Diálogo entre Católicos e Judeus: cresce confiança e estima recíproca
Cidade do Vaticano
Em 30 de outubro de 1989, a Comissão para o ecumenismo e o diálogo da Conferência dos Bispos Italianos proclamava o “Dia do diálogo judaico-católico”. Esta jornada foi lançada com o espírito de “aprofundar o diálogo através de um maior conhecimento recíproco, superar os preconceitos, redescobrir os comuns valores bíblicos e criar iniciativas comuns para a justiça, a paz e a salvaguarda da criação e, se possível, trocar visitas”. A data que antecede a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos não é casual, significa “a distinção que o diálogo com os judeus deve ter com relação ao ecumenismo, mas ao mesmo tempo a atenção aos valores comuns, principalmente fundados na Bíblia, que judeus e cristãos compartilham”.
A comemoração desta Jornada é uma extraordinária ocasião de conhecimento recíproco e estima em sintonia com a grande mudança do Concílio Vaticano II e graças à contribuição dada pelo Papa Paulo VI e os Papas que o seguiram. João Paulo II ao entrar na Sinagoga de Roma em 1986 os definiu como “os nossos irmãos prediletos”. Na ocasião disse que “A religião judaica não é extrínseca, de certo modo é intrínseca à nossa religião”, conceito que foi reforçado em 2005 por Bento XVI na Sinagoga de Colônia quando afirmou que “Quem encontra Cristo encontra o Judaísmo”.
Mais confiança e conhecimento recíproco
O presidente da Comissão Episcopal para o ecumenismo e o diálogo da CEI, Ambrogio Spreafico fala ao Pope de “uma colaboração constante com a comunidade judaica”, de um progressivo “aumento de confiança e de conhecimento recíproco” e depois afirma:
“Como já dizia Pio XI, a raiz é que nós somos espiritualmente semitas: Jesus é profundamente judeu, nasceu de uma mãe judia e morreu judeu. Fez-se homem no povo judaico. E para nós é fundamental: os apóstolos eram judeus, Paulo era um grande especialista da Bíblia judaica e portanto nós nascemos ali. Isso é inerente à nossa fé. Mais de três quartos da nossa Bíblia é compartilhada com a Bíblia judaica, portanto temos dentro da nossa fé esta origem que não só não podemos esquecer, mas que faz parte da riqueza daquilo que somos”.
Sobre a escolha do Livro de Ester como texto base para compartilhar este Dia do Diálogo, Dom Spreafico explica o que há neste texto que nos faz compreender melhor as Escrituras e a atualidade:
Ester, Deus e a fé que salva
“Antes de tudo nos faz compreender como a presença de Deus, mesmo de maneira misteriosa e escondida – porque estranhamente no Livro de Ester não é mencionado – suscita correntes espirituais de mudança e até de revolução da história. E isso é uma mudança, porque Ester evita que Mardoqueu e o povo judaico – concebido no Livro como disperso no Império persa – seja exterminado. E também porque Ester é uma figura feminina. É uma mulher que, no final, na fé do seu povo, o salva e nessa salvação envolve também os não judeus. O próprio nome de Ester, que não era bíblico, mas originário do mundo no qual vivia, demonstra o quanto este povo viva nas culturas de outros povos, levando sempre consigo o testemunho do único Deus e a força liberatória deste Deus”.
Um Livro que fala ao mundo de hoje
“Em tempos que parece fácil marginalizar, excluir os outros, ou mesmo eliminar-lhes, “o comportamento que o Livro de Ester sugere – prossegue Dom Spreafico – é, ao contrário, “que na diversidade possamos viver juntos”. Na realidade o “povo judaico no grande império persa numericamente contava muito pouco, mesmo assim a fé em Deus ajudou-o a se salvar e a se tornar eles mesmo agentes da salvação para todos. É uma história fascinante: mesmo na diversidade de religiões e culturas podemos compartilhar a mesma vida porque somos homens e mulheres filhos de Deus”.
Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp