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Cidade de Mosul ainda com as marcas dos combates entre exército regular e jihadistas do Estado islâmico pela retomada da cidade Cidade de Mosul ainda com as marcas dos combates entre exército regular e jihadistas do Estado islâmico pela retomada da cidade 

Para sacerdote caldeu, volta do Talibã lança incerteza sobre futuro do Iraque

A tomada do poder pelo Talibã no ڱ𲵲Ծã, após a retirada das tropas dos Estados Unidos, trouxe à lembrança o surpreendente avanço dos milicianos do Estado Islâmico no verão de 2014 no Iraque, que colocou em fuga milhares de cristãos, yazidis e outras minorias da Planície de Nínive e norte do Iraque. O temor, é que a retirada das tropas da coalizão internacional do Iraque leve ao colpso do exército e que grupos fundamentalistas tentem assumir o controle da nação.

A retirada dos soldados estadunidenses, a queda de Cabul e a ascensão ao poder do Talibã no Afeganistão fez com que muitos iraquianos recordassem do dramático destino de Mosul no verão de 2014 pelo autoproclamado Estado islâmico.

A afirmação à Agência Asianews é do padre Paolo Thabit Mekko, até agora responsável pela comunidade cristã de Karamles, na Planície de Nínive, e nomeado bispo coadjutor de Alqosh (Curdistão iraquiano) durante o Sínodo caldeu realizado de 9 a 14 de agosto.

“Na época - sublinha o sacerdote, há anos empenhado no cuidado pastoral dos refugiados cristãos, muçulmanos e yazidis que fugiam dos jihadistas - as tropas iraquianas se retiraram e o Daesh se apossou das armas abandonadas, assumindo o controle do território”.

Nestes dias, a atenção da comunidade internacional, de ONGs e grupos ativistas está voltada para o destino da população afegã, especialmente das mulheres, que correm o risco de uma repressão dramática sob o governo do Talibã. Muitos procuram uma fuga desesperada e os que ficam temem sofrer as represálias dos estudantes do Alcorão, partidários de um "emirado islâmico", no qual os "direitos" reconhecidos às mulheres são de acordo com os "ditames da sharia, a lei islâmica".

À exemplo do que ocorreu no Afeganistão, teme-se que a retirada das tropas da coalizão internacional capitaneada pelos Estados Unidos leve a uma extinção do exército regular do Iraque e que o país caia nas mãos de grupos fundamentalistas ainda ativos na região e responsáveis por ataques contra civis e objetivos militares.

“Nos últimos tempos no Iraque - observou padre Paolo - circulam rumores sobre uma possível retirada dos soldados estadunidenses. São notícias que alimentam medos e preocupações, porque no caso de sua saída repentina acontecerá o mesmo que aconteceu no Afeganistão”.

A situação hoje "não é tranquila" e "a cada pouco ocorrem ataques contra cidades e alvos sensíveis", incluindo as bases dos Estados Unidos presentes na área. “Ações do ISIS ou daqueles [como milícias ou grupos paramilitares] que estão interessados ​​em criar ou fomentar confusão”, diz o sacerdote iraquiano.

A atenção volta-se agora para "a mentalidade que governará Cabul", para a visão de mundo do Talibã que é "em tudo semelhante à do ISIS, um domínio da escuridão e das trevas".

Naturalmente – sublinhou padre Paolo Mekko -  "o Iraque de hoje não é o Afeganistão, mas está claro que a saída da coalizão tornará esses grupos ainda mais fortes no país".

Nesse contexto, a opinião pública e os usuários das redes sociais apontam o dedo ao que chamam de "infidelidade americana" e à política de uma nação "que faz e desfaz, deixando para trás apenas um rastro de confusão".

Neste contexto de “incertezas”, conclui, “a passagem chave é representada pelas próximas eleições de outubro, que ainda hoje se encontram em equilíbrio e com risco de serem anuladas”.

*Com Asianews

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20 agosto 2021, 10:13