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S. Estêvão, o Primeiro Mártir: mais de 3 mil ãDz mortos em 2018

Neste ano mais uma vez se repete a tragédia de ãDz mortos por razão da sua fé. Eles são recordados neste dia em que a Igreja comemora São Estêvão, o Primeiro Mártir. Entrevista com Marta Petrosillo, porta voz da Fundação de Direito Pontifício “Ajuda à Igreja que Sofre”-Itália

Cidade do Vaticano

Ao ler nos Atos dos Apóstolos a história do martírio de Santo Estêvão festejado hoje, 26 de dezembro, como o Primeiro Mártir, o que impressiona não é apenas a brutalidade da lapidação, mas o contraste com a sua mansidão. As suas últimas palavras são um pedido de perdão para seus assassinos: “Senhor, não os considere culpados deste pecado”. Palavras que ressoam nos séculos, marcando o coração de muitos cristãos mártires mortos pela fé. Hoje há mais mártires do que nos primeiros séculos, disse Papa Francisco várias vezes ao recordar também recentemente, em uma Missa na Casa Santa Marta, os coptas degolados na praia da Líbia, que morreram dizendo “Jesus, Jesus!”, com o consolo no coração.

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“Ajuda à Igreja que Sofre”: as mulheres são mais perseguidas

Cerca de um mês atrás, a Fundação de Direito Pontifício “Ajuda à Igreja que Sofre” publicou seu Relatório anual. No mundo, há 300 milhões de cristãos perseguidos e 38 países nos quais são discriminados. Muitos destes cristãos perdem a vida por razão da sua fé. A porta-voz da Fundação Marta Petrosillo comenta o relatório ao Pope.

R. – O ano de 2018 confirma esta dramática tendência. É muito difícil fazer estimativas exatas, mas podemos citar muitos episódios e também muitas perdas. Recordo por exemplo dos cinco sacerdotes mortos na República Centro-Africana em quatro ataques diversos, ou nos sete sacerdotes mortos no México. Na Nigéria houve um atentado dentro de uma igreja no mês de abril, na ocasião morreram outros dois sacerdotes. Só na Nigéria, nos primeiros cinco meses de 2018 quase 500 cristãos foram mortos em ataques por parte dos islamitas Fulani. Podemos recordar também o recente atentado no Egito de 2 de novembro no qual morreram 11 cristãos que estavam indo ao santuário próximo de Minya. Portanto, todas estas mortes confirmam que o drama da perseguição contra os cristãos continua.

Geralmente onde são perseguidas as minorias cristãs e não só estas, as mulheres e as meninas são as que mais sofrem. Como foi este ano?

R.- Infelizmente este ano confirma os anteriores. Podemos dizer que a situação é a mesma. As mulheres cristãs em muitos contextos são duplamente agredidas. Temos sequestros, estupros e casamentos forçados em vários países. Um caso emblemático é o do Paquistão, onde todos os anos muitas jovens – são sequestradas, violentadas e obrigadas a se casarem com seus estupradores. Um dos últimos casos ocorreu alguns meses atrás a uma criança de apenas doze anos. Uma situação semelhante foi registrada também no Egito, onde há casos de mulheres sequestradas, convertidas e obrigadas a se casarem com os agressores. Enfim ser mulher e ser cristã em muitos países do mundo significa vulnerabilidade dupla. Isso vale também, obviamente, para as crianças.

Vocês recebem testemunhos de cristãos de todo o mundo. Durante este ano houve situações em que os agressores ficaram impressionados pelo testemunho dos cristãos ou histórias emblemáticas de perdão?

R. Certamente em muitos países, onde há situações dramáticas, a ação da Igreja foi fundamental para promover uma aproximação dos que não confiavam nas comunidades cristãs. Uma irmã que trabalha na Líbia com refugiados cristãos provenientes da Síria nos contou que um senhor muçulmano, que era muito hostil para com as comunidades cristãs, começou até mesmo a ajudá-la. Os que são perseguidos contam muitas histórias de perdão. Em fevereiro deste ano, durante um evento da nossa Fundação no Coliseu recebemos Rebecca Bitrus, que foi sequestrada e violentada por homens do grupo Boko Haram na Nigéria. Ela teve um filho de um dos seus agressores e nos disse várias vezes que no seu coração não há ódio e que perdoou os homens que a tinham agredido.

 

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26 dezembro 2018, 13:33