Portugal: ¡°Convers?o interior¡± deve ter ¡°reflexos sociais¡±
Domingos Pinto ¨C Lisboa
¡°Neste tempo de Quaresma ajoelhemos perante Deus. Cultivemos a bondade e a compaixão em contraponto à sede de poder em proveito próprio. Encontremos o verdadeiro sentido de amar os inimigos. Deus ama também os seus inimigos (cf. Mt 5, 43-48). Como podemos desejar o bem e o bom a quem nos faz mal? Como oferecer a outra face sem nos negarmos a nós mesmos, na convicção de que há uma consequência para os atos que praticamos?¡±
O desafio é lançado pela Comissão Nacional Justiça e Paz na nota para a quaresma deste ano que alerta para¡± a tentação de acumular coisas, a tentação do poder, e a tentação da riqueza¡±, uma reflexão que exige ¡°uma mudança social que não pode deixar de partir de uma conversão interior¡±, diz à Pope Pedro Vaz Patto, presidente da CNJP.
¡°A conversão interior não pode deixar de ter reflexos sociais¡±, explica aquele responsável que reafirma o apelo do Papa Francisco no sentido de que seja dada ¡°uma importância especial à necessidade de mudar a economia, tal como ela hoje nos rege¡±, ou seja, é precisa ¡°uma nova economia mais inclusiva e mais respeitadora do ambiente¡±.
¡°Esta ideia do papa é não apenas refletir, mas também propor um compromisso¡±, explica Pedro Vaz Patto que diz que a intenção da CNJP ¡°não é apenas criticar o que existe, mas também fazer propostas alternativas¡±.
¡°O apelo que fazemos é o de renunciar ao ter para crescer no ser¡±, ou seja, ¡°reflexos sociais¡± que¡± não podem deixar de ser relacionados com a questão da pobreza, da desigualdade, da responsabilidade social¡±, diz aquele responsável que considera que é preciso ter ¡°consciência do bem comum¡±.
A Reflexão Quaresmal da CNJP para 2020 recorda que este tempo deve ser marcado pela ¡°partilha dos bens com os mais necessitados¡± e pelo ¡°trabalho de combater estruturas que mantêm uma quantidade significativa das pessoas em situação de pobreza¡±.
O documento indica neste contexto que Portugal é um dos países europeus onde existe ¡°maior discrepância¡± entre os mais ricos e os mais pobres.
¡°Enumeremos aquilo de que podemos prescindir na consciência de que há muitos que não possuem nada. Ultrapassemos um cuidado excessivo do corpo e da saúde, das dietas de última moda, para pensar em tantos que passam fome e que não têm o essencial para viver¡±, recomenda a Comissão Nacional Justiça e Paz, o organismo da igreja católica em Portugal.
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