G20, organizações católicas: moratória imediata da dívida dos Países pobres
Lisa Zengarini/Manoel Tavares – Pope
“Cancelar a dívida dos Países mais pobres, mediante apoio financeiro e ajuda para saírem da crise do Covid-19”: é o premente apelo da Rede Europeia e Norte-americana das principais Organizações Católicas para o Desenvolvimento da Igreja (CIDSE), por ocasião do encontro dos Ministros das Finanças e Governadores dos Bancos Centrais do G-20, que se realizou, nesta sexta-feira (26/02), de modo virtual, sob a Presidência italiana.
Efeitos sociais da pandemia
“Além da trágica perda de vidas humanas – recorda a CIDSE - o Covid-19 levou ao colapso os sistemas de saúde de muitos países pobres, deixando milhões de pessoas sem empregos e meios de subsistência e aniquilando as economias”. A pandemia, segundo as ONGs católicas, agravou as desigualdades existentes: "Por isso, as Nações mais ricas devem usar seu poder dominante para garantir o acesso às vacinas e sustentar a sua retomada econômica, para além das mudanças climáticas”.
Dívida, economia e necessidades dos mais vulneráveis
Ao recordar as palavras do Papa Francisco, pronunciadas no início da pandemia em 2020, a Rede das Organizações Católicas reitera “a prioridade imediata, para todos os países, de salvar vidas e sustentar os meios de subsistência. O meio mais rápido para atingir este objetivo é o cancelamento da sua dívida”. A longo prazo – diz a Rede – “são necessários uma reestruturação permanente da dívida e novos financiamentos para reconstruir as sociedades e as economias, dando prioridade às exigências dos mais pobres e vulneráveis e ao cuidado da nossa Casa comum e sua crise climática”.
Apelo: responder à crise com a solidariedade
A Rede apela aos Ministros das Finanças do G-20 para que respondam à crise "com a necessária cooperação global, solidariedade e liderança". Trata-se, concretamente, de pôr à disposição uma nova e significativa concessão de 3 trilhões de Direitos de Saques Especiais (DSP), por parte do Fundo Monetário Internacional (FMI), para que os países possam se recuperar da pandemia do Covid-19, de modo "justo e sustentável"; trata-se ainda de prolongar a moratória da dívida, através da Iniciativa de Suspensão do Serviço da Dívida (DSSI), por um período mais longo, de pelo menos 4 anos, aos países mais vulneráveis, sobretudo os que arcam com as mudanças climáticas.
Segundo a Rede das Organizações católicas, “os credores privados, que continuam a receber pagamentos dos Países, que lutam para suprir as necessidades de seus cidadãos, deveriam ser obrigados a participar de todas as reestruturações e reduções da dívida”. Por fim, “devem sustentar os mecanismos de ressarcimento das dívidas, permitindo uma restauração oportuna, completa e justa, de todos os países que arcam com uma dívida insustentável”.
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