Bispos do Reino Unido sobre suicídio assistido: toda vida tem valor, independente do estado de saúde
Pope
Os bispos da Inglaterra e do País de Gales voltam a se manifestar contra o projeto de lei sobre o suicídio assistido, recentemente aprovado em primeira sessão pela Câmara dos Lordes. Apresentado pela baronesa Molly Christine Meacher, a proposta legislativa permitiria o suicídio assistido para adultos com doenças terminais com menos de seis meses de vida sujeito à aprovação de dois médicos e um juiz do Tribunal Superior.
Há algum tempo a Igreja Católica vem se manifestando contra o projeto e agora reitera sua oposição por meio de uma mensagem em vídeo divulgada no YouTube por Dom Patrick McKinney, bispo de Nottingham. “A prescrição de drogas letais - afirma o prelado - não é uma solução civil para pessoas vulneráveis que buscam um fim digno e sereno”.
“Acabamos de passar por uma pandemia global - acrescenta Dom McKinney - e muitos fizeram enormes sacrifícios para proteger os membros mais vulneráveis de nossa sociedade de um vírus potencialmente mortal.” Esta atitude, explica o bispo de Nottingham, “foi uma demonstração muito clara que, como sociedade civilizada, valorizamos naturalmente a vida de cada indivíduo, independentemente da sua idade ou perfil médico." Pelo contrário, “a introdução de um sistema que autorizaria o suicídio assistido a doentes terminais enviaria a mensagem, ainda que involuntária, de que algumas vidas não merecem que se lute por elas”.
Proibir o suicídio assistido, por outro lado - sublinha o prelado - significa “enviar uma mensagem clara: não nos envolvemos em provocar a morte de outra pessoa, por mais doente ou deprimida que ela se sinta”. Esta, aliás, “é a forma mais segura para proteger os que se encontram no fim da vida de abusos, coerções ou mesmo pressões psicológicas, a ponto de optar pela morte assistida por medo de sobrecarregar os seus entes queridos”.
Dom McKinney recorda a seguir, que “segundo a legislação nacional, os médicos têm o dever de fazer tudo o que estiver ao seu alcance para que a morte seja uma experiência pacífica e digna. Oferecer uma receita letal a pacientes desesperados, por outro lado, representaria uma mudança perturbadora em nossa cultura do cuidado."
Por fim, o prelado convida todos os fiéis da Diocese de Nottingham a se inscreverem para uma conferência on-line sobre o tema “A morte assistida: uma vitória para a autonomia pessoal ou uma perda para a sociedade civil?”.
O evento será realizado na quinta-feira, 9 de setembro, às 19h30, na plataforma do Zoom e contará com o depoimento da ex-campeã paralímpica Tanni Gray-Thompson: obrigada a viver em uma cadeira de rodas por ter a espinha bífida, a mulher ainda é uma das atletas que mais medalhas conquistou nos Jogos Paraolímpicos (16 medalhas das quais 11 de ouro).
“Seremos realmente privilegiados - conclui o prelado - em poder ouvir as reflexões de quem lutou corajosamente contra a discriminação da deficiência e que conhece tão claramente os desdobramentos do projeto de lei Meacher, quer para as pessoas com deficiência como para a nossa sociedade em geral”.
Vaticano News Service – IP
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