Encontro entre religi?es: Papa Francisco leva mensagem de fraternidade ao Iraque
Manuel Cubías ¨C Pope
O Pe. Naim Shoshandy confessa que na terra onde nasceu viu o horror da guerra e conhece em primeira mão o sofrimento e a perseguição. Em entrevista ao Pope, ele contou que o irmão Raid foi assassinado em Mosul por ser cristão: tanto ele quanto a família tiveram que fugir da cidade, de Qaraqosh para Erbil, quando em 2014 o Estado Islâmico atacou e tomou a cidade onde havia uma importante minoria cristã.
Perdoar é acreditar no Deus da vida
O sacerdote disse que também sofreu a perda do pai devido a um câncer. Todas essas experiências lhe permitiram descobrir a força do perdão, tanto em relação àqueles que mataram o seu irmão quanto em relação à experiência de perseguição. Isso só é possível, afirmou o Pe. Naim, "graças a Jesus porque sempre nos ensinou a perdoar e a rezar pelas outras pessoas¡±, porque ¡°Deus é um Deus de amor, de paz. Nosso Deus não dá forças para matar ou para a violência¡±, acrescentou ele.
As guerras deixam marcas profundas nas pessoas e nas sociedades. No caso do Iraque, os cristãos experimentaram medo, insegurança, rejeição e até mesmo a morte, mas a vivência profunda da fé os manteve firmes e agarrados à mão do Deus da vida.
Como esperam a chegada do Papa?
Questionado sobre a visita do Papa Francisco, em viagem apostólica que começa na sexta-feira, 5 de março, o sacerdote disse que "o povo do Iraque lhe dará uma calorosa acolhida, porque estará realizado um sonho tão esperado por pelo menos 20 anos. O povo está feliz e entusiasmado. Estão esperando o Papa de braços abertos, não apenas os cristãos, mas também as pessoas de outras religiões. Todas as medidas de segurança possíveis estão sendo tomadas porque é a primeira vez que um Papa visita o Iraque: a terra de nosso pai, Abraão, e a terra do profeta Jonas", disse ainda Pe. Naim.
Francisco no Iraque e Oriente Médio
A visita de Francisco assume um significado especial, salientou o padre iraquiano, porque "o Santo Padre tem um lugar especial no coração dos cristãos, na Igreja Oriental. O Papa está vindo para o Iraque e para o Oriente Médio. Isso significa que virá visitar os cristãos e povos que vivem em estado de dúvida e de medo e que passaram por momentos difíceis por causa das guerras. Agora, eles receberão o seu apoio e incentivo".
"O Papa vai trazer consigo a esperança de melhorar a liberdade religiosa no país", disse o sacerdote, que acrescentou: "esta visita é uma peregrinação na qual encontramos uma mensagem de irmandade e fraternidade. Encontramos isso na última carta, Fratelli tutti, que tem um significado não só para os cristãos, mas para todas as pessoas nestes países. Parar com as guerras, com as dificuldades e com a morte. Devemos gerar paz, confiança, estabilidade e solidariedade humana. Esperamos muito do Santo Padre. Esta visita será um momento poderoso para que ele revele a verdade. Para mim, é um ato muito corajoso que dá esperança, especialmente nestes tempos difíceis que todos estamos vivendo¡±.
A visita também será um encontro entre religiões, disse o Pe. Naim, porque o Papa vai viajar à cidade de Najaf, ao sul da capital, Bagdá, para se encontrar com Grão Aiatolá Ali al Sistani, a máxima autoridade muçulmana xiita do país. É importante lembrar que cerca de 75% dos muçulmanos iraquianos são xiitas. Nesse contexto, o religioso afirmou: "será uma oportunidade de estender a mensagem da Fratelli tutti nesta parte do mundo muçulmano, porque às vezes pensamos que o Papa Francisco é somente para os cristãos, mas o Papa é para o mundo inteiro, para todas as pessoas, porque somos todos irmãos".
O Iraque que aguarda o Papa
O Pe. Naim, então, concluiu a entrevista lembrando que o Iraque é "um país que está em guerra há muitos anos. A visita é considerada uma indicação da importância do Iraque em nível internacional, apesar de tudo que sofreu e continua sofrendo. Esta visita é uma etapa importante para conter o extremismo e aqueles que o apoiam. É como nos dar uma nova vida, nova coragem, vão em frente, não tenham medo, vamos todos juntos levantar este país novamente, vão em frente, coragem".
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