EUA: bispos contrários à abolição da emenda Hyde sobre o financiamento público ao aborto
Pope
“Nenhum membro da nossa grande nação é mais fraco, mais vulnerável e menos protegido do que o bebê no ventre materno”. Foi o que recordaram os bispos dos Estados Unidos em uma nota, em que pedem ao Congresso para não aprovar a proposta contida no novo plano de orçamento federal para abolir a emenda Hyde sobre o financiamento público ao aborto. A emenda, introduzida em 1976 com apoio bipartidário e confirmada por sucessivos governos, quer republicanos como democratas, proíbe o uso do dinheiro do contribuinte para financiar o aborto, com exceção em casos de estupro, incesto ou quando a vida da mãe estiver em risco.
Segundo os bispos estadunidenses, admitir o financiamento público ao aborto é um "fracasso do apoio que o Estado deveria dar à maternidade e equivale a financiar "o desespero e a morte em vez da esperança e da vida".
“Todas as mulheres merecem receber fundos que lhes permitam cuidar e alimentar seus filhos, para acolhê-los em um ambiente de amor e estabilidade”, diz a declaração, assinada por Dom Joseph F. Naumann, presidente da Comissão Episcopal para atividades pró-vida.
“Os fundos públicos – acrescenta ele - seriam gastos muito melhor no apoio a mulheres com gravidez problemática e as novas mães necessitadas, de modo que nenhuma mulher se sinta pressionada por dificuldades econômicas para realizar um aborto”, acrescenta ele.
Neste sentido o apelo aos líderes políticos para que trabalhem por um orçamento que “sirva verdadeiramente para construir o bem comum de todos”: não somente, portanto, para a aprovação das numerosas medidas propostas pela Administração em favor dos mais vulneráveis, que os prelados apoiam, mas também para manter a emenda Hyde e as relativas disposições "que protegeram milhões de crianças ainda não nascidas e mães em dificuldade pela tragédia do aborto".
Os bispos estadunidenses já haviam expressado suas preocupações pelo sinal verde para o financiamento público do aborto em março passado - por ocasião da apresentação do "Plano de resgate americano" do presidente Biden para reanimar o país após a pandemia de Covid-19 - quando haviam advertido que abandonar a linha até então seguida por todas as administrações após "um antigo acordo bipartidário de longa data que respeita a consciência de milhões de americanos" levava ao risco de "criar novas divisões" no país.
Uma primeira ruptura com os bispos havia ocorrido em janeiro quando Biden, recém-empossado na Casa Branca, havia assinado um decreto para permitir o envio de recursos públicos a organizações que promovem e realizam o aborto em países em desenvolvimento, revertendo a chamada "Política da Cidade do México" (Mexico City Policy) que separa o aborto das atividades de planejamento familiar e, portanto, impede as ONGs envolvidas em práticas de aborto de receber financiamento público dos Estados Unidos. Uma disposição que os bispos rejeitaram, portanto, como "contrária à razão, à dignidade humana e incompatível com o ensino católico".
A recordar que a "Política da Cidade do México" foi restaurada pelo governo Trump, que em 2017 introduziu o Protecting Life in Global Health Assistance – Plgha (Protegendo a Vida na Assistência à Saúde Global, em tradução livre), estendendo esta política também a grupos que promovem o aborto.
Pope Service - LZ
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