Cardeal Sako: espero que governo do Iraque ouça o povo que sofre
Cidade do Vaticano
No Iraque ao menos três pessoas foram mortas em Karbala, sul do país do Oriente Médio, onde uma multidão atacou o consulado iraniano na cidade. Os manifestantes substituíram a bandeira do Irã pela do Iraque e acusaram o governo de Teerã de ingerência nos assuntos iraquianos.
Foram lançadas pedras contra a sede diplomática iraniana na cidade que é considerada uma das cidades santas para os muçulmanos de confissão xiita. As forças de segurança declararam ter atirado para o alto para dispersar os manifestantes. Algumas testemunhas falaram, ao invés, de tiros disparados à altura das pessoas.
Mais de 250 vítimas até o momento
Os protestos no Iraque contra o alto custo de vida e a corrupção do governo começaram em 1º de outubro e causaram até momento mais de 250 vítimas dos confrontos entre manifestantes e forças da ordem.
Na capital Bagdá o coração pulsante das manifestações de protestos é a Praça Tahrir, ocupada por milhares de pessoas que desafiam o toque de recolher imposto pelo governo.
Grande participação das mulheres
“Espero que o governo queira ouvir o grito destas pessoas que sofrem, como o Santo Padre pediu”, afirmou ao Pope o Patriarca de Babilônia dos Caldeus, cardeal Louis Raphaël I Sako, que no sábado encontrou os manifestantes na Praça Tahrir.
“Fui levar medicamentos para os feridos e os enfermos”, disse, “e encontrei milhares e milhares de jovens, anciãos, mulheres e jovens estudantes. É a primeira vez que as mulheres participam expressivamente destas manifestações”.
Governo pede restabelecimento da normalidade
“Esse povo busca justiça e um futuro melhor e foi capaz de abater as barreiras sectárias que dividem os iraquianos, de unir-se e de dizer que o Iraque vem antes de tudo”, afirmou o purpurado.
“Lançaram um apelo ao governo a fim de que adote medidas rápidas e concretas e que o dinheiro desaparecido nos últimos dezesseis anos pela corrupção seja recuperado em projetos de desenvolvimento econômico, social e de saúde”.
Todavia, o primeiro-ministro Adel Abdul Mahdi pediu aos manifestantes que os ajudem a restabelecer a normalidade no país e ressaltou que os protestos estão custando bilhões de dólares para a economia iraquiana. Por sua vez, o presidente Barham Saleh prometeu eleições antecipadas e uma nova lei eleitoral.
Semelhanças com os protestos no Líbano
Também no Líbano se tem registrado estes dias protestos análogos na forma e nos conteúdos e o cardeal Sako ressaltou as semelhanças entre os dois países. O descontentamento é por causa “da corrupção” e “da classe política que busca poder e dinheiro enquanto o povo sofre”, afirmou o patriarca.
Ademais, prosseguiu, “os manifestantes iraquianos e libaneses fazem as mesmas reivindicações de dignidade humana, prosperidade econômica, justiça social, cidadania, distantes do sectarismo e do confessionalismo”.
Cardeal Sako: estes clamores são os clamores de Cristo
O cardeal Sako apreciou como ele e seus colaboradores foram acolhidos na Praça Tahrir: “Vocês cristãos são irmãos e estão na origem deste país”, disse-lhes. “Sinto profundamente”, afirmou o purpurado, “que esses clamores são os clamores de Cristo, que veio para trazer uma vida mais digna aos homens; a sua luta contra todas as manobras, a sua oposição às autoridades religiosas de seu tempo, contra a política. Eis que hoje vivemos a mesma situação. Sinto que Cristo está presente: não é uma teoria, uma especulação teológica, mas é uma encarnação. Havia 500 mil na praça, e nós éramos uma dezena, com dois ou três bispos, cinco ou seis sacerdotes, uns vinte jovens. Todos se aproximaram e vieram falar conosco: para nós é um sinal de esperança...”
Uma celebração pela paz e a estabilidade
Esta segunda-feira (04/11) escolas e administrações públicas permaneceram fechadas em grande parte no País do Golfo tendo, à noite, na Catedral de São Pedro em Bagdá, uma oração ecumênica pela paz e a estabilidade do país.
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