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Armênio segura um crucifixo, em manifestação que recorda o o 15º aniversário da morte do jornalista turco-armênio Hrant Dink (REUTERS/Dilara Senkaya) Armênio segura um crucifixo, em manifestação que recorda o o 15º aniversário da morte do jornalista turco-armênio Hrant Dink (REUTERS/Dilara Senkaya) 

Armênia: Igreja de Mártires

A Igreja Católica está presente na Armênia quase exclusivamente nas regiões do noroeste do país e também existem algumas paróquias no sudoeste da Geórgia, do outro lado da fronteira. Trata-se de áreas pobres e inóspitas, localizadas a mais de 2.000 metros de altitude, onde os invernos são rigorosos e duram até seis meses.

Marco Mencaglia é, há um ano e meio, o responsável pelos projetos de "Ajuda à Igreja que Sofre" na Armênia, entre outros. Assim que a situação da pandemia permitiu, ele visitou a Geórgia e a Armênia pela primeira vez. O objetivo da viagem foi conhecer em primeira mão a situação do país, bem como avaliar as possíveis formas de colaboração da "Ajuda à Igreja que Sofre" com a Igreja local. Kira von Bock-Iwaniuk o entrevistou em seu retorno.

A Armênia, país que pertencia ao antigo mundo cristão, é hoje um enclave cristão em um ambiente islâmico cada vez mais hostil. Você encontrou semelhanças entre a Geórgia e a Armênia ou a situação nos dois países é completamente diferente?

A Geórgia e a Armênia são países vizinhos, mas completamente diferentes em termos de história, cultura, idioma e mesmo o alfabeto. No entanto, a nível eclesiástico, podemos observar várias semelhanças. Em ambos, a Igreja Católica representa uma pequena minoria e sua presença institucional é relativamente jovem, o que não a impede de realizar um trabalho extraordinário no campo social por meio da Caritas e das Congregações religiosas. Além disso, a história da fé cristã é excepcionalmente rica em ambos os países: a Armênia e a Geórgia foram os primeiros países do mundo a adotar o cristianismo como religião oficial já no século IV. Apesar do avanço da secularização, ambos os países continuam a ocupar o primeiro lugar, entre os 34 países europeus, em termos de número de crentes adultos em relação à população total, segundo um estudo do Pew Research Center de 2018. Por fim, ambos os países estão submetidos a uma constante pressão como resultado dos graves conflitos armados na Abkhazia e na Ossétia do Sul e, mais recentemente, em Nagorno-Karabakh. A dramática perda de vidas e a necessidade de lidar com o grande número de refugiados causaram sérias dificuldades para os respectivos governos.

Na sua opinião, qual é o maior desafio para a Igreja na Armênia?

A Igreja Católica está presente na Armênia quase exclusivamente nas regiões do noroeste do país e também existem algumas paróquias no sudoeste da Geórgia, do outro lado da fronteira. Trata-se de áreas pobres e inóspitas, localizadas a mais de 2.000 metros de altitude, onde os invernos são rigorosos e duram até seis meses. Lá, a taxa de desemprego é muito alta e a emigração, permanente ou sazonal, para os países vizinhos é a única opção para muitos. Nesse contexto, é compreensível que a Igreja se dedique intensamente ao trabalho social em favor dos mais vulneráveis ​​para infundir esperança e oferecer uma alternativa ao abandono do país. A Igreja também promove ativamente novas vocações, pois o número de sacerdotes e freiras é muito limitado em relação às necessidades reais dos fiéis. Como a Igreja Católica da Geórgia, a Igreja Católica Armênia não tem seu próprio Seminário Maior, então os futuros padres são divididos entre vários seminários na Europa Ocidental. O projeto de um seminário em Gyumrí - sede episcopal - está atualmente bloqueado por falta de recursos.

A Armênia não só sofreu com o genocídio, mas também foi abalada por catástrofes naturais - o terremoto devastador de 1988 - e, mais recentemente, por outra catástrofe provocada pelo homem, como a expulsão dos armênios de Nagorno-Karabakh. Ainda se percebe repercussões disso? O que a Igreja faz para aliviar o sofrimento? A ACN pode dar-lhe algum apoio?

O terremoto de 1988 afetou precisamente as áreas habitadas por católicos, no noroeste do país. A resposta da Igreja na esfera social foi, como disse antes, muito significativa. A crise mais recente está, obviamente, relacionada ao acolhimento de famílias que fugiram de Nagorno-Karabakh: na situação de emergência no outono de 2020, havia mais de 90.000 pessoas. A rede de assistência internacional foi capaz de atender às necessidades mais urgentes no primeiro ano após o conflito. Agora surge o problema, que os olhos do mundo não estão mais na Armênia, porque o fluxo de ajuda foi drasticamente reduzido. Muitas famílias cristãs perderam tudo e a grande maioria são mães com filhos que continuam a viver em condições precárias. Após a viagem, a ACN aprovou um auxílio emergencial para essas famílias.

A ACN apoia há anos as iniciativas pastorais do Ordinariato Armênio Católico para a Europa Oriental, especialmente os acampamentos de verão para jovens. Como o Ordinariato, com sede na Armênia, também é responsável pelos fiéis armênios católicos na Geórgia, Rússia, Ucrânia e outros países da região, essas atividades têm uma dimensão internacional. Com mais de 200.000 fiéis, é a jurisdição com o maior número de fiéis em toda a Igreja Católica Armênia.

*Com ACN International

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30 janeiro 2022, 07:57