Arcebispo do Rio comenta decisão do STF sobre realização de missas e cultos na pandemia
Silvonei José e Andressa Collet - Pope
A pandemia da Covid está entre os 30 assuntos que serão aprofundados pelos bispos do Brasil que, a partir da próxima segunda-feira (12), estarão reunidos em modalidade virtual para a 58ª Assembleia Geral Ordinária da CNBB. Diante do agravamento do quadro brasileiro na disseminação da Covid-19, com recorde negativo no número de mortes, o debate sobre a realização de celebrações religiosas tem se intensificado no país.
Nesta quinta-feira (8), através de decreto, o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou que estados e municípios possam regulamentar a realização ou não de missas e cultos presenciais durante a pandemia. Na prática, o plenário da corte derrubou a decisão do ministro Kassio Nunes Marques, na véspera da Páscoa, que liberava tais atividades religiosas.
STF proibiu os cultos no Brasil?
O Pope ouviu o arcebispo do Rio de Janeiro, dom Orani João Tempesta, sobre essa decisão e a abertura das igrejas diante da situação crítica do Brasil que tem exigido cautela e responsabilidade de todos. Ele comentou da probabilidade da questão ser direcionada pelo viés ideológico de que “o STF agora proibiu a realização dos cultos em todo o Brasil. E isso não é verdade”:
“Isso não significa que o STF mandou fechar todas as igrejas do Brasil, mesmo porque há uma diversidade muito grande neste país continental e isso está na mão dos estados e dos municípios. E, ontem, foi justamente referendado que é missão, principalmente dos municípios, verificar e organizar essa questão do fechamento dos locais. Aqui no Brasil há uma diversidade muito grande, tanto dos estados como dos municípios, com relação a isso: alguns locais não proibiram a abertura das igrejas, mas proibiram as celebrações, as aglomerações ou as pessoas dentro da igreja - mas elas estão abertas. Outros lugares em que estão fechadas e não podem se quer entrar na igreja. Em outros lugares existe a abertura das igrejas e a possibilidade de celebração dos Sacramentos com restrições de número de pessoas, que varia o número de 40%, de 25%, de 30% do número da capacidade do templo. Há, portanto, uma diversidade grande de soluções, conforme o município em que se está, segundo o prefeito que consulta as pessoas da Ciência pra verificar como faz com relação às várias questões.”
A Igreja é favorável à vida
Algumas celebrações da Semana Santa deste ano no Rio de Janeiro, por exemplo, foram suspensas em respeito às restrições impostas pela pandemia para conter o avanço do coronavírus. Já as missas nas paróquias foram realizadas segundo os protocolos sanitários e transmitidas pelas redes sociais.
“Este é o momento em que nós somos também responsáveis para poder fazer o melhor para diminuir as contaminações e as mortes, e a Igreja sempre foi favorável à vida e sempre está preocupada com a vida. Porém, ao mesmo tempo, sabe da importância das celebrações e de que o povo necessita realmente de poder ter um momento de oração também presencial. E as nossas Igrejas são lugares bastante seguros: quase é o único lugar que tem aferição de temperatura na chegada, tapete higienizador de sapatos, álcool em gel nas igrejas, ao mesmo tempo a obrigatoriedade do uso de máscara, distanciamento, sinalização de locais nas igrejas, orientações para não ter aglomeração, depois de cada celebração a higienização também dos bancos especiais com produtos especiais. Ou seja, a igreja é um dos lugares mais seguros, de saber que ali realmente estamos isentos do vírus, enquanto que em outros locais nem sempre tem esse mesmo cuidado tem a Igreja. Então, por isso mesmo, eu creio que cada município vai regulamentar e ao mesmo tempo saber que o povo necessita também de celebrar a sua fé, com responsabilidade para poder realmente nesse tempo de pandemia viver intensamente a sua fé, porém, com responsabilidade de não haver contaminações e diminuir as mortes. É o que nós desejamos e o que nós rezamos também nesse sentido.”
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