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“Um evento sem precedentes com um valor imenso para a comunidade católica colombiana”: assim a Conferência Episcopal da Colômbia (CEC) definiu em uma mensagem o ato de entronização de um mosaico da Virgem de Chiquinquirá nos Jardins Vaticanos. A cerimônia foi realizada na sexta-feira, 9 de julho, na presença do cardeal Giuseppe Bertello, presidente do Governatorato do Estado da Cidade do Vaticano, por ocasião do 102º aniversário da coroação canônica da Padroeira da Colômbia.

“Este gesto - continua a mensagem do episcopado - é um profundo testemunho da vocação do povo colombiano à Virgem Mãe que se manifestou em Chiquinquirá, com a milagrosa renovação de sua imagem em 1586”.

Pintada em 1563 sobre tela de algodão, tecida segundo a arte indígena e colocada em uma capela com o tetode  palha, a imagem sacra se deteriorou com o tempo e foi transferida para outro local. Em 1586, porém, ocorreu um acontecimento prodigioso, conhecido como "renovación": as cores da tela reencontraram seu antigo esplendor, sem a mão do homem intervindo para a restauração.

A CEC agradece então ao Papa Francisco por ter "aceito e encorajado" o projeto de entronização do mosaico mariano e aproveitou a ocasião para sublinhar que, embora ausente da cerimônia devido à sua hospitalização no Policlínico Gemelli, o Pontífice manifestou “sua proximidade com o povo colombiano neste momento de espiritualidade”.

Os agradecimento dos prelados são dirigidos também ao Embaixador da Colômbia junto à Santa Sé, Jorge Mario Eastman Robledo, que “com vontade, determinação e generosa dedicação” trabalhou arduamente para levar a cabo esta iniciativa, bem como aos Padres Dominicanos que aderiram a esta “festa da fé, prolongando a missão evangelizadora que realizam há muitos anos no Santuário de Chiquinquirá” e contribuindo também materialmente para a realização do mosaico mariano.

No evento de sexta-feira, os bispos viram também "um sinal de esperança", certos de que Nossa Senhora "que não abandonou o povo colombiano desde as suas origens remotas, não deixará de interceder pelo complexo momento histórico" vivido neste momento. Graças à sua intercessão, o país poderá reencontrar “a reconciliação e a paz de que tanto temos necessidade”, concluem os prelados.

A recordar, que há mais de dois meses a Colômbia enfrenta tensões, na origem das quais está a reforma tributária proposta pelo governo, que prevê um aumento geral dos impostos sobre os produtos e sobre os rendimentos médios. A população foi às ruas para protestar. As manifestações, em sua maioria pacíficas, geraram uma resposta violenta das forças governamentais que atingiram duramente a multidão, especialmente os manifestantes mais jovens. O resultado foram atos brutais da polícia, incluindo desaparecimentos forçados, violência sexual e dezenas de mortes. Após os protestos, o projeto de reforma tributária foi retirado e dois ministros do governo renunciaram.

No entanto, desde então, os colombianos continuam a se manifestar, para apontar para os muitos problemas sistêmicos que afetam o país, incluindo um aumento significativo na desigualdade e níveis crescentes de pobreza.

Os dados, de fato, falam de 21 milhões de pessoas em situação de pobreza financeira e 7 milhões em pobreza extrema. A tudo isso se soma, por fim, a falta de acesso aos serviços básicos, como saúde e educação, bem como a grave emergência sanitária do coronavírus que, até o momento no país, já causou 4,47 milhões de infecções e 112 mil mortos.

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