Vigário de Aleppo: nada poderá vencer a ç dos cristãos
Nestes "tempos difíceis" que atravessam as populações da Síria, Líbano, Iraque e outros países como a Ucrânia, que também é atingida por uma trágica guerra, é "difícil" pronunciar palavras de "ressurreição". Pelo contrário, "continuo a ouvir gritos de sofrimento, vozes de angústia e frases de desespero" que destroem "toda a esperança" e apagam "otimismo".
É o que afirma o vigário apostólico de Aleppo dos Latinos, Dom Georges Abou Khazen, na mensagem da Semana Santa e da Páscoa dirigida aos irmãos e irmãs "de todas as fés, seitas e religiões".
Todavia, continua o prelado, mesmo o acontecimento mais dramático “não poderá” vencer a “esperança” dos cristãos, que está alicerçada em Jesus ressuscitado.
11 anos após o início da guerra, a situação continua difícil, embora as fases mais sangrentas pareçam ter passado e a atenção da comunidade internacional esteja se voltando para outros lugares, especialmente para a Ucrânia, onde "uma nova Síria" está em andamento, como dizem as religiosas trapistas. A doer hoje é sobretudo a crise econômica e a falta de perspectivas, a começar pelo trabalho com uma elevada taxa de desemprego, sobretudo entre os jovens.
85% da população vive abaixo da linha da pobreza. Mais de 14 milhões - de uma população total de pouco mais de 18 milhões - precisam de subsídios e a inflação levou a um aumento nos preços, a começar por gêneros de primeira necessidade. Além da crise econômica e da guerra, somam-se a criminalidade comum e as sanções ocidentais, incluindo o Caesar Act, que acaba afetando sobretudo as pessoas comuns e os pobres.
Nos últimos dias também há uma escalada das tensões com Israel, que há algum tempo vem realizando ataques militares direcionados e operações contra alvos iranianos - e forças aliadas dos aiatolás - no território, causando também danos à infraestrutura civil.
No domingo, o ministro das Relações Exteriores da Síria, Faisal Mekdad, apelou às Nações Unidas para interromper os "ataques repetidos e sistemáticos", em violação ao Acordo de Desengajamento Militar de 1974 sob a égide da ONU. No domingo, alguns mísseis israelenses atingiram alvos militares no centro da Síria, em particular um centro de pesquisa científica a oeste da província de Hama.
Em um clima de crise e violência, o vigário de Aleppo espera que no tempo pascal a "luz da ressurreição" comece a "brilhar em seus corações" e vencer "as trevas". Neste momento "Cristo venceu a morte [...] ressuscitou do sepulcro e nos precede na Galileia" onde "voltaremos a ouvir a sua palavra".
"Nestas circunstâncias difíceis - acrescenta - não podemos ignorar ou subestimar o sofrimento", mas não devem tornar-se fonte de desespero. Com efeito, é o próprio Jesus que nos "convida a distanciar-nos" dos nossos sofrimentos quotidianos e a encontrar "a força" para continuar o caminho.
“O que estamos vivendo - sublinha Dom Abou Khazen - não é apenas uma crise econômica ou política, mas também uma crise espiritual”. E em tempos de crise, também de espírito, "é bom para nós seguirmos" as palavras de Cristo ressuscitado que nos exorta a voltar "à Galileia". Um regresso aos tempos felizes vividos no passado e onde é possível "reencontrar" o Senhor. Este encontro pode não mudar a realidade externa, o ambiente envolvente de guerra e marginalização, mas favorecerá - conclui o prelado - uma "mudança interior, fortalecer-vos-á perante as dificuldades, reavivar a esperança e vencer a ansiedade e o medo".
*Com Asianews
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