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Maria Clara Bingemer participou de simp¨®sio em Porto, Portugal Maria Clara Bingemer participou de simp¨®sio em Porto, Portugal  

¡°N?o acho que estejamos perto de um cisma¡±, diz te¨®loga brasileira

A te¨®loga Clara Bingemer analisa, em entrevista, alguns aspectos do S¨ªnodo Amaz?nico: destaca os diagn¨®sticos produzidos, o simbolismo dos gestos na defesa da Amaz¨®nia e, ainda, a import?ncia da reabertura da comiss?o sobre o diaconado feminino. Reflete tamb¨¦m sobre o pontificado de Francisco.

Rui Saraiva ¨C Porto

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Foi no âmbito de um Simpósio sobre Teologia no Espaço Público na Universidade Católica Portuguesa no Porto, em Portugal, que Maria Clara Bingemer, em entrevista, analisou o Sínodo para a Amazónia.

Atenção ao diagnóstico do Sínodo

O encontro dos bispos que teve lugar no Vaticano em outubro passado foi, para a teóloga brasileira, um momento simbólico pleno de gestos que abrem caminhos de futuro para a defesa da Amazónia. E assinala que o Papa pediu muita atenção para os diagnósticos produzidos no Sínodo.

¡°O Papa chamou muito a atenção para o diagnóstico e não tanto nas medidas disciplinares intraeclesiásticas. (¡­) Ele acha mais importante o diagnóstico da realidade da Amazónia, o perigo que significa a destruição da Amazónia. Ele quer que a sociedade se encarregue de levar esse diagnóstico adiante. Eu acho que é já de uma esperança tremenda ter acontecido o Sínodo daquela forma. Com os indígenas dentro do Vaticano. (¡­) É uma coisa muito simbólica. Esse Papa é mestre a fazer isso. Ele faz gestos e o gesto já abre um caminho.¡±

Abrir espaço para a mulher na Igreja

Quanto à reabertura da comissão para analisar o assunto do diaconado feminino, revelada pelo Papa no final do Sínodo, Maria Clara Bingemer espera que esta venha a funcionar melhor do que a anterior comissão.

¡°Eu espero que funcione melhor do que funcionou a comissão anterior. A Igreja tem que tomar consciência de que 80% da Igreja é formada por mulheres. Se as mulheres forem embora eu não sei o que é que acontece! (¡­) Se abrir mais espaço para a mulher quem vai ganhar é a própria Igreja.¡±

Bingemer citou a teóloga norte-americana Phyllis Zagano, professora de Religião, na Universidade de Hofstra em Nova Iorque e que esteve neste ano de 2019 em Lisboa na Faculdade de Teologia da Universidade Católica para um debate, precisamente, sobre o diaconado feminino. Bingemer lembrou que o diaconado feminino ¡°na Igreja primitiva era importantíssimo¡± e que se for recuperado agora será ¡°um ganho enorme para a Igreja¡±.

Francisco, gestos e diálogo

Maria Clara Bingemer é professora da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro sendo doutorada em Teologia Sistemática pela Pontifícia Universidade Gregoriana. Pedimos-lhe uma análise do pontificado de Francisco. Começou por dizer que não há razões para acharmos que o Santo Padre está sozinho e pouco apoiado. Desvaloriza a hipótese de um cisma na Igreja e recorda a formação jesuíta do Papa Francisco, na força dos exercícios espirituais.

¡°Não acho que estejamos perto de um cisma ou que estejamos em perigo iminente de acontecer uma coisa grave.¡±

Bingemer considera que o Papa é magistral a dialogar com a sociedade sendo, na sua opinião, ¡°mais amado fora da Igreja do que dentro¡±.

¡°Ele é mais amado fora da Igreja do que dentro. Dialogar com os outros setores, ele faz isso magistralmente: com as outras religiões, com os outros setores, a questão das migrações¡­ E ele tem uma pedagogia interessante: ele faz gestos e depois respalda o gesto com discurso, tem documentos excelentes. A Laudato Si marca a época.¡±

Maria Clara Bingemer de passagem pelo Porto, em Portugal, assinalou que o Sínodo que decorreu em outubro no Vaticano foi pleno de gestos importantes em defesa da Amazónia. Destaca os diagnósticos produzidos e ainda a importância que terá no futuro a reabertura da comissão para o diaconado feminino.

Laudetur Iesus Christus

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21 novembro 2019, 15:41