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A capital do ±·¨ª²µ±ð°ù, Niamey A capital do ±·¨ª²µ±ð°ù, Niamey 

±·¨ª²µ±ð°ù: coronav¨ªrus atinge o pa¨ªs mais pobre do mundo

O ±·¨ª²µ±ð°ù, o pa¨ªs mais pobre do mundo na ?frica Ocidental, decreta estado de emerg¨ºncia por causa da pandemia. Entrevista com Padre Mauro Armanino, mission¨¢rio que vive no pa¨ªs e denuncia a dram¨¢tica situa??o da sa¨²de local

Federico Piana- Cidade do Vaticano

O coronavírus não tem fronteiras. Até o país mais pobre do mundo, o Níger na África Ocidental, foi atingido pelo vírus. Os primeiros casos de contágio foram registrados na sexta-feira (27/03) e as autoridades governamentais imediatamente tomaram providências ordenando o fechamento das escolas e a proibição de celebrações nas mesquitas e igrejas. ¡°A capital, Niamey, ficará isolada por duas semanas, até mesmo os meios de transporte irão paralisar¡±, explica padre Mauro Armanino, missionário da Sociedade das Missões Africanas, que vive ao lado da população nigerina, compartilhando dores e esperanças.

Esta pandemia chega em um país que já sofre por outras doenças mortais colocando em jogo o frágil sistema sanitário do país¡­

Padre Armanino: O sistema de saúde é muito frágil. Existem alguns hospitais públicos, várias clínicas particulares e um hospital de referência oferecido pela China, mas que pode ser usado apenas em casos particulares. Porém a quantidade de estruturas hospitalares é insuficiente porque o Níger já sofre por doenças que estão destruindo a população. A primeira doença, se podemos defini-la assim, é a fome. Seguida pela malária que é perigosa principalmente para os jovens; sem esquecer as doenças relacionadas à falta de água e a ausência de serviços higiênicos. Vivemos desde sempre em um contexto de precariedade.

É verdade que as pessoas que não podem pagar, não são atendidas?

Padre Armanino: Ao chegar no pronto socorro do hospital de Niamey, a capital, deve-se ter dinheiro para pagar os medicamentos, as luvas e todos os produtos necessários para o tratamento, senão a pessoa é abandonada na entrada, não é atendida e nem mesmo considerada. Morrem ali mesmo. Portanto como se pode entender, a pandemia acrescenta fragilidade a um sistema já frágil no qual a política assume um papel de predador porque não busca o bem para a população.

Como a Igreja reagiu a esta situação?

Padre Armanino: Alguns dias atrás, o arcebispo de Niamey convocou uma reunião do conselho presbiterial na qual sublinhou que se está passando de uma emergência a outra. Em 2015 foram destruídas as igrejas da ex-capital, em 2018 foi sequestrado um nosso coirmão, padre Luigi Maccalli. Também, duas paróquias da nossa diocese, por motivos de segurança ligados ao terrorismo, não há sacerdotes que possam guiar as comunidades. E agora chega o coronavírus. Aqui a nossa religião é minoria: entre católicos e protestantes somos no máximo 70 mil em uma população de 20 milhões de habitantes. Tentamos fazer tudo o que é possível.

Certamente é uma comunidade que não se deixa abater¡­

Padre Armanino: Mas sofre muito. A nossa maior contribuição é a oração: na sexta-feira (27) nos unimos com o Papa na Praça São Pedro. E temos a presença dos sacerdotes entre as pessoas. As nossas comunidades tentam resistir, e resistindo existem, apesar desta dolorosa e martirizada realidade.

 

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30 mar?o 2020, 09:43