Da dor ¨¤ esperan?a: o Natal da comunidade mon¨¢stica de Deir Mar Musa
Cidade do Vaticano
Dor (alam) e esperança (amal) são duas palavras compostas em árabe "por letras idênticas, mas com um significado completamente diferente: duas palavras no entanto estreitamente unidos por um vínculo que se manifesta de forma clara e tangível na oração e na proximidade de Deus."
Assim começa a "carta de Natal" enviada nestes dias para amigos, benfeitores e amigos dos monges e das monjas de Deir Mar Musa, a comunidade monástica fundada pelo jesuíta romano padre Paolo Dall'Oglio, desaparecido na Síria no final de julho 2013 enquanto se encontrava em Raqqa, naquela época uma fortaleza dos grupos jihadistas em guerra com o exército governamental de Assad.
Imitar Cristo
A carta é aberta pelas reflexões da Irmã Houda Fadoul, atual responsável da comunidade, que recorda que "as verdadeiras consolações espirituais nos vêm de Deus nos momentos de oração", enquanto a possibilidade de dar uma resposta cristã quando somos nós mesmos atingidos pela dor, pode brotar apenas a partir da imitação e da companhia de Cristo, quando "unimos a nossa dor àquela de nosso bem-amado Jesus, oferecendo-o a Deus por um mundo de justiça e paz".
Situação complexa e preocupante
Na sua carta de Natal, os monges e monjas de Mousa traçam um breve relato dos acontecimentos e das obras que marcaram a vida de cada um deles nos últimos tempos, em um contexto eclesial e social "complexo e preocupante".
Na longa epístola comunitária, diz-se entre outras coisas que padre Jacques Murad, o monge sequestrado por alguns meses em 2015 por jihadistas do Estado Islâmico (Daesh) - "celebrou a Semana Santa e a Festa de Páscoa com refugiados iraquianos na Turquia". Enquanto frei Jens, no mosteiro confiado à comunidade em Sulaymaniyah, no Curdistão iraquiano", pode terminar a construção de dois prédios adjacentes à igreja, podendo acolher no primeiro edifício a escola de línguas e formação profissional Mali Dangakan (A Casa das Vozes), que atrai "um número crescente de pessoas, porque o estudo das línguas (árabe, curdo, inglês) ajuda a encontrar um emprego e um futuro na região".
Diálogo inter-religioso
No mosteiro - contam os monges de Deir Mar Musa - "a escola de verão deste ano foi distinguida da anterior por ter atraído um grande número de crianças na região, muçulmanos e cristãos, cidadãos e refugiados locais, curdos, árabes, caldeus e sírios. Durante dois meses, as crianças experimentaram juntas a alegria de aprender, desenvolver seus talentos artísticos, fazer passeios e brincar sob a supervisão de professores qualificados e sob o olhar atento do padre Jens".
Solidariedade
No entanto Irmã Deema "passou a maior parte do ano em Mar Musa para acolher, ouvir e ajudar os hóspedes, em particular os jovens que trazem em seus corações a dor da situação na Síria e a esperança de um futuro melhor".
A carta também atualiza o caminho das escolas de música e aquelas para a infância, animadas pela comunidade, recordando que este ano são 150 crianças "crescem e amadurecem em nosso jardim de infância 'Rawdat al-Qalamoun'.
Ajuda aos deslocados
Também são recordadas as obras realizadas em favor das pessoas deslocadas na cidade síria de Qaryatayn, hospedadas nos povoados de Zaydal e Fayrouzé: "Houve casamentos, nasceram filhos", diz a carta, "e este fato testemunha o desejo destas famílias de permanecerem na Síria: e é precisamente o que esperamos que possa se realizar, proporcionando a eles ajuda nesses anos".
A recordação do padre Dall'Oglio
Os monges e monjas de Deir Mar Musa, na sua carta de Natal, também se referem à história do padre Paolo Dall'Oglio: "A sorte do nosso irmão e pai fundador ainda é desconhecida. Multiplicamos nossas fervorosas orações a Deus por ele e pelos milhares de desaparecidos na guerra na Síria, dos quais as famílias não têm notícias. Tivemos conhecimento dos doutoramentos em curso sobre a teologia do diálogo islâmico-cristão, tão necessários para o nosso mundo de hoje¡±. (Ag. Fides)
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