Sonho do Beato Donizetti se tornará realidade no Santuário de Tambaú-SP
Dom Antonio Emidio Vilar, SDB*
O Santuário Nossa Senhora Aparecida de Tambaú é o segundo mais visitado do Estado Paulista, com milagres atribuídos ao Beato Donizetti Tavares de Lima, sacerdote diocesano falecido há 60 anos.
Ele nasceu em Cássia-MG no dia 03 de janeiro de 1882. Seu pai Tristão, advogado, o guiou à música. Sua mãe, Francisca Cândida, professora, gravou nele o amor a Nossa Senhora Aparecida. Estudou em Franca, Sorocaba e em São Paulo, onde foi organista e professor de música. Com 21 anos buscou o sacerdócio e estudou filosofia no Seminário de São Paulo. Em Pouso Alegre-MG, terminou seus estudos e foi ordenado sacerdote em 12 de julho de 1908. Exerceu seu ofício em Campanha-MG, Jaguariúna-SP, Vargem Grande do Sul-SP e em Tambaú de 12 de junho de 1926 a 16 de junho de 1961, quando faleceu.
A chegada da imagem da Padroeira do Brasil
Padre Donizetti assumiu a Paróquia Santo Antônio, em Tambaú-SP, em 24 de maio de 1926. Logo que chegou, encomendou a réplica da imagem, vinda de Aparecida. A recepção aconteceu na Estação de Trem e foi conduzida em procissão até a Matriz. Chovia muito, e o fato testemunhado por todos é que ninguém se molhou.
A imagem da Mãe Aparecida sai intacta do incêndio
No dia 11 de outubro de 1929 aconteceu “o milagre”. Um curto circuito provocou incêndio na Matriz e a destruiu toda. Das 23 imagens presentes ali, restou intacta só a da Padroeira do Brasil. Padre Donizetti pegou-a no meio das cinzas, abraçou-a e a levou à casa paroquial, escrevendo no livro da paróquia:
“Atestamos que a 11 de outubro de 1929, às 8 horas, irrompeu, imprevistamente, pavoroso incêndio na Matriz Local, destruindo tudo. 22 imagens forma reduzidas a cinzas, restando, do edifício, apenas as paredes revestidas de reboco. Entretanto, ilesa, ficou a imagem de Nossa Senhora Aparecida, com o manto de seda, o que causou profunda impressão em todos. Será perpetuado o fato insólito em suntuosa igreja que será construída no centro da cidade, à rua Santo Antônio, para conservação da milagrosa imagem.” (Assinado por inúmeras pessoas de todas as classes sociais. Tambaú, 07 de setembro de 1946. Vigário Padre Donizetti Tavares de Lima)
Tal fato, o Beato Donizetti registrou com muitas assinaturas, pois dizia a quem lhe perguntava:
“Daqui a 50 ou 60 anos ninguém vai saber do ocorrido. Assim, fica registrado.”
O Beato Donizetti quis “perpetuar o fato insólito com a conservação da milagrosa imagem em suntuosa igreja construída no centro da cidade, à rua Santo Antônio”. Em vida, não pôde realizar seu sonho por obediência às autoridades eclesiásticas. O Santuário só foi construído após sua morte, cuja pedra fundamental foi lançada no dia 1º. de novembro de 1961. Sua conclusão se deu no ano de 1966. Como o motivo da construção do Santuário, seria o de abrigar a imagem milagrosa, concluímos que aquele sonho ainda não se realizou totalmente. Agora chegou o momento esperado.
O sonho do Beato Donizetti vai se realizar
No dia 06 de março passado, recebi em mãos o pedido do Prefeito de Tambaú, Dr. Leonardo T. Spiga Real, do Reitor do Santuário, Pe. Paulo Sérgio de Souza, do Vigário, Pe. Agnaldo José dos Santos, e do Pároco Pe. Edward Gregório Júnior, da Paróquia Santo Antônio que abriga a imagem milagrosa, com a aceitação de seu conselho. A aprovação do pedido, por mim, foi imediata.
No dia 31 de março de 2021, em uma coletiva de imprensa realizada no Santuário de Tambaú, foi divulgada a data da entronização da imagem milagrosa. O sonho do Padre Donizetti de abrigá-la em seu Santuário, vai se completar no dia 16 de junho de 2021, sessenta anos após sua morte. Esta é a data do Jubileu de Diamante da Páscoa do Beato Donizetti. A cada ano, nesta data, acontece a tradicional “Marcha da Fé” que reúne dezenas de milhares de pessoas na cidade de Tambaú.
O manto branco da imagem milagrosa
É branco o manto de seda da imagem de Nossa Senhora Aparecida que o Beato Donizetti resgatou intacta no incêndio ocorrido no dia 11 de outubro de 1929 na Matriz Santo Antônio de Tambaú. Assim sendo, a cor branca do manto que cobre a imagem será conservada em sinal de respeito ao Beato que assim revestia a imagem de Nossa Senhora Aparecida, Mãe de Deus e nossa.
Dom Vilar é Bispo Diocesano de São João da Boa Vista
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