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Madeira apreendida pela Pol¨ªcia Federal com sede em Manaus. (Foto: Bruno Kelly) Madeira apreendida pela Pol¨ªcia Federal com sede em Manaus. (Foto: Bruno Kelly) 

Dom Cl¨¢udio: ¡°A crucifica??o da Amaz?nia desencadeia sofrimento para muitos filhos e filhas de Deus¡±

Dom Cl¨¢udio convida a celebrar o Dia da Amaz?nia ¡°atentos ¨¤ destrui??o atual¡±, insistindo em que ¡°esse olhar objetivo deve nos engajar na luta pela preserva??o e no cuidado com a Amaz?nia e com a Casa Comum¡±. Tamb¨¦m faz um chamado a realizar ¡°pequenos gestos simb¨®licos, como plantar uma ¨¢rvore, revitalizar o jardim de casa ou buscar informa??es sobre como e onde s?o produzidos os alimentos que compartilhamos nas mesas de nossas casas¡±.

Padre Modino ¨C CELAM

Muita gente se imagina a Amazônia como uma floresta sem fim, como rios de águas puras, um lugar donde os povos que a habitam vivem em paz e em harmonia. Mas na verdade estamos ante uma região onde ¡°o desastre ambiental que alcança dimensões absurdas não pode, neste momento, ser interpretado, senão, como morte, paixão¡±.

Quem assim fala é o cardeal Cláudio Hummes, afirmando isso com motivo do Dia da Amazônia, que o Brasil celebra no dia 5 de setembro. Em um texto escrito pelo presidente da Comissão Episcopal Especial para a Amazônia da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), ele se questiona como celebrar o Dia da Amazônia. Baseado na psicologia, o purpurado afirma que ¡°somente a partir do momento em que os problemas são encarados objetivamente é que se torna possível curá-los ou lidar com eles de maneira melhor¡±.

Dom Cláudio cita Elie Wiesel, sobrevivente judeu dos campos de concentração nazistas e Nobel da paz em 1986. Ele afirmou que ¡°a indiferença é a raiz de todo mal. Segundo ele, é a indiferença, e não ódio, que se opõe ao amor. É ela, e não a morte, que se opõe à vida. É ela, e não a heresia, que se opõe à f顱. Daí ele conclui que ¡°precisamos celebrar o Dia da Amazônia, embora ela esteja, talvez mais do que nunca, em sua hora de cruz¡±, insistindo em que ¡°não ser indiferente exige de cada pessoa certo compromisso¡±.

O cardeal denuncia que ¡°a Amazônia está ardendo em chamas por incêndios, muitos dos quais provocados intencionalmente, e pela falta de políticas públicas de combate, controle e mitigação das queimadas¡±. Ele cita dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), que mostram que ¡°somente no mês de agosto foram registrados 2.228 focos de incêndio. Mais que o dobro em relação a 2020¡±.

Segundo o presidente da Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), ¡°a Amazônia está tombando sob o avanço do agronegócio, da mineração e do garimpo ilegal, e minguando aceleradamente em hectares de floresta em p顱. Ele denuncia o avanço dos projetos do chamado ¡°desenvolvimento¡±, ¡°especialmente com a fragilização da fiscalização ocorrida nos últimos anos e com o desmonte de órgãos e políticas de salvaguarda socioambientais¡±.

O cardeal augura um cataclismo anunciado, sustentando sua opinião no recente relatório que vaticina um aumento da temperatura global. Ele também denuncia o agronegócio, que tornou lucro o cultivo de alimentos, envenenando ¡°os alimentos e, por conseguinte, a terra, as águas e os ares¡±, um modo de produção que ¡°além de desrespeitar a natureza, acaba produzindo fome e miséria¡±, denunciando o avanço da monocultura no Brasil, que tem como foco a exportação, nas custas da ¡°nossa água, nossas florestas e toda a biodiversidade que morre com a chegada do agronegócio¡±.

¡°A crucificação da Amazônia desencadeia sofrimento para muitos filhos e filhas de Deus¡±, denuncia Dom Cláudio. Ele insiste em que ¡°os povos indígenas estão sob o risco de perder o direito de posse aos seus territórios já tão invadidos. Aos ribeirinhos restam rios secando e águas poluídas pelos agrotóxicos e rejeitos da mineração¡±. Uma realidade constatada pelo Papa Francisco em Laudato Si¡¯: ¡°o ambiente humano e o ambiente natural degradam-se em conjunto¡±.

No Dia da Amazônia, o presidente da Comissão para a Amazônia faz um chamado a ser realistas e esperançosos. Isso se sustenta no fato de que ¡°no meio da noite mais escura que a luz da ressurreição se impôs¡±, e que ¡°foi atravessando o deserto que nossos pais na fé chegaram à terra prometida¡±. Daí afirma que ¡°há que se ter esperança, e há também que se enveredar na construção de modelos sustentáveis de produção, consumo e economia¡±.

Dom Cláudio convida a celebrar o Dia da Amazônia ¡°atentos à destruição atual¡±, insistindo em que ¡°esse olhar objetivo deve nos engajar na luta pela preservação e no cuidado com a Amazônia e com a Casa Comum¡±. Também faz um chamado a realizar ¡°pequenos gestos simbólicos, como plantar uma árvore, revitalizar o jardim de casa ou buscar informações sobre como e onde são produzidos os alimentos que compartilhamos nas mesas de nossas casas¡±. Sinais que nos levam a ¡°afirmar com certeza que a querida Amazônia, vivendo, agora, a paixão, tão logo verá essa morte transformada em ressurreição¡±.

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05 setembro 2021, 17:26