Coronavírus. Presidente do Celam: amor e compaixão por quem sofre
Cidade do Vaticano
Numa carta endereçada a toda a América Latina e Caribe, o presidente do Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam) e presidente da Conferência Episcopal Peruana (CEP), dom Miguel Cabrejos Vidarte, reflete sobre o sentido da fé, da esperança e da misericórdia diante deste crise global causada pela pandemia do Covid-19 que tem gerado muita dor no mundo inteiro.
No documento, o prelado, que é também arcebispo de Trujillo, no Peru, expressa a esperança de que esta crise possa ser superada se todos colaborarmos de modo responsável:
Tempo atual de emergência pode ser momento de graça
“Em meio a experiências de insegurança e de angústia, de medo da solidão, este tempo pode ser também um momento de graça para permitir a Deus tocar e curar nossas feridas, transformar-nos e renovar-nos interiormente, a fim de que possamos viver com olhos, ouvidos e corações abertos a Deus, a nossos irmãos e à Mãe Natureza”.
O presidente do Celam recorda também as palavras pronunciadas pelo Papa Francisco em dois momentos muito especiais, as orações de 27 e de 29 de março passado. “O Santo Padre disse que ‘esta pandemia não é o tempo do juízo de Deus’, mas do nosso juízo: o tempo de escolher entre aquilo que conta realmente e aquilo que se dá, de separar aquilo que é necessário daquilo que não o é”.
“Nestas circunstâncias, um amor verdadeiro pelo próximo e pelo cuidado das pessoas mais vulneráveis se demonstra no respeito pelas medidas ligadas ao isolamento físico-social”, escreve dom Cabrejos, mas que “estas restrições não nos levem a erguer muros e barreiras em nosso coração”, alerta.
Hora de refletir, interpelar e discernir
Ao mesmo tempo, o presidente do Celam nos pede para prolongar “o amor generoso, compassivo e misericordioso que Deus tem por nós, especialmente pelos nossos irmãos e irmãs que vivem em condições de grande precariedade porque não têm uma renda econômica suficiente para suas necessidades primárias”.
“O Santo Padre ressaltou também que nos habituamos a grandes desigualdades e injustiças, a estilos de vida marcados pelo anseio de poder e de prestígio, bem como pelo insaciável consumo de muitos bens supérfluos; tudo isso em detrimento dos pobres, da natureza, ferindo a dignidade da pessoa e de povos inteiros, condenando-os a viver em situação menos humanas”, prossegue.
Colocar nossa esperança na Cruz de Jesus
“Ao invés, a pandemia nos torna conscientes de que não ouvimos o grito dos pobres e do nosso planeta gravemente adoecido. Se o equilíbrio abalado pela crise ecológica for recuperado, então será possível uma nova harmonia e o restabelecimento dos ecossistemas, onde a natureza volta a viver, o ar se torna mais limpo, os golfinhos reaparecem nas baías, nos portos se veem novamente os peixes e os pássaros cantam novamente.”
“Nessa Quaresma e Páscoa da Ressurreição que devemos viver em tempos de pandemia, coloquemos nossa esperança na Cruz de Jesus, mediante a qual “fomos curados e abraçados a fim de que nada e ninguém nos separe de seu amor redentor”, conclui sua carta o presidente do Celam, sempre citando as palavras do Santo Padre.
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