Bispos nicaraguenses: verdade e perd?o, os caminhos para a paz
Cidade do Vaticano
A Conferência Episcopal Nicaraguense (CEN) dirigiu uma longa mensagem a todos os fiéis e aos homens de boa vontade e, por conseguinte, a toda nação, por ocasião da Semana de Oração pela Paz e do Dia da Independência ¨C este domingo, 15 de setembro ¨C, para pedir um país ¡°reconciliado¡±.
¡°A verdade e o perdão são o fundamento e o caminho para a paz¡±, escrevem os bispos, para os quais ¡°vivemos em nossa carne a Paixão de Jesus neste ano e meio de sofrimento e de dor¡±, desde o início das repressões do governo de Daniel Ortega às manifestações pacíficas reprimidas no sangue.
Crise política, social e econômica
Na mensagem não se esconde a profunda crise política, social e econômica que o país centro-americano está vivendo. ¡°Há sinais de que a nossa roupa institucional está apertada¡± e os cidadãos ¡°pedem mudanças e reformas profundas. A desigualdade econômica, o desemprego e a falta de oportunidade manifestam-se como males endêmicos.¡±
Assinada pelos atuais oito bispos titulares das dioceses do país, a mensagem se interpela, todavia, se não é possível manter a esperança, ¡°mesmo quando tudo parece indicar que não existe um poder capaz de resolver a nossa crise¡±.
A resposta encontra-se no discurso do Papa Bento XVI na V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, realizada em maio de 2007 em Aparecida, São Paulo, no qual se falava de pilares que sustentam a convivência: verdade, justiça, liberdade, fraternidade, solidariedade.
Crise de confiança
Ademais, os bispos falam da ¡°crise de confiança¡± que se instaurou no país e que é subjacente, em particular, ao falimento das várias tentativas de diálogo. A desconfiança ¡°esgarça a trama do tecido humano e faz ruir o muro que sustenta o templo, a nação, a família¡±.
Por isso, é preciso ¡°melhorar a cultivo da confiança com a cultura do encontro¡±, no ¡°respeito e na escuta das diversidades¡±.
Apelo aos jovens: promover cultura da esperança
A Conferência episcopal afirma que é possível trabalhar pelo bem da Nicarágua, promovendo suas instituições democráticas e respondendo às necessidades reais do país. ¡°Como pastores, temos a certeza de que na Nicarágua o podemos fazer. Nessa ótica, encorajamos os jovens a continuar dando sua contribuição para a nação, com seu estudo e formação, com suas energias e desejos de justiça e liberdade, com todos os meios não-violentos de que dispõem.¡±
É possível, portanto, ¡°uma nova cultura prenhe de esperança¡±, acreditando ¡°na missão que temos de construir juntos um país com uma autêntica paz e democracia¡±.
A importância do perdão
Para tal, a Conferência episcopal nicaraguense convida a construir a paz começando pelo perdão, em relação ao qual todos são chamados em causa, a partir das escolhas e das relações pessoais: ¡°Se quisermos a paz social, procuremos primeiro a paz em nossos corações. É preciso romper a espiral da violência. Muitos povos triunfaram com a revolução pacífica¡±.
A mensagem exorta a ter como base de partida o trecho evangélico das Bem-aventuranças e a ¡°sonhar¡± um país no qual se redescubra ¡°a gratuidade das relações pessoas e institucionais¡±, na qual reconhecer-se ¡°como irmãos, como irmãs, mais fraternos com os fracos, os vulneráveis¡±.
O sonho de um país reconciliado
Por fim, o apelo conclusivo dos prelados: ¡°Sonhamos um país reconciliado! Sonhamos um país que espera!¡±, com o convite a rezar em família a oração pela paz e pelo país, através da recitação do Terço.
(Sir)
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