajó”.
Dom Evaristo reafirmou o seu comprometimento na luta contra a violação de direitos, também através da parceria entre a Comissão Eclesial Pastoral Especial de Combate ao Tráfico Humano (CEPECTH), da qual é presidente. “O Marajó é um lugar belíssimo, mas precisa de todo o apoio para que as populações possam melhorar a qualidade de vida através, sobretudo, da garantia de seus direitos”.
Dom Azcona bispo emérito do Marajó, destacou os momentos difíceis que teve de enfrentar diante das ameaças de morte por causa da defesa dos Direitos Humanos. Segundo dom Azcona somente através da fé e da confiança no Espírito de Deus é que foi possível enfrentar e superar tais momentos. “Eu sou covarde, tenho medo como a maioria das pessoas e foi na confiança e na fé que tenho no Espírito Santo que tive forças para enfrentar, diante da morte, os meus medos”, disse.
Acrescentou, ainda, que “haverá momentos que seremos desafiados a entregar nossa vida pela causa, mas se não nos apegarmos ao exemplo de Jesus Cristo na cruz será difícil enfrentar e vencer”. Dom Azcona agradeceu o testemunho e a dedicação de irmã Marie Henriqueta e parabenizou toda a diretoria do Instituto, desejando força e coragem para enfrentar os desafios destas lutas.
A fala do jovem Vanderlei, 18, assistido pelas ações do Instituto desde seus 11 anos de idade, emocionou e comprometeu a todos os presentes. Emocionado ele relatou a importância do apoio e dos cuidados com que o Instituto, através de Marie Henriqueta, teve em sua vida. “Muitas vezes tive que parar os estudos por conta da fome. Já passei por muita coisa na vida, mas a Irmã me ajudou a ver que não preciso fazer nada de errado, cometer nenhum crime por causa das minhas condições. A Irmã é um anjo na minha vida”, exclamou.
Com informações do Regional Norte 2
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