Sacrifício da Missa reúne em um só, os sacrifícios de tantas pessoas nestes dias difícies, diz primaz da Irlanda
Pope
“A celebração diária da Eucaristia, com ou sem a presença dos fiéis; com ou sem webcam, está no centro de nossas vidas e identidade como sacerdotes. O sacrifício da Missa que oferecemos fielmente a cada dia durante esta crise, reúne em um só os sacrifícios que tantas pessoas estão fazendo durante esses dias difíceis e os apresenta em unidade com o sofrimento e a morte de Cristo na cruz.” Foi o que recordou em sua homilia na manhã da Quinta-feira Santa o arcebispo primaz de toda a Irlanda, Dom Eamon Martin, na Missa na Missa do Crisma celebrada na Catedral de São Patrício na Arquidiocese de Armagh e que foi transmitida pela televisão e mídias sociais.
A tristeza pela restrição do serviço dos sacerdotes
Sendo a Missa do Crisma e a Missa da Ceia do Senhor na Quinta-feira Santa, as celebrações dedicadas por excelência à identidade e à renovação do compromisso sacerdotal, o arcebispo Martin abriu sua reflexão falando sobre as condições "sem precedentes" nas quais os padres estão celebrando esta Semana Maior devido ao Covi-19, constringidos a permanecer trancados, sem celebrar a Missa publicamente e sem poder oferecer os Sacramentos da Reconciliação e da Unção, sem poder celebrar a alegria dos Matrimônios ou Batismos, Confirmação ou Primeira Comunhão.
A pandemia, afirmou o primaz irlandês, “aumentou as ansiedades e medos entre nossos fiéis, ameaçou seus empregos e meios de subsistência, e atingiu o coração de nosso ministério como sacerdotes, limitando nosso alcance aos doentes, idosos e os moribundos”. E talvez o que é mais triste de tudo - observou "restringiu cruelmente nossa capacidade de nos aproximarmos das famílias em luto".
Maior uso do espaço virtual pelas paróquias
Não obstante isso, o arcebispo de Armagh destacou que, em meio a todas essas restrições, as paróquias usaram o ciberespaço como nunca antes, as plataformas digitais foram preenchidas com a Celebração Eucarística e outros momentos de oração, com milhões de pessoas que em todo o país se reúnem virtualmente para deles participar pelas redes sociais, rádio e televisão.
O arcebispo Martin também agradeceu as demonstrações de generosidade e dedicação e entrega das Congregações religiosas que trabalham em hospitais, asilos e outros serviços de linha de frente.
“Estamos impressionados com a resposta amorosa de nossos jovens, organizações esportivas, grupos comunitários e instituições de caridade que estão indo até os idosos, necessitados, solitários e vulneráveis, preparando refeições, recolhendo e armazenando alimentos e oferecendo mensagens de encorajamento e esperança”, enfatiou o prelado.
Em sua reflexão, o arcebispo irlandês reconheceu que nestes dias de maior isolamento, o "monasticismo imposto" pelo surgimento do coronavírus, o fez pensar em "quem somos como Igreja" e o que significa ser padre.
O exemplo do cardeal Van Thuán
Neste sentido, ele deu vários exemplos, entre eles, o do santo arcebispo de Saigon, cardeal François-Xavier Nguyên Van Thuán, que em um regime de isolamento celebrava diariamente a Eucaristia usando pequenas quantidades de pão e vinho contrabandeadas para a prisão.
"A Missa também nos leva, apesar das restrições atuais, estar o mais próximo possível da nossa gente, oferecer-lhe a presença de Cristo, quer por telefone, email, redes sociais, webcam ou pessoalmente, porque nosso chamado como sacerdote continua forte nesta crise: estar com nosso povo, incentivando-o, levando esperança e o consolo da Palavra e do sacramento.”
O primaz da Irlanda, ao concluir sua homilia, afirmou que "haverá mais sacrifícios para nosso povo e para nós mesmos antes que a crise de Covid-19 termine". Por esse motivo, recordou aos sacerdotes a resposta de Jean Valjean, protagonista do romance "Les Miserables" de Víctor Hugo, quando se perguntou: "Quem sou eu?" "Minha alma pertence a Deus, eu sei disso. Eu fiz esse acordo há muito tempo. Isso me deu esperança quando a esperança se foi. Isso me deu forças para seguir minha viagem".
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