Assassinato de Mo?se: firme condena??o dos bispos que apelam ao di¨¢logo
Isabella Piro ¨C Pope
Um assassinato "inadmissível e escandaloso": é assim que a Conferência Episcopal do Haiti (CEH) define em uma nota o assassinato do presidente Jovenel Moïse, morto a tiros por um comando de homens armados que entraram em sua residência na noite entre 6 e 7 de julho.
No ataque, a esposa do Chefe de Estado, Martine Moïse, ficou ferida gravemente e foi transferida para um hospital em Miami. Duas pessoas foram presas até agora, definidas pela polícia como "mercenários", enquanto outros quatro homens envolvidos no assassinato foram mortos.
Deplorando com veemência o ocorrido, os bispos dizem estar "chocados", ao mesmo tempo que expressam proximidade e oração aos familiares e amigos das vítimas. ¡°Este triste acontecimento - lê-se na nota - marca uma deplorável virada na nossa história como povo, infelizmente ditada pela escolha deliberada da violência, escolha feita há algum tempo por muitos setores da população como forma de sobrevivência e resolução de conflitos".
Mas ¡°a violência só pode gerar violência e levar ao ódio - reiteram os bispos haitianos - Nunca ajudará nosso país a sair de um impasse político que só pode ser resolvido por meio do diálogo, do consenso, do espírito de compromisso pelos interesses superiores da nação, pelo bem comum do país¡±.
Disto, o apelo sincero da CEH a todos os "filhos e filhas do Haiti" para que "superem o orgulho pessoal e os interesses de parte" para "buscarem juntos, em torno de uma mesa, uma solução nacional há muito esperada pela população e ditada pelo amor pelo Haiti e nossos valores como povo¡±.
"Deponham as armas! Escolham vida!¡±, é o grito lançado pela CEH. ¡°Escolham a convivência fraterna no interesse de todos e no interesse do Haiti!¡±.
A nota, que abre com o quinto mandamento, ¡°Não matarás¡±, termina com uma oração ao Senhor para que, com a intercessão da Virgem Maria, Senhora do Perpétuo Socorro, Padroeira do país, ¡°liberte o Haiti dos laços do ódio e do mal".
A recordar, que a ilha caribenha atravessa já há algum tempo uma grave crise política, econômica e social: após o devastador terremoto de 2010, que deixou 250.000 mortos e 300.000 feridos, a nação viu a pobreza e a violência aumentarem, perpetradas por gangues armada, os chamados "esquadrões da morte", que semeiam terror e realizam sequestros com o objetivo de extorsão, em um contexto de impunidade quase total.
Só em abril, 5 sacerdotes, 2 religiosas e 3 leigos foram sequestrados em Croix-des-Bouquets, perto da capital, Porto Príncipe.
No plano político, a presidência de Moïse, no poder desde 2017, foi marcada por uma falta crônica de Parlamento e por contínuos decretos. Também provocou muita polêmica o referendo constitucional, agendado para 26 de setembro, para acentuar os poderes do Chefe de Estado, bem como as eleições legislativas, marcadas para janeiro de 2020 e sujeitas a adiamentos contínuos. Para agravar a situação, a pandemia de Covid-19 que causou mais de 19 mil infecções e 460 mortes.
Pope Service - IP
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