Dom Jeanbart: que as palavras do Papa sobre Iman incentivem ajudas concretas contra o frio
Giada Aquilino - Cidade do Vaticano
As guerras, suas consequências, a criança que morreu por causa do frio na última semana nos braços de seu pai. No Angelus de domingo, 16, o Papa Francisco voltou a falar da Síria e dos muitos conflitos que ensanguentam o mundo.
A história de Iman, que sofria de bronquite e morreu congelada enquanto seu pai tentava levá-la a pé para o hospital de um campo de refugiados improvisado nos arredores de Aleppo, recorda o pequeno Alan, outro menor, refugiado sírio, que morreu afogado em outubro de 2015 na costa de Bodrum, na Turquia, enquanto tentava chegar à Europa com sua família.
O alarme lançado pela ONU
Um drama que parece não ter fim. Segundo a ONU, cerca de 800 mil pessoas estão fugindo em condições humanitárias desesperadas no noroeste da Síria, em meio ao gelo e, em muitos casos, sem água potável e um abrigo seguro. As crianças representam 60% desse verdadeiro mar humano.
O frio que mata
Dom Jean-Clément Jeanbart, arcebispo de Aleppo dos gregos-melquitas e visitador apostólico para os melquitas na Europa é "agradecido" ao Papa Francisco por sua constante atenção pelos sofrimentos da Síria e "por ter falado também sobre essa menina".
“Faz muito frio na Síria e em Aleppo em particular, nestes meses de janeiro e fevereiro. Na cidade - explica o prelado ao Pope, atualmente em Roma - a temperatura chegou aos sete graus abaixo de zero durante a noite, enquanto durante o dia é de cerca de zero ou talvez um pouco mais. É um clima difícil, há dois dias deixei Aleppo com neve".
As palavras do Papa Francisco - é sua esperança - “talvez possam incentivar algumas organizações, para que continuem a nos ajudar um pouco para aquecer as casas, ajudar um pouco as pessoas a suportarem esse frio. Vendi meu carro – confidencia ele - para ajudar 500 famílias a ter o necessário para viver neste período".
O pensamento do Pontífice = continua o arcebispo grego-melquita de Aleppo - "mostra ao mundo que existe um grande drama, um grande sofrimento na Síria, que envolve crianças e também idosos, porque eles também têm necessidade de se aquecer."
A desvalorização da moeda
"A população – relata o prelado - continua a sofrer, como sofreu nesses nove anos de guerra". Na parte ocidental de Aleppo, "o exército sírio pretende reabrir as estradas, há combates" e permanece "o problema da pobreza".
“O dinheiro sírio – conta ele - perdeu cinquenta por cento do seu valor; isso significa que as pessoas têm cinquenta por cento menos do que recebiam para viver. Isso cria uma pobreza terrível: o dólar que valia 500 libras sírias há seis meses, agora vale mil. Assim o salário não tem mais o mesmo valor de antes".
Presença cristã de 2 mil anos
No decorrer do tempo, “como realidade diocesana, ajudamos muito as pessoas. Em Aleppo havia 22 programas de ajuda humanitária. Agora – reflete Dom Jeanbart - devemos novamente fazer todo o possível para ajudar as pessoas a sobreviver e permanecer na Síria, em Aleppo, para continuar a vida de uma Igreja que tem 2000 anos".
Os cristãos no país hoje, mesmo que "não tenhamos estatísticas precisas", são "certamente menos da metade do eram: havia mais ou menos dois milhões de cristãos, agora acho que são menos de um milhão".
Em Aleppo, "havia cerca de 4.500 famílias: no ano passado fizemos uma espécie de censo e constatamos cerca de 2.300 famílias. Não obstante isso, percebemos que a participação nas Missas, a presença nas paróquias e a vida de oração são as mesmas; isso constitui um fator vital para a Igreja, para a realidade cristã", acrescentou o prelado.
Uma esperança é dada também pelo iminente encontro de reflexão e espiritualidade pela paz promovido pela CEI em Bari, "Mediterrâneo, uma fronteira de paz", que será concluído pela Missa presidida no domingo pelo Papa Francisco. O arcebispo Jeanbart espera que todos os bispos, na ocasião, "considerem a causa da Igreja na Síria sua causa". No final das contas, "o que queremos é simplesmente que chegue a paz".
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