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População síria abandona Idlib, sob assédio desde abril passado População síria abandona Idlib, sob assédio desde abril passado 

Cardeal Zenari: “Na í duplicar esforços para acabar com o sofrimento"

O núncio na í, cardeal Mario Zenari, comenta a carta que o Papa Francisco enviou ao presidente sírio Bashar Hafez al-Assad. O cardeal fez parte da comitiva que entregou a carta ao presidente

Cidade do Vaticano

“A carta foi mais uma demonstração do quanto Papa Francisco tenha em seu coração o destino da população síria e o quanto seja sensível aos seus sofrimentos que já duram nove anos”. São palavras do núncio apostólico na Síria, cardeal Mario Zenari, ao comentar a carta que o Papa Francisco enviou ao presidente da Síria Bashar Hafez al-Assad. A carta com a data de 28 de junho passado, foi entregue pelo cardeal Peter Kodwo Appiah Turkson, prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral. Dom Zenari que fazia parte da comitiva, falou ao Pope sobre a carta.

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Eminência, com esta iniciativa o Papa Francisco provavelmente reacendeu os refletores sobre o conflito sírio e recordou a todos que se está combatendo uma Guerra mundial “em partes”…

Dom Zenari: A Síria é uma parte desta Guerra mundial o que é muito, realmente muito preocupante. Pensemos apenas que a Segunda Guerra Mundial durou de 1939 a 1945. Na Síria entramos no nono ano de conflito com sofrimentos inimagináveis para toda a população, de todas as fés, de todas as etnias. Pelas suas grandes proporções de mortos, feridos, de deslocados esta guerra é a maior catástrofe humanitária provocada pelo homem desde a Segunda Guerra Mundial. Os deslocados internos são mais de 6 milhões, e 5 milhões estão nos países vizinhos. Nestes últimos três meses já se contam 300 mil deslocados na província de Idlib.

Na sua opinião esta carta do Papa poderá despertar o processo de negociações?

Dom Zenari: Primeiramente, a carta tem um valor humanitário e de proximidade ao sofrimento da população civil, particularmente o povo da província de Idlib [sob assédio desde abril passado]. Se os combates não cessarem, corre-se o risco de uma catástrofe humanitária de proporções enormes. De fato, na região há cerca de 3 mil civis entre dois fogos. Portanto a primeira coisa a ser feita é a proximidade ao sofrimento e o chamado à observação dos direitos humanos internacionais que tem como prioridade a proteção da população civil e das infraestruturas como escolas, hospitais e mercados.

Qual é o valor diplomático da carta?

Dom ZenariA carta é um convite para duplicar os esforços e principalmente para acabar com o grande sofrimento da população civil e protegê-la e enfim encontrar uma solução política. O povo da Síria, mesmo onde não caem bombas, se declara sob ameaça de uma guerra econômica. As bombas não caem mais em Damasco, Homs e em outras partes, porém existe a bomba da pobreza. Segundo a ONU a pobreza atinge cerca de 80% da população síria, obrigada e viver abaixo da linha da pobreza.

Nesta guerra econômica qual é o peso das sanções internacionais?

Dom Zenari: Certamente algumas destas sanções têm uma influência negativa sobre a população. Por exemplo: neste ano o inverno foi muito rigoroso e longo, durou até a Páscoa e não se encontrava gás e combustível para alimentar as pequenas estufas. O embargo petrolífero e de seus produtos derivados teve um impacto muito negativo para a população.

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24 julho 2019, 12:12