Crise EUA-ã aumenta incerteza em relação ao futuro, diz cardeal sako
Amedeo Lomonaco - Cidade do Vaticano
Cada vez mais inquietantes as sombras que pairam sobre a região do Oriente Médio. Em particular nos países do Golfo, são cada vez mais perturbadoras. Como recordado nesta semana em Nova York pelo Observador Permanente da Santa Sé na ONU, Dom Bernardito Auza, é necessário encontrar soluções pacíficas.
O cenário piorou após a retirada unilateral dos EUA do acordo nuclear com Teerã. Neste dias tem se verificado graves incidentes no Golfo, incluindo o abate de um drone dos EUA e uma série de ataques a petroleiros, atribuídos aos “pasdaran”, membros da Guarda Revolucionária iraniana. O governo dos EUA reagiu, começando a reunir forças militares e incentivando o bloqueio econômico contra Teerã.
Não sabemos o que vai acontecer, diz cardeal Sako
Em entrevista ao Pope, o cardeal Louis Sako ressalta que, se a situação degenerar em um conflito, será um desastre para todo o Oriente Médio:
R. - Estamos muito preocupados, não sabemos o que vai acontecer. As pessoas estão com medo, não há um futuro seguro. Nas guerras sempre há interesses, mas esses países devem resolver os problemas com o diálogo, não com armas. Alguns atos são inaceitáveis, por exemplo, o que aconteceu com o navio britânico e os episódios dos drones abatidos ... Há uma tensão real e para toda a região isso poderá representar um desastre. Quando se começa uma guerra, não se sabe como ela irá terminar.
Qual é o seu apelo às administrações de Washington e Teerã?
R. - Eu lancei um apelo, que deixamos nas duas embaixadas aqui em Bagdá: é preciso promover o diálogo, com a guerra todos perdem. Mas isso não é ouvido, e cada um pensa apenas em si mesma. Sofremos pela destruição do país, pelos tantos mortos! Por que essas guerras absurdas?
No Iraque, neste contexto, há expectativa por um evento excepcional: em junho passado, o Papa Francisco anunciou sua disposição de visitar justamente este país ...
R. - Penso que, nesse contexto, uma visita é incerta, dada a atual situação de tensão na região. Todos os iraquianos esperam por esta visita, quer cristãos como muçulmanos. E temos necessidade desta presença do Santo Padre, do seu encorajamento, mas não vejo como e quando será possível.
O povo iraquiano tem necessidade de encorajamento e a Igreja é próxima ao povo. De 1º a 3 de julho foi realizado no Iraque um encontro dos parceiros da Caritas iraquiana. Que desafios surgiram?
R. - A Igreja está a serviço do povo. Como no tempo de Jesus, ajudamos a todos: muçulmanos, cristãos, sem distinção. E nós também estamos nas cidades sunitas e xiitas. Este é um testemunho de caridade. É preciso mudar a mentalidade, essa cultura sectária e marcada pela violência. Temos de ser realistas, respeitar a vida, o pluralismo e a diversidade das religiões, dos grupos étnicos. Devemos também respeitar a natureza. E em vez disso, não se preocupam com a natureza, as árvores, as florestas, a água. Onde está o dinheiro? As pessoas em Basra precisam de água ...
O Iraque, nos livros de história, é lembrado como o país dos dois rios: o Tigre e o Eufrates. Mas o deserto está avançando e há, como o senhor mencionou, uma grave emergência, ligada à seca, na região sul de Basra ...
R. - Sim, é uma situação de emergência. No passado, todos sonhavam em vir ao Iraque porque havia água, a agricultura funcionava, havia civilização. Hoje, no entanto, o Iraque perdeu quase tudo. Não há indústria, tudo vem de fora e a única fonte de riqueza é o petróleo. Mas isso não pode cobrir todas as necessidades das pessoas. Depois a corrupção está por toda parte.
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