Mísseis iranianos contra base EUA em Erbil: impasse na formação do governo coloca país em risco, diz Patriarca
O Patriarcado caldeu deplora o lançamento de mísseis que, no domingo, 13 de março, espalhou o terror entre a população de Erbil. Diante do grave episódio, conclama as forças políticas a superar o impasse e os vetos cruzados que há meses impedem a formação de um novo governo, enfraquecendo o país e expondo-o a operações desestabilizadoras promovidas por forças externas.
A preocupação foi expressa em comunicado assinado pelo Patriarca Louis Raphael Sako, e divulgado pelos canais oficiais do Patriarcado Caldeu após o lançamento de mísseis que caíram sobre a capital da Região Autônoma do Curdistão Iraquiano.
De fato, à 1 hora da manhã de domingo, 13 de março, 12 mísseis balísticos Fatih-110 de fabricação iraniana foram lançados contra a base dos EUA localizada junto ao aeroporto de Erbil. O prédio recém-construído que abriga o Consulado dos EUA no Curdistão iraquiano também está localizado nas proximidades da área afetada. O lançamento de mísseis - como afirmou à mídia o atual governador de Erbil, Omid Khoshnaw, - não causou vítimas ou feridos, mas apenas danos materiais. A sede da TV local do Curdistão24 também foi danificada.
O ataque com mísseis foi reivindicado pela Guarda Revolucionária Iraniana. Na mensagem em que assumem a autoria do ataque, os Pasdaran iranianos fazem referência à presença de uma "delegação militar israelense secreta" na base estadunidense atingida.
Após a reivindicação, as autoridades de Bagdá convocaram o embaixador iraniano para expressar seu protesto formal sobre o ataque, enquanto dois dos mais importantes partidos iraquianos, a aliança eleitoral "Saeroun" (liderada pelo líder xiita Muqtada al Sadr) e o Partido Democrático do Curdistão, pediram a formação de uma comissão de inquérito para confirmar ou negar a suposta presença de equipes israelenses em Erbil.
O ataque em Erbil também confirma à sua maneira a já crônica debilidade político-institucional do país dos dois rios, sempre permeável a ações terroristas ou incursões organizadas ou realizadas em território iraquiano por aparatos militares e de inteligência ligados a forças estrangeiras.
Perante esta situação, o Patriarcado caldeu reitera que os problemas do país só podem ser resolvidos por meio do diálogo entre as forças políticas e sociais, “para garantir um futuro melhor para todos, e não por meio de armas destrutivas”.
Nas atuais circunstâncias críticas, o Patriarcado caldeu exorta todos os iraquianos a "unir as forças para chegar à formação de um governo nacional capaz de assumir todas as suas responsabilidades, a fim de preservar a segurança do país de qualquer retrocesso, especialmente agora que as relações do Iraque com muitos países, em particular os países vizinhos, começaram a melhorar e há esperança de que possam ser dados novos passos nesse sentido”.
No Iraque, a divisão dos cargos institucionais em base étnica-denominacional exige que o Chefe de Estado seja escolhido entre os representantes políticos curdos, enquanto o Presidente do Parlamento deve ser sunita e o primeiro-ministro deve ser xiita.
As eleições parlamentares realizadas em 10 de outubro de 2021 viram uma afirmação clara da aliança eleitoral liderada pelo líder xiita Muqtada al Sadr, que agora ocupa 73 dos 329 assentos no Parlamento. Por outro lado, o peso parlamentar dos partidos xiitas pró-iranianos saiu das eleições, contestando duramente os resultados. Até agora não foi possível proceder à formação de um novo governo, nem à eleição de um novo presidente.
*Com Agência Fides
Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp