Mandante e executor do massacre de jesu¨ªtas em El salvador condenado a 133 anos de pris?o na Espanha
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O ex-coronel e vice-ministro Inocente Orlando Montano Morales foi condenado pela Audiencia Nacional de Madrid a 133 anos e 4 meses de prisão como um dos mandantes e executores do massacre perpetrado pelas Forças Armadas salvadorenhas no campus da Universidade Centro-americana José Simeón Cañas (UCA), em 16 de novembro de 1989, na qual foram assassinados o reitor, padre Ignacio Ellacuría, e os sacerdotes Armando López, Juan Ramón Moreno, Segundo Montes e Ignacio Martín Baró, todos jesuítas espanhóis.
Montano também foi declarado culpado pelo assassinato do jesuíta salvadorenho Joaquín López, da cozinheira Julia Ramos e de sua filha Celina, ocorrido na mesma circunstância, mas não pode ser condenado por estes últimos crimes, pois não se enquadram na extradição do imputado, concedida em 2017 pelos Estados Unidos.
A Província espanhola dos jesuítas expressou satisfação pela sentença relativa aos "mártires da UCA", como são conhecidos. Congratulando-se com as organizações de direitos humanos e os familiares das vítimas, que moveram o processo na Espanha, o Superior Provincial, padre Antonio Espana - na enviada à Agência Fides ¨C faz votos de que a sentença ¡°facilite o trabalho da justiça em El Salvador¡±, promovendo o reconhecimento às vítimas, a reconciliação do país e a paz.
¡°A Companhia de Jesus na América Central e a UCA ¨C acrescenta o religioso - continuarão trabalhando, como fizeram até agora, por um julgamento justo em El Salvador, conforme anunciado na declaração conjunta emitida em 7 de junho¡±.
Por fim, recordou que os jesuítas expressaram sua disponibilidade em perdoar aqueles que planejaram e cometeram este crime horrendo, ¡°mas é necessário primeiro que se reconheçam os fatos, a verdade seja esclarecida e identificadas as correspondentes responsabilidades¡±.
Também a Universidad Centroamericana José Simeón Cañas (UCA) publicou um comunicado - enviado à Fides - no qual, entre outras coisas, reitera a importância de que ¡°o julgamento relativo à matriz intelectual do massacre dos jesuítas e seus colaboradores, seja feito em El Salvador¡±.
As provas e os testemunhos examinados durante o julgamento na Espanha deixaram evidente "o sistema de ocultação e impunidade que norteou as Forças Armadas e, em certa medida, o Estado salvadorenho, em face das gravíssimas violações dos direitos humanos cometidas durante a guerra civil".
Com o processo ficou claro que as Forças Armadas, e em particular a Escola Militar de 1966, foram "uma máquina criminosa e ocultadora dos graves atentados contra a cidadania salvadorenha e o estado de direito, apropriando-se de um poder de fato que vai além do direitos e funções que lhe são atribuídos pela constituição".
A UCA faz votos que esta decisão ajude a consciência nacional e a justiça salvadorenha "a dar passos concretos em direção à verdade e à justiça, não só no caso dos jesuítas, mas também em todos os casos pendentes de graves violações dos direitos humanos".
¡°As condenações judiciais por homicídio ou terrorismo nunca são motivo de alegria - continua o texto - mas constituem um reconhecimento formal, jurídico e democrático da verdade e um estímulo e uma garantia de que tais atos desumanos não se repitam¡±.
Reiterando que ¡°o caminho de reparação passa pelo conhecimento da verdade, pela prática da justiça e do perdão¡±, a UCA sublinha que continuará o seu trabalho ¡°para contribuir para uma nova realidade onde o amor, a reconciliação e a justiça sejam valores essenciais".
(SL - Agência Fides)
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