Faleceu aos 95 anos padre Shih, uma ponte com a China
Debora Donnini - Cidade do Vaticano
Desde a juventude padre Joseph Shih, nascido em 1926 em Ningbo, na Província de Zhejiang, China, dedicou-se inteiramente no serviço à Igreja. Em 1957 foi ordenado sacerdote na Catedral de Baguio, nas Filipinas. Depois veio para Roma, onde lecionou na Pontifícia Universidade Gregoriana por 35 anos e por 30 anos trabalhou na Seção Chinesa da Rádio Vaticano. Ao longo dos anos, colaborou com a Santa Sé em muitas questões relativas à China. Voltou mais tarde para a China, retornando à Itália com frequência. Com o advento da pandemia, não pode mais voltar ao seu país natal.
Em 28 de agosto o sacerdote completou 95 anos, 77 dos quais vividos como jesuíta. Sua morte ocorreu na manhã de quinta-feira, 2, na enfermaria "San Pietro Canisio", em Roma. Recorda de seu confrade na entrevista ao Pope padre Lombardi, que em 1991 se tornou diretor de programas da Rádio Vaticano, e da qual foi diretor geral de 2005 a 2016. Atualmente o jesuíta é presidente da Fundação Vaticana Joseph Ratzinger- Bento XVI:
Eu era muito afeiçoado ao padre Shih, em particular porque convivi com ele na mesma comunidade e trabalhei com ele na Rádio Vaticano por muito tempo. Ele já havia começado antes de eu chegar à Rádio Vaticano. Ele era um homem extremamente cortês, gentil, amável e trabalhador. Lembro-me bem dele, ao longo de quase todo o dia trabalhando na Seção Chinesa da Rádio, e acompanhando o trabalho dos seus colaboradores. Foi - e continua a ser - uma obra gigantesca, porque a emissão em chinês da Rádio Vaticano em todos os anos de serviço do padre Shih, era uma transmissão que durava 42 minutos completos de áudio. Portanto, havia uma quantidade extremamente grande de texto, que era preparado e lido no microfone todos os dias. O padre Shih foi depois um dos primeiros da Rádio Vaticano a ter plena consciência da importância da Internet e por isso se empenhou em publicar no site da Rádio, a página em chinês, os textos das transmissões, textos que eram não só de informação mas, mais ainda, de formação religiosa e cultural, e publicou - creio eu - em seus anos, dezenas de milhares de páginas em chinês no site da Rádio Vaticano na Internet, com materiais muito interessantes. Em particular, gostaria de recordar toda a tradução de um belo livro do padre Vanhoye, o cardeal jesuíta biblista, falecido recentemente, que era de homilias e comentários sobre a Sagrada Escritura, muito úteis para a pastoral. O padre Shih trabalhou muito para traduzi-lo na íntegra. Esta foi apenas uma das contribuições publicadas no site chinês da Rádio Vaticano. Portanto, seu trabalho foi realmente enorme, realizado com fidelidade todos os dias por décadas, junto com seus colaboradores, pelo bem dos ouvintes chineses e da Igreja na China.
Ou seja, ele teve um papel relevante na Rádio Vaticano, mas também como professor da Pontifícia Universidade Gregoriana...
Sim. Nós sempre consideramos que alguns dos programas da Rádio, em particular para países que também apresentavam dificuldades para a vida da Igreja, como a China ou o Vietnã, eram programas fundamentais. O padre Shih, que justamente passou sua vida em Roma - pois durante a sua formação a situação na China havia mudado e por isso teve que ficar para estudar e trabalhar fora da China - era professor na Universidade Gregoriana não só de História e Cultura chinesa, mas também de Catequese missionária. Portanto, desempenhou um importante serviço no campo da missiologia e das relações com as culturas do Oriente. Assim, o padre Shih também é um estudioso. Depois de ter concluído o serviço "em tempo integral" na Rádio Vaticano em 2008, ficou muito feliz por poder regressar à China. Voltou para Xangai, onde também tinha parentes, e passou a maior parte do seu tempo - a partir de 2008 - na China, em Xangai, morando na diocese, servindo na paróquia, atendendo confissões, sendo um homem de conselho para muitas pessoas, e portanto, exerceu os últimos anos de seu ministério principalmente na China. No entanto, retornava a Roma todos os anos, onde ficava por um ou dois meses: foi uma verdadeira ponte com a China dos nossos tempos, onde viveu com muito equilíbrio, sabedoria e empenho sacerdotal. Sua visão da situação na China nos últimos anos sempre foi muito equilibrada e fundamentalmente construtiva e otimista, mantendo assim sempre uma atitude de serenidade, equilíbrio e julgamento que muito nos ajudou a olhar com confiança e construtivamente o que poderia ser feito e ainda se pode fazer pela Igreja na China.
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