Exemplo de santidade
Padre Ricardo Figueiredo
Tive a graça e a alegria de ter recebido uma missão inesperada nos últimos dias: tornar-me porta-voz da vida do Carlo Acutis para a língua portuguesa. De Portugal e do Brasil choveram numerosos pedidos para falar sobre a vida deste jovem de 15 anos de quem me senti muito amigo desde o momento em que comecei a estudar a sua vida. Quer a investigação para o livro Não eu, mas Deus, quer estes dias falando sobre ele, foram um exercício prático de viver um dos elementos da nossa fé: acreditar na comunhão dos santos.
Os santos não são personagens distantes, mas homens e mulheres como cada um de nós é. Particularmente no Carlo Acutis encontramos essa proximidade: é da nossa idade, viveu as mesmas dificuldades e desafios que nós. Qual a grande diferença? Foi sempre transparente a Deus e, por isso, hoje encontramo-lo como modelo de santidade. Conheci o Carlo Acutis quando recebi uma notícia de vários decretos de reconhecimento de «virtudes heroicas» de vários servos de Deus que estavam a caminho da beatificação. Entre eles estava Carlo. Quando ouvimos falar em virtudes heroicas podemos ficar assustados. Pensamos no Super-Homem ou em algum super-herói. Mas as virtudes heroicas para nós não são isso. Nestes dias fizeram-me chegar um texto do então Cardeal Ratzinger sobre a santidade, em que afirma: «Virtude heroica propriamente não significa que alguém fez grandes coisas sozinho, mas que na sua vida aparecem realidades que ele não fez, porque foi transparente e disponível para a obra de Deus». Este é o verdadeiro sentido da santidade: crescer de tal forma na amizade e intimidade com Deus, que na nossa vida Deus se revê e faz suscitar os seus prodígios.
Carlo Acutis é por isso modelo para nós: antes de mais era um jovem de oração. Mostrou que a vida espiritual não é uma questão de idade, mas de amizade com Deus. Se nos colocamos à disposição de Deus, se abrimos o nosso coração à Sua Palavra e à ação dos seus Sacramentos, podemos voar os altos níveis da santidade cristã. Depende de nós na medida em que colaboramos com Deus, mas depende sobretudo da graça divina. Ela é que mostra onde somos capazes de chegar.
Em segundo lugar, Carlo mostra-nos como podemos amar apaixonadamente a Jesus Cristo na Eucaristia. Nós cristãos acreditamos num Deus que nos ama tanto que deu a Sua vida por nós e quis permanecer connosco na simplicidade do pão e do vinho transformados substancialmente ¨C como Carlo gostava sempre de sublinhar ¨C no Seu Corpo e no Seu Sangue. Na Eucaristia encontrou a comunhão mais profunda com Jesus, por isso dizia que a Eucaristia era a sua autoestrada para o Céu.
A devoção à Virgem Maria, em terceiro lugar, mostra a certeza de que precisamos de uma Mãe no Céu para o nosso caminho cristão. Não podemos estar sozinhos e Nossa Senhora mostra como a sua presença maternal nos encaminham para o Céu. O Terço era as palavras mais nobres que Carlo podia dizer ao longo de um dia e tinha plena consciência que esta oração era uma escada segura para a vida eterna.
Finalmente, em quarto lugar, Carlo mostra-nos o amor e a dedicação à Igreja e ao Papa em particular. Ofereceu os seus sofrimentos pelo Papa e vivia uma pertença à Igreja que o levavam a dizer que falar mal da Igreja era falar mal de nós próprios. Na Igreja encontramos a Mãe que nos gera para a eternidade e a família a que pertencemos. Nestes dias e para sempre Carlo é-nos apresentado como modelo de vida cristã e mostra-nos que, independentemente das circunstâncias, podemos ser santos. Melhor, devemos, com a graça de Deus, ser santos!
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