Prote??o de Menores: Confer¨ºncia Episcopal Portuguesa apresenta ?sentido pedido de perd?o? ¨¤s v¨ªtimas de abusos
Ecclesia ¨C Fátima
A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) apresentou nesta quinta-feira, 28, um ¡°sentido pedido de perdão¡± às vítimas de abusos sexuais, no final da 202ª Assembleia Plenária do organismo, que decorreu em Fátima.
¡°Às pessoas que passaram pela dramática situação do abuso no âmbito eclesial, os bispos reafirmam um sentido pedido de perdão, em nome da Igreja Católica, e o empenho em ajudar a curar as feridas. Agradecem também a quem se aproximou para contar a sua dura história, superando compreensíveis resistências interiores¡±, refere o comunicado conclusivo da reunião, divulgado esta tarde.
O texto, enviado à Agência ECCLESIA, aborda a ¡°grave questão dos abusos sexuais de menores e adultos vulneráveis na Igreja¡±.
O presidente da CEP, D. José Ornelas, reafirmou, em conferência de imprensa, o convite para que as pessoas tenham algo a denunciar para que ¡°o façam¡±.
¡°Temos de ter uma clara noção do que existe e como é que o vamos tratar¡±, precisou.
O bispo de Leiria-Fátima assumiu a vontade de ¡°identificar o que há, de forma cabal e clara¡±.
Questionado sobre alegadas recusas de bispos em colaborar com a Comissão Independente para o estudo de casos de abusos sexuais, o responsável sustentou que ¡°ninguém se recusou¡± a responder, indicando que o prazo estipulado apontava para a fase posterior à Assembleia Plenária, iniciada na última segunda-feira.
¡°Não há drama nenhum¡±, declarou, insistindo que há um contacto permanente entre as duas partes.
D. José Ornelas considerou ¡°descabido¡± que se façam, nesta fase, acusações de encobrimento, por parte de bispos no ativo, por considerar que ¡°isso é algo que só o conhecimento dos factos pode determinar¡±.
O ¡®Vos estis lux mundi¡¯ (2019), assinado pelo Papa Francisco, prevê penas para quem falhe na execução das normas previstas.
O presidente da CEP destacou ainda que, em relação aos casos denunciados ao Ministério Público, aguarda com ¡°serenidade¡± a conclusão destes processos, pedindo que ¡°a Justiça não se faça na praça pública¡±.
O bispo de Leiria-Fátima afirmou que o segredo de ¡°nunca vai ser posto em causa¡±, realçando que o mesmo ¡°nunca esteve e nunca estará em questão¡±.
O tema foi objeto de discussão na Austrália e no Chile, por exemplo, onde as autoridades queriam impor a obrigatoriedade de denúncia às autoridades de abusos sexuais de menores reportados durante o sacramento da Confissão, algo rejeitado pela Igreja Católica.
A Assembleia reconheceu, no seu comunicado conclusivo, ¡°a importância das Comissões Diocesanas de Proteção de Menores e Adultos Vulneráveis e consequente constituição de uma Coordenação Nacional para implementar procedimentos, orientações e esclarecimentos que possibilitem um melhor e mais articulado trabalho de todos¡±.
A reunião de Fátima contou com a presença de todos os membros da para o Estudo dos Abusos Sexuais Contra as Crianças na Igreja Católica Portuguesa, coordenada por Pedro Strecht, pedopsiquiatra.
Os trabalhos tiveram ainda a participação da equipa de historiadores e arquivistas, liderada por Francisco Azevedo Mendes, professor da Universidade do Minho, que vai ¡°estudar este drama na vida da Igreja, com o objetivo de chegar, de forma inequívoca e eficaz, ao esclarecimento e à verdade dos factos¡±, através do estudo dos arquivos históricos existentes em cada diocese, ¡°num trabalho de colaboração e confiança mútua com cada bispo diocesano¡±.
A Assembleia agradeceu o trabalho já realizado, desejando que a Comissão Independente ¡°continue a desenvolvê-lo de forma autónoma, com dedicação e competência¡±.
Quanto ao estudo dos arquivos históricos, a Conferência Episcopal Portuguesa e a Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal reiteraram ¡°todo o interesse em colaborar com a Comissão Independente e a Equipa por esta designada, respeitando a Lei Civil, a Lei Canónica e o Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados¡±.
O objetivo da Igreja Católica em Portugal, segundo o presidente da CEP, é que ¡°não restem dúvidas¡± em relação a qualquer documentação que existe.
¡°Tudo vai ser posto à disposição¡±, assinalou D. José Ornelas, manifestando a sua confiança na subcomissão específica que foi constituída.
O Código de Direito Canónico determina, no seu cânone 489, que cada Cúria Diocesana tenha um ¡°arquivo secreto¡±, onde se guardam ¡°os documentos que devem ser conservados sob segredo¡±.
¡°Destruam-se todos os anos os documentos de causas criminais em matéria de costumes, cujos réus tiverem morrido ou que tenham terminado com sentença condenatória há dez anos, conservando-se um breve sumário do facto com o texto da sentença definitiva¡±, refere ainda o código, que no cânone 490 indica que apenas o bispo tenha a chave desse arquivo.
OC
Fonte: ECCLESIA
Foto: Lusa
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