Card. Mindszenty Venerável: o agradecimento do cardeal Peter Erdö ao Papa
Cidade do Vaticano
“Acolhemos com grande alegria a notícia de que o Papa Francisco aprovou o decreto sobre o exercício heroico das virtudes cristãs por parte do Servo de Deus cardeal József Mindszenty, arcebispo de Esztergom e Primaz da Hungria”.
Palavras do cardeal Peter Erdö - arcebispo de Esztergom-Budapeste e Primaz da Hungria - que na tarde de quarta-feira, 13, dia do anúncio recebido com grande alegria pelos fiéis húngaros e não só, conduziu uma breve oração de ação de graças na Basílica de “Santo Stefano Rotondo al Celio”, igreja da qual era titular o cardeal Mindszenty.
“De agora em diante, portanto, podemos chamá-lo de Venerável, disse o purpurado húngaro. Este é um passo importante para a beatificação, e agora poderá ser iniciado o estudo das graças recebidas e dos milagres. O resultado positivo de tal exame, poderá demonstrar que na figura do cardeal Mindszenty, podemos ver não somente um exemplo, mas também alguém que pode nos ajudar com sua eficaz intercessão”.
Depois de décadas de orações e de esforços, disse o cardeal Erdö, “é uma graça especial para nós este reconhecimento por parte da Suprema Autoridade da Igreja. Somos muito agradecidos ao Santo Padre e seguimos em frente na oração, para poder celebrar o mais breve possível o nosso Venerado Predecessor que, aceitando todo o sofrimento, amou a Deus, a Igreja e o nosso povo, com inabalável fidelidade, na multidão de Bem-aventurados”.
Cardeal József Mindszenty
József Mindszenty nasceu com o nome József Pehm. Estudou no seminário de Szombathely, sendo ordenado sacerdote em 12 de junho de 1915, quando passou a exercer seu ministério em Szombathely, Hungria, como vigário auxiliar. Em seu trabalho pastoral, demonstrou uma preferência pelos pobres e pelas almas simples, cuidou pessoalmente da catequese e da assistência religiosa dos ciganos.
Foi preso durante a revolução comunista de Bela Kun em 1919. Foi nomeado bispo de Veszprém em 3 de março, sendo ordenado em 25 de março de 1944. Ficou prisioneiro dos nazistas entre 1944 e 1945, depois de ter ajudado muitos judeus a fugir.
Foi nomeado arcebispo metropolitano de Esztergom em 2 de outubro de 1945, cargo em que permaneceu até 18 de dezembro de 1973. Foi criado cardeal em 18 de fevereiro de 1946 pelo Papa Pio XII, recebendo por título a Basílica "Santo Stefano al Celio".
Preso pelo regime comunista em 1949 e libertado por ocasião da Revolução Húngara de 1956, conseguiu asilo na Embaixada dos Estados Unidos até 1971.
A Carta do Papa Pio XII 2 de janeiro de 1949, dirigida aos bispos da Hungria, era um protesto pela sua prisão. As autoridades húngaras o impediram de participar dos Conclaves de 1958 e 1963 que procederam à eleição dos Papas João XXIII e Paulo VI, respectivamente.
Antes de deixar a Embaixada dos Estados Unidos e o seu país – em 28 de setembro de 1971 – por insitência do Papa Paulo VI, disse aos que foram despedir-se: "Logo virá o dia em que o tempo presente será cancelado, por ter sido arrasado pela sua própria insipiência. A pretensão de construir um mundo sem Deus será sempre ilusória; e isso levará somente ao reforço a união da Igreja com o povo e com todos os que sofrem. Só os que tem medo da verdade temem a Cristo".
Por ocasião de sua saída da Hungria em obediência ao Papa escreveu a Paulo VI: "Após ter examinado em consciência os deveres inerentes à minha dignidade de bispo e de cardeal, decidi, como prova do meu amor ilimitado à Igreja, deixar a sede da Representação diplomática dos Estados Unidos. Desejo terminar a minha vida na Hungria, entre o povo que tanto amo, sem que preocupem-me as circunstâncias externas que esperam-me. Mas se isto se deve revelar impossível devido às paixões que suscitam a minha pessoa ou devido a considerações superiores por parte da Igreja, aceitaria o que constituiria talvez a cruz mais pesada de toda a minha vida. Estou pronto para dizer adeus à minha cara pátria, para prosseguir no exílio uma vida de oração e de penitência. Deposito humildemente o meu sacrifício aos pés de Vossa Santidade, persuadido de que o sacrifício mais grave pedido a uma pessoa torna-se pequeno quando trata-se do serviço de Deus e do bem da Igreja."
O cardeal József Mindszenty faleceu no exílio em Viena, em 6 de maio de 1975.
Na Audiência Geral de 7 de maio de 1975, o Papa Paulo VI assim falou ao referir-se ao cardeal húngaro: "Singular figura de padre e pastor o cardeal Mindszenty! Ardente na fé, confiante nos sentimentos, inquebrantável no que parecia-lhe dever e direito. A Providência colocou-o no número de atores de um dos períodos mais difíceis e mais complexos da existência milenária da Igreja do seu nobre país. Foi e continuará certamente a ser, sinal de contradição, como foi objeto de veneração e de ataques violentos, de um tratamento que mergulhou numa emoção dolorosa a opinião pública e em especial o mundo católico e que não poupou nem a sua santa pessoa, nem a sua liberdade".
João Paulo II quando esteve na Hungria, rezou diante dos seus restos mortais. Por ocasião da apresentação das credenciais do embaixador da Hungria junto à Santa Sé, em 24 de outubro de 2002, o Papa polonês referiu-se ao cardeal de "venerada memória", como modelo a ser seguido pelos católicos húngaros, verdadeira testemunha da fé durante a perseguição do regime comunista.
Em 1991 seu corpo foi exumado e encontrado incorrupto, após 16 anos de sua morte. Em 1996 a documentação para o processo de sua beatificação foi apresentada à Congregação para a Causa dos Santos pelo postulador da causa Fr. Janos Szoke.
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