Precisamos reabilitar a dignidade da DZíپ, diz jovem político católico
Jackson Erpen – Cidade do Vaticano
Em andamento desde quarta-feira, 10, em Marianela, no Paraguai, o encontro de católicos com responsabilidades políticas a serviço dos povos do Cone Sul. O encontro que se conclui na sexta-feira, 12, reúne cerca de 80 políticos católicos da Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai. A iniciativa é do Celam (Conselho Episcopal Latino-Americano) e da Pontifícia Comissão para a América Latina (CAL), e coloca frente a frente políticos e bispos, em um diálogo aberto e sincero para “conversar sobre a atuação do político”. No início dos trabalhos, foi apresentado um vídeo do Papa Francisco de 2017 onde falava sobre a política, diferenciando-a de “politicagem”, que é quando o exercício da política está a serviço da degradação das pessoas.
Presentes entre outros, o cardeal Rubén Salazar Gómez, arcebispo de Bogotá e presidente do Conselho Episcopal Latino-americano (CELAM), o cardeal Marc Ouellet, presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina (CAL) e o Dr. Guzmán Carriquiry, secretário do mesmo organismo, Dom Oscar Ojea, presidente da Conferência Episcopal Argentina, o professor Rodrigo Guerra, membro do Dicastério da Santa Sé para o Serviço de Desenvolvimento Humano Integral e o Sr. José Antonio Rosas, Diretor do Acadêmico de Formação de Líderes Católicos.
Do Brasil, participa entre outros o jovem vereador de Porto Alegre Matheus Ayres (PP), que traça um panorama do primeiro dia de trabalhos:
“Hoje nós tivemos um momento muito especial, no início desta manhã, com o Núncio Apostólico no Paraguai. Ele, com palavras muito simples, muito singelas, mas ao mesmo tempo muito profundas e que realmente desacomodaram quem aqui estava, e nos disse entre tantas coisas interessantes, que o bom católico deve se envolver na política, não lavar as suas mãos. Esse é o desejo da Igreja e do Papa Francisco, deixando muito claro que esta missão é dos leigos. Relembrou também a importante conferência que o nosso Papa emérito Bento XVI, ainda em 200, deu ao Celam, quando então ele motivou para que o clero, a Igreja, fossem atrás dos leigos, estimulassem os leigos, não por partidos políticos, ou mesmo ideologias, muito menos se fazendo candidatos, mas que fortalecessem aqueles leigos das comunidades que quisessem entrar neste mundo, no mundo de serviço. Os valores que nos alimentam, que nos formam, eles existem para que possamos servir melhor as pessoas. Por isso, a importância de estarmos prontos para servir, para trabalhar, (estar) à disposição, mas também para se formar. Porque nós não podemos ser no mundo medíocres nem médios. O mundo merece o nosso melhor. Por isso a importância do formar-se. Mas também não ficar estagnados na formação, numa cátedra, numa cadeira de universidade para o resto da vida. Mas sim chegar ao equilíbrio. Formação e serviço, serviço e formação. A política também é um sacrifício e é uma entrega. Ela tem um sacrifício que é só dela. O Papa Francisco nos disse: nós precisamos ordenar o serviço, nos ensina o Papa Francisco. Ordenar para servir e não para trabalhar para nós mesmos, algo que faz com que a dignidade da pessoa humana seja degenerada. O Papa Francisco falou em politicagem. Esta é a politicagem, quando o exercício da política está a serviço da degeneração das pessoas. Nós precisamos reabilitar a dignidade da política, dos políticos. E por isso então, nada melhor do que um diálogo aberto e sem demagogia entre os participantes deste encontro.
Então, depois da fala dos nossos pastores, o Papa Francisco, depois o núncio apostólico, e outros cardeais que tomaram a palavra, nós fomos convidados então a uma boa parte da manhã ao diálogo, aonde então os cardeais, os bispos, os leigos, em um momento muito aberto e muito fraterno, nós pudemos aqui conversar sobre a atuação do político, sobre a formação do político e o papel também da Igreja, Mãe, como uma grande maestra deste novo encantamento que nós precisamos ter em relação à política”.
Na infância e juventude, Matheus Ayres estudou nos Colégios Presidente Roosevelt e Nossa Senhora de Lourdes em Porto Alegre. Desde a adolescência despertou para a liderança e para temas relacionados ao bem comum, interesses que se manifestavam no relacionamento aberto com diretores, coordenadores e professores, e na condição de líder de turma e integrante do Grêmio Estudantil. Durante estes anos, sempre ecoava dentro dele uma pergunta: “o que posso fazer para construir um mundo melhor?”. Foi quando participou de grupos de jovens (CLJ e EJC) e de movimentos da Igreja Católica (RCC e Comunidade Paz e Mel), quando esse questionamento se transformou em uma missão, a de amar e servir ao próximo, como escreve no boletim informativo “Diálogo, Esperança, Trabalho”, uma prestação de contas de sua atuação na Câmara de Vereadores de Porto Alegre.
Confira a mensagem em vídeo do Papa Francisco aos participantes do encontro de políticos católicos realizado em 2017 em Bogotá, e reproposto aos participantes do encontro no Paraguai na manhã de quarta-feira:
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