ÍԻ徱, os dalits fora das cotas eleitorais. Decepção dos bispos
Lisa Zengarini/Mariangela Jaguraba – Pope
Um novo golpe contra os direitos dos cristãos na Índia. Nos últimos dias, o Governo do primeiro-ministro, Narendra Modi, reiterou sua recusa em conceder aos dalits que se converteram ao cristianismo e ao islamismo a possibilidade de se beneficiarem das cotas eleitorais reservadas aos sem castas e às comunidades autóctones (as chamadas Castas e Tribos Programadas), abalando mais uma vez as esperanças das comunidades mais marginalizadas do país.
A lei eleitoral indiana reserva 84 cadeiras para os 200 milhões de dalits do país e 47 para os 104 milhões de pessoas pertencentes às comunidades nativas, mas uma ordem presidencial de 1950 privou os dalits não hinduístas desse direito e de outros benefícios estatais previstos na lei. A ordem foi posteriormente emendada em favor dos dalits budistas e sikhs, mas manteve a exclusão de cristãos e muçulmanos sob o pretexto de que suas religiões não reconheciam o sistema de castas indiano, que tinha sido formalmente abolido.
Os esforços e a decepção da Igreja católica
Há anos, os líderes cristãos da Igreja católica pedem mudanças na medida e também fizeram um apelo à Suprema Corte. Em 11 de fevereiro, o ministro da Justiça e das Tecnologias da Informação, Ravi Shankar Prasad, disse ao Parlamento que o governo não pretende mudar as regras em vigor.
A decepção dos bispos foi grande. “É deplorável que o governo persista nesta posição”, disse dom Sarat Chandra Nayak, bispo de Berhampur e presidente da Comissão para os Dalits e Castas Inferiores da Conferência Episcopal Indiana (Cbci). “Se não houver um amplo consenso político, não será possível desfazer as injustiças históricas cometidas contra cristãos e muçulmanos dalits”, disse ele à Agência Ucanews. Uma possibilidade atualmente remota, dadas as posições ultra-nacionalistas do partido governamental, o Banata Janata Party (Bjp), que sempre considerou o cristianismo e o islamismo como “religiões estrangeiras”. “A Suprema Corte pode pôr um fim a esta discriminação baseada na religião, mas agora que o governo esclareceu a sua posição, é improvável que isso aconteça. Não temos esperança de obter justiça no futuro imediato”, acrescentou dom Nayak.
O presidente do Movimento para a libertação dos cristãos pobres (Pclm), R. L. Francis, comprometido com a defesa dos direitos dos cristãos dalits, gostaria que a Igreja abandonasse a ideia de cotas reservadas e trabalhasse mais para “uma Igreja sem casta”. “Pedir cotas reservadas só pode levar a divisões de castas dentro da Igreja”, disse ele. Para dom Nayak, “aproveitar os benefícios concedidos pelo governo não significa que a Igreja apoie o sistema de castas”.
Segundo os líderes cristãos dalits, 80% dos 30 milhões de cristãos na Índia (equivalente a cerca de 2,3% da população) vêm das fileiras dos excluídos, embora as estatísticas oficiais afirmem que eles representam apenas um terço dos cristãos.
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