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?ndios do povo Mura no Amazonas, em foto de 20 de agosto, em ¨¢rea de desmatamento da Amaz?nia ?ndios do povo Mura no Amazonas, em foto de 20 de agosto, em ¨¢rea de desmatamento da Amaz?nia 

Card. Hummes: modelo atual de desenvolvimento da Amaz?nia ¨¦ reedi??o do colonialismo

Em edi??o deste s¨¢bado (24), o jornal vaticano L¡¯Osservatore Romano reprop?s um extrato do livro do cardeal brasileiro, Dom Cl¨¢udio Hummes, sobre a Amaz?nia e os novos modelos de desenvolvimento para deter os predadores da floresta. "Um dos problemas cruciais para proteger a Amaz?nia e os povos que habitam a floresta surge, precisamente, do modelo de desenvolvimento adotado atualmente, imposto pelas autoridades p¨²blicas e pelos interesses das empresas privadas. Trata-se, basicamente, de um modelo que se expressa como uma reedi??o do colonialismo."

Manoel Tavares - Cidade do Vaticano

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O jornal do Vaticano L¡¯Osservatore Romano publicou, na sua edição deste sábado (24/8), um capítulo do livro "O Sínodo para a Amazônia", de autoria do Cardeal Cláudio Hummes, Presidente da Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam), dedicado aos "Novos modelos de desenvolvimento¡± para deter os predadores da floresta.

Um dos problemas cruciais para proteger a Amazônia e os povos que habitam a floresta ¨C afirma o jornal vaticano ¨C surge, precisamente, do modelo de desenvolvimento adotado atualmente, imposto pelas autoridades públicas e pelos interesses das empresas privadas. Trata-se, basicamente, de um modelo que se expressa como uma reedição do colonialismo.

Reedição do Colonialismo

A floresta amazônica é concebida em termos de uma imensa reserva, explorada por indústrias de todos os tipos: utilização da madeira, pesca, minas, busca de agricultura preciosa e intensiva, monoculturas para exportação como soja, milho, algodão. E, por parte do governo, grandes projetos para a produção de eletricidade (hidrelétrica) e muitas outros.

Quando essas atividades predatórias começam a se expandir é inevitável a derrubada das florestas e os processos de poluição da água. Com o desmatamento, a poluição, a imensa rica e complexa biodiversidade do ambiente se dissipam.

Emigração dos índios

Como consequência direta e simultânea dessas ações, milhares de índios são forçados a migrar para outros lugares por não terem mais a chance de viver nas áreas devastadas da floresta. Quando chegam às cidades, a grande maioria acaba nos subúrbios e se defronta com a pobreza e alcoolismo, permanecendo em estado de abandono total. Assim, são descartados e excluídos da sociedade, em nome do progresso.

Novos modelos de desenvolvimento

O Sínodo para a Amazônia ¨C recorda l¡¯Osservatore Romano -enfrentará o desafio de formular e promover novos modelos de desenvolvimento. Claro, a Igreja como tal não tem competência para formular modelos deste tipo, mas é capaz de denunciar os males, que o modelo atual provoca; pode indicar princípios, que iluminam a formulação de novos modelos e estimular o desenvolvimento de modelos, sua implementação e funcionamento.

Em nossos dias, deve ser proposto um modelo socioambiental de desenvolvimento, que se contrapõe ao atual modelo vigente, de puro saque, que poderia ser definido como ¡°neocolonialista¡±.

Modelo alternativo

A Conferência de Aparecida, em 2007, - recorda ainda o jornal vaticano - havia proposto "buscar um modelo de desenvolvimento alternativo, integral e solidário, baseado em uma ética da busca responsável de uma autêntica ecologia natural e humana, cujas raízes se afundam no evangelho da justiça, solidariedade e destino universal dos bens"(DA, 474).

Por fim, l¡¯Osservatore Romano ressalta o atual modelo de predação, bem descrito pelo Papa Francisco, quando denuncia "aqueles que, depois de terem explorado tudo o que podiam explorar, dão no pé" (RJ, 2013). Neste sentido, disse o Papa, ¡°a Igreja não faz a mesma coisa¡±.

Consequências desastrosas

O modelo socioambiental deve ser "um modelo de redistribuição de renda, do uso coletivo da terra, como reservas minerais, terras indígenas, territórios administrados em quilombos e projetos de desenvolvimento sustentável. E o Jornal do Vaticano conclui dizendo: se o atual modelo de desenvolvimento da Amazônia persistir, toda a região será destruída, com terríveis e desastrosas consequências para o mundo.

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24 agosto 2019, 13:48