Superior dos Jesuítas: a Venezuela precisa de um governo de unidade nacional
Cidade do Vaticano
“A Venezuela precisa urgentemente de um governo de unidade nacional para sair da crise econômica, política e social que está atravessando”: foi o que afirmou o prepósito geral da Companhia de Jesus, Pe. Arturo Sosa Abascabal, para o qual a deterioração social é tão profunda que “será necessário tempo para reconstruir”, o que certamente “pressupõe uma mudança” da política econômica.
Durante uma coletiva de imprensa realizada dias atrás em Viena, na Áustria – reportada pelo Pope –, Pe. Sosa Abascabal denunciou a tragédia humana existente no país sul-americano, caracterizada pela ausência de condições basilares necessárias para garantir saúde, alimentação, instrução e trabalho.
Restabelecer condições de vida da população
A Companhia de Jesus na Venezuela, junto a toda a comunidade eclesial, “é uma das vozes que durante anos tem insistido sobre a necessidade de um governo de unidade nacional que tenha como objetivo principal” – observou o superior dos jesuítas – “restabelecer as condições de vida da população com políticas econômicas coerentes e inclusivas”.
A Igreja e a Companhia de Jesus insistem sobre o fato de que não haverá nenhuma solução político-econômica “se não se coloca como prioridade a restituição das condições de base da vida humana”, explicou.
Mais de quatro milhões de venezuelanos deixaram o país
A esse propósito, Pe. Sosa Abascabal observou que mais de quatro milhões de venezuelanos deixaram o país nos últimos cinco anos, numa população de trinta milhões. Para melhorar as condições de vida na nação sul-americana, os jesuítas buscam implementar processos de solidariedade humana mediante sua rede de “escolas de fé e alegria”, nos quais as crianças “podem ao menos fazer uma refeição uma vez por dia”, como recordou o próprio prepósito.
Para enfrentar a situação de crise vivida pela população, os bispos venezuelanos encontraram a alta comissária das Nações Unidas para os direitos humanos, Michelle Bachelet, à qual pediram, numa carta, que “nas reuniões com o governo seja possível colocar à mesa temas importantes como o reconhecimento das organizações não-governamentais e autorizações necessárias para formalizar a entrada de ajudas para a assistência humanitária”.
Promover eleições “livres e transparentes”
Além disso, foi pedido a Bachelet que intervenha para restituir “os direitos eleitorais, políticos e econômicos da população, permitindo aos venezuelanos viver na liberdade, dignidade e progresso”, e promover eleições “livres e transparentes”. Mais uma vez – conclui a carta –, a Igreja católica almeja “a reconciliação e uma saída pacífica” diante deste conflito, “desde já atuando nesse sentido”.
Apelo dos bispos peruanos ao governo de Lima
Enquanto isso, os bispos do Peru através de uma carta assinada pelo arcebispo de Trujillo, Dom Héctor Miguel Cabrejos Vidarte, que é também presidente da Conferência episcopal local, bem como do Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam), lançaram um apelo ao governo peruano a fim de que acolha “os venezuelanos que chegam ao nosso país na esperança de encontrar uma terra de paz e de solidariedade, onde possam projetar seus sonhos e reconstruir suas vidas e de suas famílias”.
O prelado recordou que abrir portas diante deste contínuo fluxo de migrantes representa um enriquecimento recíproco entre dois povos irmãos. Diante de tal cenário preocupante, numerosas organizações eclesiais e humanitárias, como o Serviço jesuíta para migrantes e a Fundação Scalabrinianos, permanecem mobilizadas para dar toda a ajuda possível.
(L’Osservatore Romano)
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