Portugal: “Obsessão ideológica” impede referendo à ܳٲá
Domingos Pinto – Lisboa
“Na última campanha eleitoral nenhum dos partidos submeteu esta questão a debate, e 81% dos deputados foram eleitos por partidos que não tinham posição sobre a eutanásia.”
É desta forma que António Pinheiro Torres, vice-presidente da Federação Portuguesa pela Vida começa por justificar à Pope a iniciativa do referendo à eutanásia que acabou por ser votado e rejeitado no parlamento no passado dia 23 de outubro.
“Concorda que matar outra pessoa a seu pedido ou ajudá-la a suicidar-se deve continuar a ser punível pela lei penal em quaisquer circunstâncias? “era a pergunta a fazer aos portugueses caso fosse aprovado o referendo.
Votaram contra os deputados do PS, PCP, BE, PEV, as duas deputadas não inscritas – Joacine Katar Moreira e Cristina Rodrigues -, pelo PAN e de nove deputados do PSD.
A favor do referendo estiveram o CDS-PP, a Iniciativa Liberal – IL, e os restantes deputados do PSD; o deputado do Chega não participou na votação nem no debate.
Uma votação que decorreu num “contexto de falta de legitimidade política do parlamento para decidir sobre uma questão destas”, diz o vice-presidente da Federação Portuguesa pela Vida que considera tratar-se “claramente de uma obsessão ideológica que não atende à realidade”
Para António Pinheiro Torres “a eutanásia não é uma resposta ao problema de fundo que a suscitou, que é a questão do sofrimento ou então a questão das circunstâncias do fim de vida”.
“Essas circunstâncias do fim de vida exigem uma política diferente, ou seja, um Serviço Nacional de Saúde concentrado em dar cuidados paliativos às pessoas”, reafirma aquele responsável que recorda que “neste momento apenas cerca de 25 por cento da população tem acesso aos cuidados paliativos para já não falar dos normais cuidados primários ou cuidados continuados”.
“Nós vamos prosseguir este processo de esclarecer o parlamento em relação a esta questão, e, ao mesmo tempo, mobilizar os portugueses contra estes projetos”, sublinha.
Ao portal da Santa Sé António Pinheiro Torres reafirma ainda que “a pessoa que sofre, aquilo que pede é que nós a cuidemos, que tratemos dela nessa periferia, digamos assim, da sua vida, que estejamos ali ao seu lado, e não que a matemos, porque ao matar uma pessoa não estamos a acabar com o sofrimento, estamos a acabar com essa pessoa”.
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