Cristãos em fuga de bombas turcas, denuncia bispo curdo
Os caças da aviação turca bombardearam várias áreas do Curdistão, atingindo "também povoados cristãos", semeando "medo e terror" e obrigando "a população a fugir" em busca de abrigo. Foi o que relatou o arcebispo caldeu de Amadiyah-Zakho, Dom Rabban al-Qas, ao falar à Asia News sobre os ataques turcos nos últimos dias contra alvos curdos relacionados ao PKK, na fronteira entre Turquia, Síria e Iraque. "Muitas famílias cristãs - acrescenta o prelado - segundo algumas vozes até 300, encontraram refúgio em algumas casas e igrejas em Zakho".
No fim de semana foram registrados novos bombardeios no Curdistão iraquiano por caças Apache e helicópteros da aviação turca, documentados por alguns vídeos postados por cristãos em sites e redes sociais (clique aqui para o vídeo). Nas imagens, é possível ouvir um pai de família que, em aramaico, diz a seus filhos: "Não tenham medo, não tenham medo, tampem os ouvidos", na tentativa de aplacar o choro.
Na mira dos ataques os povoados de Chalik e Bersiveh, na região montanhosa do norte do país. Dezenas de famílias fugiram da área, onde há pelo menos cinco civis mortos no contexto da operação "Garras do tigre", lançada em 14 de junho por Ancara contra militantes do PKK, considerados terroristas. “Entre os cristãos - explica Dom Rabban – há alguns feridos, felizmente de forma leve.
Uma vítima também foi registrada nas fileiras do exército turco: trata-se de um soldado que morreu no hospital pelos ferimentos sofridos durante os tiroteios com os rebeldes curdos. O ministro da Defesa turco confirma a notícia, mas não informa o local exato onde os confrontos entre as duas frentes teriam ocorrido. Até o momento, dois soldados turcos foram mortos nos confrontos.
Enquanto isso, no campo diplomático, o embaixador turco no Iraque anuncia que a operação continuará até que os rebeldes sejam derrotados e Bagdá tenha expulsado de suas fronteiras membros e afiliados do Partido dos Trabalhadores do Curdistão. Um cenário de guerra que recorda os anos entre 1980 e 1990, quando o conflito acabou atingindo e destruindo centenas de aldeias cristãs assírias-caldeias no sudeste da Turquia (e norte do Iraque).
Para Dom Rabban al-Qas, o exército turco e seu presidente, Recep Tayyip Erdogan, agem como "terroristas", independentemente do sofrimento que infligem à população civil e dos protestos das autoridades do Curdistão iraquiano. "Erdogan quer atingir os curdos" - sublinha o prelado - e nada parece detê-lo nesta escalada que corre o risco de ter fortes repercussões para toda a região. Na mira, cristãos e muçulmanos, muitas "pessoas em fuga" diante do "plano de conquista" de Ancara.
“Fui informado - continua o bispo de Amadiyah-Zakho - de um cemitério cristão atingido às portas da cidade de Zakho. A movimentação de terra causados pelas bombas tiraram os cadáveres dos túmulos, cenas terríveis”. Em algumas aldeias nas montanhas, conclui o prelado, "a maioria das pessoas fugiu com medo de ser atingida por bombas e mísseis turcos ... o medo é grande!".
Asia News
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